E vão mais dois debates…
E vão mais dois debates nas presidenciais da Pólis. Um quente, na quarta-feira, entre Alegre e Soares, outro mais tépido, na sexta, entre Louçã e Soares. Apetece-me fazer alguns comentários impressivos e sem qualquer objectividade. Estou farto dos comentários pseudo-analíticos dos jornais da Pólis, com colunas «deve-haver» dos temas em que os candidatos ganharam ou perderam. No primeiro debate, Alegre – que para mim é a grande surpresa negativa desta campanha – pareceu-me desinspirado, sem chama, pouco «à-vontade», direi mesmo desconfortável naquele papel. Nada disse sobre a tal «traição» ou «pseudo-traição» de Soares. Embora me pareça que, na realidade, nada haja a dizer. Alegre andou-se a «fazer caro» ao PS e quando «acordou» já Soares – convencido da sua indispensabilidade de «pai da Pátria» - «movia os cordelinhos», manobrava nos bastidores, congregava apoios, posicionava-se. O que eu não esperava mesmo era este Alegre sem densidade política, com muitas ideias vagas, meras abstracções, mas sem nunca as conseguir fazer «planar» no terreno da realidade. Não concretizou o que quer que fosse e Soares – que na política «não brinca em serviço» - foi impiedoso e fustigou-o, «encostou-o às cordas». O «velho leão» não vai ganhar porque os portugueses na sua sabedoria – ou talvez não – já decidiram que não querem mais o «velho patriarca» da democracia lusa. Já se viu daquilo, e Soares, desta vez, não conseguiu ultrapassar o efeito do «déjà vu», nem trazer – diga-se de passagem - qualquer novidade a esta campanha. Além disso, Soares não conseguiu ultrapassar uma «má comunicação social» - leia-se «opinion makers». Veja-se, por exemplo, o que diz o nosso velho conhecido GEPP – Grande Educador do Povo da Pólis, fora da Pólis também conhecido por Expresso, esta semana, pela boca do seu director, José António Saraiva, a propósito de Soares, no confronto com Alegre: Positivo: «É difícil encontrar um ponto positivo num debate onde Soares esteve sempre muito mal». Negativo - «Tudo. A começar por ter colocado o debate no terreno onde menos lhe convinha, abrindo as hostilidades contra Alegre, numa guerra fratricida. E estar constantemente a falar de Cavaco». E sobre Alegre: «foi o melhor de todos os seus debates, onde esteve mais à vontade […]». O «homem» viu outro debate. Em Janeiro vai sair do GEPP. Deo gratias, mas vai fazer falta... Voltando a Soares, facto é que ele «está ali para as curvas». Nos dois últimos debates, esteve ao seu melhor nível e a fazer recordar os «bons velhos tempos». E anteontem, no debate com Louçã, voltou a brilhar e a ofuscar o seu adversário que, aliás, havia brilhado em todos os debates anteriores e particularmente no debate com Cavaco. Aguarda-se agora o debate de terça-feira com Cavaco que anteontem esteve «entre as mulheres» na FIL. Mas apenas por curiosidade mediática. O voto dos cidadãos da Pólis está há muito decidido e o do Pólis&etc. idem. Porque desta vez, contrariamente ao que é habitual – branco ou nulo – por aqui vota-se…
Foto - Jornal Digital
7 Comments:
Bom, entre 10 e 18 não houve 2 debates mas uns quantos mais. Temos andado afastados?
Quanto a Alegre, concordo inteiramente com Politikos. Já no que respeita a Soares, tem sido para mim uma desilusão. Exigia mais e melhor. Ataques constantes ao principal adversário já cansam. Sobre os debates, todos mornos,para não dizer pior. A um nível baixo, o melhor terá sido Soares - Cavaco. E aqui não concordo com Politikos (para quem Soares parece ser uma referência da nossa Democracia. Considerei um debate 50/50. Isto porque Louçã não foi para exibições, visto ser o "velho" a única arma da esquerda (pena que a arma só seja uma fisga com o elástico gasto...).
Mas como para mim "para este peditório já dei..", nem branco, nem nulo. Em casa é que se está bem.
Ressalva ao meu comentário. Onde digo "Soares-Cavaco" deveria ser "Soares-Louçã".
Duas verdades num só comentário, meu caro Kroniketas, houve mais debates e eu tenho estado um pouco afastado, sobretudo da blogosfera. Embora tivesse visto alguns dos outros, só achei estes dignos de nota. Sobretudo o primeiro.
Cara Graciete, Soares é de facto uma referência da democracia portuguesa. E a mais importante figura política do pós 25 de Abril. Eleger o Cavaco como o principal adversário é a única estratégia possível: atenção que não faz mais nem menos do que os outros... Eu só lhe exigia mais «novidade» que ele não trouxe. Quanto ao resto, esteve ao seu melhor nível... Mas admitem-se opiniões diferentes na Pólis...
Não há trocas, caro João, a admiração é genuína, pelo que fez e pelo que continua a fazer. Os 81 anos não se notam nada. O homem continua a aprender e a evoluir. Não entrei em detalhes no comentário mas aquele aparte dele, em que afirmou que o Louçã se estava a reintegrar no regime, é simplesmente de mestre. E muito verdadeiro. É o único candidato com uma dimensão superior à do país. Por este andar ainda tenho de escrever um «post» sobre as razões por que voto em Soares... ;-)
Uma nota final: O debate de hoje entre Jerónimo e Alegre foi o pior de todos os debates. Fraquíssimo mesmo. E o Alegre meteu «a pata na poça» em várias ocasiões. Confrangedor mesmo. Ambos ficaram várias vezes «encurralados» com as perguntas do Miguel Sousa Tavares. E o Jerónimo mentiu com quantos dentes tinha na boca sobre os gastos da campanha. Não quis admitir que não sabia e atirou com um número.
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