18 de outubro de 2010

Atrevido, capcioso e intelectualmente desonesto

O juiz António Martins afirmou hoje à SIC e escreveu num artigo de opinião no Diário de Notícias que a proposta de orçamento de Estado para 2011 é um roubo. Podia ter dito um esbulho, como disse Relvas. Mas, não, disse roubo e, pior, escreveu-o. Diz também, que isto é a «factura de terem incomodado os “boys” do PS, mais recentemente no caso Face Oculta» e que visa «partir a espinha aos juízes, como nos salões do poder afirmaram há anos». Sem prova e sem citar nomes. Renegando tudo o que devia defender. E vai mais longe, criticando a redução de 20% do subsídio de habitação – no valor de €775 – que os juízes recebem. Comparando-o com o do Ministro das Finanças que será reduzido em apenas 10%. Ora isto é atrevido, capcioso e intelectualmente desonesto. É atrevido porque os juízes não se podem comparar ao Ministro das Finanças, nem aos titulares de cargos políticos, mal ou bem, legitimados pela maioria dos que votam. Porque os juízes são apenas e só servidores públicos de carreira, assegurando uma função do Estado socialmente importante, mas nem de perto, nem de longe, das mais importantes ou sequer especializadas. É capcioso e intelectualmente desonesto porque omite deliberadamente factos e compara o que não é comparável. É que enquanto no caso do Ministro das Finanças aquele subsídio é pago, justamente, a um ministro que vive fora da sua área de residência. Como o é Teixeira dos Santos e o são deputados e directores-gerais, que comprovadamente trabalham fora da sua área de residência. No caso dos juízes, esse subsídio é pago a todos, sem excepção, vivam ou não na área da respectiva comarca, estejam no activo ou reformados, e ainda por cima isento de IRS. Além de ser um indivíduo arrogante na atitude e grosseiro na forma, António Martins é capcioso e intelectualmente desonesto nos argumentos que utiliza, desprestigiando a classe que diz defender.

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2 Comments:

Anonymous IC said...

O politikos diz que os juízes não se podem comparar ao ministro das finanças, nem aos titulares de cargos políticos, mal ou bem, legitimados pela maioria dos que votam?Porque os juízes são apenas e só servidores públicos de carreira, assegurando uma função do Estado socialmente importante, mas nem de perto, nem de longe, das mais importantes ou sequer especializadas?Porque quem os representa omite deliberadamente factos e compara o que não é comparável? Ó meu amigo, atrevido, capcioso e intelectualmente desonesto é dizer, quando se olha para o próprio umbigo, que a parte mais gravosa das medidas não vai chegar à maioria, que o governo deixa assim de fora da parte de leão o grosso da coluna, reduzindo a margem de contestação e que o que devia ser uma tarefa nacional, resultado do esforço de todos, o governo transformou no esforço de alguns e depois criticar quem leva com fatia maior de corte.
Não atirar pedras ao telhado do vizinho quando as nossas telhas...

domingo, outubro 24, 2010 5:07:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Ora bem, IC, que eu saiba nunca fomos apresentados e muito menos somos amigos...
Quanto ao que diz, não lhe vou chamar nem atrevido(a), nem intelectualmente desonesto(a), embora nesta última talvez coubesse. Não o faço porque as palavras têm o seu peso e não devem ser usadas de ânimo leve, ainda que possa ficar bem na argumentação devolvê-las na mesma conta... Mas é pelo menos capcioso(a) o facto de ter sido tão lesto(a) citar-me mas ter omitido as datas em que o fiz. É que o que eu disse foi escrito antes das afirmações de António Martins e antes de se conhecerem as medidas específicas aplicadas aos juízes. Mas meti-os, aliás, naquele mesmo saco, enquanto servidores públicos, como fazendo parte dos que mais vão ser afectados. Agora, e depois disso, se quiser, é óbvio e incontestável que de entre os servidores públicos os juízes levam com um corte ainda maior do que os outros. Isso é um facto! E como tal podia e pode merecer o questionamento de António Martins, enquanto sindicalista, mas nunca por nunca nos termos em que o fez, nem levantando labéus sem prova com afirmações sobre incertos. Aliás, teria sido – a meu ver – inteligente que ele tivesse perguntado porque é que os juízes, nos suplementos remuneratórios, levam mais 10% do que outros suplementos remuneratórios de outros servidores públicos? E até podia deixar no ar o “innuendo” se isso não se poderia ficar a dever a processos que envolveram políticos! E teria dito substantivamente o mesmo! Obrigando o Governo a responder. Assim, o Governo desprezou-o e ainda obrigou outros juízes a demarcarem-se!
Aliás, o que o Governo devia ter feito não era ter reduzido 20% àquele subsídio dito de compensação, era, no mínimo, taxá-lo com IRS e reduzi-lo em 10%, como todos os outros, e limitá-lo àqueles que efectivamente estão deslocados da residência, ou, se tivesse coragem, a pura e simplesmente eliminá-lo, por ser injustificável por comparação com qualquer outro servidor público.
E, já agora, a bem do rigor, a comparação com o Ministro das Finanças, que ainda por cima é “ad hominem”, e v. também a faz, é incorrecta, porque quem leva a maior fatia dos cortes são os políticos e o pessoal dos gabinetes e não os juízes. Os políticos e o pessoal dos gabinetes já levaram 5% e agora levam mais 10% (15%). Os juízes levam agora 10% e 20% sobre aquele suplemento específico. Ora correspondendo aquele suplemento a 15% do total do rendimento global de um juiz, aquele corte a mais representa apenas 3% do rendimento global, o que significa que os juízes levam globalmente um corte de 13% (10%+3%) e não os 18% que António Martins referiu...

segunda-feira, outubro 25, 2010 7:27:00 da tarde  

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