30 de janeiro de 2011

Direita, volver!

As presidenciais trouxeram uma vez mais para a ribalta das televisões o habitual exército de analistas, comentadores políticos, politólogos e afins. Sempre e sempre, porém, com os mesmos quadros mentais de análise. Era esquerda para ali, direita para acolá. E pior que isso, alternando de quadros, na mesma noite, ao sabor da conjuntura do momento, alinhando partidos à esquerda e à direita, conforme as conveniências da análise.
Era exigível um pouco mais e sobretudo saber-se do que se fala quando se alinham os partidos à esquerda ou à direita! Se bem que o quadro político português tem algumas originalidades e permite, de facto, alguma confusão, chegando-se a geometrias variáveis consoante se analisem os partidos políticos à luz de:
  1. Designação;
  2. Auto-posicionamento ideológico;
  3. Prática política.
Quem os analisar à luz das designações - Partido Socialista (PS), Partido Social-Democrata (PSD), Bloco de Esquerda (BE), Partido Comunista Português (PCP) e Centro Democrático e Social/Partido Popular (CDS-PP) - chega à conclusão de que não existem partidos de direita. Mas apenas, 4 partidos de esquerda e 1 do centro.
Quem, por sua vez, os analisar à luz do auto-posicionamento ideológico, chega à conclusão de que existem 3 partidos de esquerda - PS, BE e PCP - e 2 de direita - PSD e CDS-PP - sendo o centro omisso. É aliás desse modo que se posicionam simbolicamente no hemiciclo português e a nível europeu.
Quem, porém, os analisar à luz da prática desses mesmos partidos, chega à conclusão de que existem 3 partidos de direita - PS, PSD e CDS-PP - e 2 de esquerda - BE e PCP. Como, aliás, facilmente se constata em matéria de alianças em que já todos estiveram coligados entre si.
Ora, do baptismo à realidade vai, como se vê, uma grande distância, no PS, no PSD e no CDS-PP. O caso mais flagrante é, porém, o do PS que tem feito um percurso consistente da esquerda para a direita, atingindo o seu apogeu com os governos de Sócrates. Até António Guterres, as políticas sociais, as posições em relação aos costumes e mesmo a atitude pessoal dos seus membros ainda permitia encontrar diferenças entre PS e PSD, por exemplo. Hoje, porém, nas políticas sociais e na atitude pessoal dos seus membros, o PS até ultrapassou o PSD pela direita, ficando apenas como resquício do que foi outrora um partido de esquerda as posições em matéria de costumes! Desafio alguém a encontrar nestes últimos anos, excluindo o casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma única medida que possa posicionar o PS naquilo a que se convencionou chamar de esquerda...

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15 de janeiro de 2011

Cortes & Equidade: Público vs Privado

A dolorosa chegou-me ontem. Vou ganhar, em termos líquidos, menos €200 por mês. Curiosamente, nesse mesmo dia, preenchi uma declaração autorizando o meu Sindicato, o STE, a tomar, em meu nome, todas as acções e procedimentos judiciais tendentes à constestação/anulação desta medida.
Não acho que isso vá dar em nada. Nem sequer estou, em absoluto, contra os cortes. Até acho natural, no actual cenário, que a maior fatia do orçamento de Estado - os salários - sofra uma contracção.
Mas acho indecente que a segunda, a das reformas do sector privado, não sofra. Que outra importante, a das reformas do sector público, também não sofra. Que os salários do sector privado também não sofram. Que os restantes salários do sector público igualmente não sofram.
Aliás, a falta de equidade deste pseudo-socialismo que nos governa é revoltante. Além de ser ilógica. Senão vejamos, o Estado endividou-se não foi para pagar salários a quem trabalha para ele, foi para prestar mais e melhores serviços ao todo nacional: mais e melhor saúde, mais e melhor educação, mais e melhores vias de comunicação, mais e melhores infraestruturas de toda a ordem, mais e melhores serviços de toda a espécie, onde se incluem também e naturalmente os salários do pessoal que os presta. Fará, pois, algum sentido, no actual cenário, não chamar a dar o seu contributo, em condições de igualdade, os trabalhadores do sector privado e, na devida proporção, os demais trabalhadores do sector público?

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