5 de dezembro de 2010

A Justiça em 1888

Há muito o hábito, ultimamente, de pegar em frases de escritores e políticos de há um século ou mais, a propósito da política, e transcrevê-las, com o propósito de mostrar que pouco mudou. Não me revejo muito nessa prática. Mas deixemos isso! Quem o faz, geralmente deixa de fora outras áreas da esfera pública onde é possível constatar o mesmo.
Ao ler um livrinho do Conde de Ficalho, um dos vultos menos conhecidos da Geração de 70, deparei com esta interessante síntese sobre a justiça que aqui deixo:
«Sentia pesar sobre si uma coisa inexplicável e vaga, como a fatalidade antiga. Julgava-se condenada, perdida - metida em justiça. Esta palavra "justiça", tão desviada do seu sentido primitivo, aterrava-a, tomava para ela a significação de uma grande máquina, impessoal e dura, contra a qual é impossível lutar; de uma engrenagem, que pega nos pobres e nos pequenos, triturando-os, laminando-os, deixando-os sem fato e sem pele.»
Isto foi escrito em 1888...

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