Leituras da Pólis II – «Amor» de Mega Ferreira
Após se ter falado aqui de António Mega Ferreira. E porque, para além das crónicas na imprensa, apenas havíamos lido – e em tempos idos – um livro, também de crónicas, fomos à procura da sua obra de ficção. Escolhemos para começar uma novela de nome Amor. Novela que relata – o que havia de ser – uma história de amor, entre um jovem adulto e uma mulher mais velha. E o que isso representa para um e para o outro. Surpreendeu-nos a simplicidade e a qualidade da escrita e a densidade da personagem principal, Winnie. Um pouco enigmática, sem ser hermética, mas sem dúvida uma personalidade ambivalente e complexa. No reverso, o seu jovem amante, que serve sobretudo para nos dar a conhecer e desvendar Winnie mas que, também ele, vai crescendo como personagem ao longo do livro. O final é inesperado mas bem conseguido e nele se esclarece muito sobre ambas as personagens. Nele se percebe o percurso interior que condicionou as opções de vida de um e de outro. Para além de uma história de amor e sobre o amor, este é também um livro sobre a velhice e a juventude, sobre o amadurecimento emocional e sobre a escrita: porque se escreve, como se escreve, para que se escreve? A não perder – mesmo – é a carta póstuma de Winnie. Interessante o modo como Winnie (e afinal o autor) resolveu a frustração de não conseguir escrever um romance. Vamos sem dúvida repetir o autor… Eis, pois, como um blogue pode – para além de nos «roubar» tempo a outros prazeres e afazeres – ser também despoletador de novas leituras e de novas descobertas. Esta é claramente uma estrada com dois sentidos. Boas leituras, por aqui na Pólis…
P.S. – Como factor negativo, o papel do «livrinho», a edição é a de 2004, do Círculo de Leitores. Pensávamos que no séc. XXI já não se faziam livros com aquela qualidade de papel, ainda para mais no Círculo de Leitores… Onde até já esteve o autor... Cheio de acidez… Pouco melhor que o papel de jornal… Vai envelhecer mal e durar menos de 100 anos, e com muito boa vontade, dizemos nós… Porém, o suficiente para muitos desfrutarem dele. Não gostámos da tentativa, muitas vezes forçada, por parte do autor, de mostrar «erudição», leituras, mundo... Não havia necessidade, eles naturalmente já lá estão…
Foto – Edição de «Amor», da Assírio & Alvim
P.S. – Como factor negativo, o papel do «livrinho», a edição é a de 2004, do Círculo de Leitores. Pensávamos que no séc. XXI já não se faziam livros com aquela qualidade de papel, ainda para mais no Círculo de Leitores… Onde até já esteve o autor... Cheio de acidez… Pouco melhor que o papel de jornal… Vai envelhecer mal e durar menos de 100 anos, e com muito boa vontade, dizemos nós… Porém, o suficiente para muitos desfrutarem dele. Não gostámos da tentativa, muitas vezes forçada, por parte do autor, de mostrar «erudição», leituras, mundo... Não havia necessidade, eles naturalmente já lá estão…
Foto – Edição de «Amor», da Assírio & Alvim
3 Comments:
Parece-me uma boa sugestão de leitura, o ultimo livro de amor que li deixou-me um gosto amargo, veremos se este ultrapassa isso...
Repetir o autor? Excelente ideia. Sei lá, porque não começar, por exemplo, por "Benfica - os primeiros 100 anos", editado pela "Visão"? ;-)
Ah, nisso o Pólis não é esquisito e lê um pouco de tudo. Porque não ler isso tb? Comprar é que já não. Mas se houver uma «generosa» oferta de alguém, não se diz que não. E lê-se?! ;-)
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