Os «funcionários públicos da classe média», segundo VPV
Vasco Pulido Valente (VPV) escreveu em O Espectro um poste intitulado Círculo Vicioso, em que aborda os números recentemente divulgados, segundo os quais, entre 2001 a 2005, o Estado admitiu 121.000 funcionários. Segundo VPV, «pouco menos de metade da população activa que chegou ao mercado de trabalho (325.000)». Já sabíamos que Guterres se havia enganado no PIB. Já sabíamos também que, em tempos não muito distantes, um outro político – de que agora não me lembro do nome (parafraseando aqui o Soares) - entrevistado em directo numa estação televisiva, não sabia o preço de um quilo de açúcar ou de arroz (decerto que VPV se lembra de quem foi?!). Agora sabemos que VPV, ou vpv – como ele assina, que em minúsculas é «coisa» chique: assinatura made in Lapa, em formato blogue – pelos vistos também não sabe fazer contas. 121.000 não são pouco menos de metade, VPV. Será que vale a pena explicar a VPV as mais elementares noções de matemática?! Uma regra de três simples – dizia-se, certamente, no tempo dele e ainda no meu – resolvia isso. Claro que os 13% que faltam para a tal metade ficam à conta do «pouco menos de metade». Grosseiro, não?! Se fosse um político a dizer isto, o que diria VPV. Zurzia até mais não poder. Chamar-lhe-ia incompetente e incapaz. No mínimo. Ora o tal Estado – VPV ainda o grafa com maiúsculas, vá lá, vá lá – criou e sustenta os tais 37% - são 37%, VPV, não são «pouco menos do que metade» - da tal «classe média» (outro conceito pouco menos do que arcaico hoje em dia). E os restantes 63%?!, ou um pouco mais de metade, no dizer de VPV. Esses não são classe média?! Serão o quê? E quem compõe afinal a «classe média», são apenas os tais 121.000 funcionários públicos, pelos vistos?! E isto vem do «liberalismo» – o Liberalismo não teve direito a grafia com maiúscula. Ora, VPV, nem nessa altura o que diz fazia sentido?! Quanto mais hoje. Ademais, VPV – porque conhece bem o período – sabe que desde essa época e até ao Estado Novo, os funcionários públicos viram frequentemente os seus salários reduzidos, em nome do défice?! Será preciso apontar períodos e bibliografia?! E o «fracasso do crescimento» – presume-se que económico – deve-se também, segundo VPV, ao elevado número de funcionários públicos. Ora isso é uma falácia. VPV sabe que não são os funcionários públicos que criam a riqueza, embora possam facilitar e sobretudo regular a sua criação. E a «corrupção dos partidos» deve-se também aos funcionários públicos?! Pois! Estou mesmo a ver as «gordas» doações dos «funcionários públicos da classe média» aos partidos. E com isto se completa o seu círculo vicioso, ou virtuoso. É claro que ao mesmo tempo que diz isto, VPV reclama (ou reclamará) quando não existem professores nas escolas, médicos nos hospitais, polícias na rua, uma justiça eficiente, estradas em condições, o seu «problemazinho» da água resolvido a tempo e horas (não é VPV?!) - etc., etc. É claro ainda – e para finalizar – que VPV está fora disto. Não integra nem a «classe média», nem os funcionários públicos. Uma vez que os professores universitários não são funcionários públicos. São, isso sim, uma casta superior, uma espécie de brâmanes da sociedade portuguesa e como se sabe e desde sempre os primeiros paladinos de todas as reformas…
2 Comments:
Foram não só perfeitamente compreendidas como perfeitamente escalpelizadas, cara Impatiens. Não é que discordemos, mas o haver muitos funcionários públicos toma por base que país de referência: a Suécia, a França, a UE?! Ou é apenas algo impressivo, de ouvir dizer?!
Ela está medida? Onde? De que Estado falamos? Há vários Estados? A Loja do Cidadão decerto tem uma excelente produtividade? Porém, não fugindo à questão e apenas de forma impressiva e não rigorosa, concordo consigo, cara Impatiens, mas não se esqueça que as empresas «emagreceram» à custa do Estado - mandando o «pessoal» excedentário ou não, para as reformas, as reformas antecipadas, as pré-reformas, os subsídios de desempregos, seguido de pré-reformas e depois de reformas... Só esquemas e «reengenharias»... E isto tudo à custa de quem? Eu respondo, do Estado e da SS. Não concorda?
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