3 de outubro de 2005

Música em Mafra: 1 espectáculo, 2 plateias

No passado sábado, o Pólis&etc. assistiu ao concerto inaugural do IX Festival Internacional de Música de Mafra. Excelente ambiente. Concerto no magnífico cenário da Biblioteca do Palácio/Convento, à noite. Ouviu-se música do século XVII, de mulheres compositoras, daí que o concerto se chamasse: Il Concerto delle Dame. O Pólis&etc., pouco ou nada conhecedor de música e até mesmo algo «duro de ouvido», desconhecia em absoluto a existência, na época barroca, de música composta no feminino. Eram quase todas filhas de cantores, de compositores ou de libretistas do tempo. Uma delas freira. O concerto teve duas partes: na primeira, ouviu-se música sacra, na metade sacra da biblioteca, portanto ladeados de livros de temática religiosa; na segunda, ouviu-se música mundana, rodeados de livros de temática laica. Um concerto com duas plateias. Os ouvintes, embora numerosos, respeitaram, da primeira para a segunda parte, rigorosamente a ordem por que estiveram sentados. Excelente exercício de disciplina e notável capacidade de organização espontânea do público presente... Se fosse ensaiado não sairia melhor... A soprano, Maria Cristina Kieher – não exuberante, mas segura - esteve muito bem e o organista, cravista e director, Jean-Marc Aymes, atingiu a excelência interpretativa. Um espectáculo a provar que ainda é possível ousar e recriar neste tipo de eventos… Um gosto para os sentidos, mesmo dos «duros de ouvido» da Pólis...
Imagem - Programa do Festival

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1 Comments:

Blogger Curiosa said...

Pena eventos destes serem pouco publicitados e terem pouca adesão por parte de um público que nunca chegou a ser devidamente educado, mas que facilmente se tornaria convertido aos encantos de uma música bem estruturada e harmoniosa. Não há grande conhecimento de composições no feminino nessa altura, pois era extremamente difícil “competir” com compositores masculinos, visto que no séc. XVII ainda não se tinha dado a emancipação da mulher, quantas não terão feito obras que nunca saíram de papeis guardados em gavetas…folgo em ver que a sociedade da Pólis tenta cativar um público mais extenso e agrada mesmo os que se consideram “duros de ouvido”. Parabéns pelo artigo melodioso :)

terça-feira, outubro 04, 2005 1:11:00 da manhã  

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