Língua «a martelo»
Aqui deixamos um poste dedicado ao Professor Malaca Casteleiro. Para, na segunda edição do «seu» Dicionário da Academia, não se esquecer de se abonar na obra Primeiro as senhoras: relato do último bom malandro, de Mário Zambujal.
Um verdadeiro maná dos deuses de novas palavras aportuguesadas do inglês. Ora nós sabemos que os «bons malandros» da «era da globalização» têm necessariamente de dar uns «toques» no inglês. Mas também não era preciso ser tão realista, ó Mário! É que algumas destas palavrinhas são de difícil ou mesmo impossível identificação sem contexto, além de terem problemas estruturais de construção. Alguns exemplos avulsos. É possível que haja mais:Garanto-vos que tive de fazer alguns «flechebeques» para tentar perceber algumas delas...
Um verdadeiro maná dos deuses de novas palavras aportuguesadas do inglês. Ora nós sabemos que os «bons malandros» da «era da globalização» têm necessariamente de dar uns «toques» no inglês. Mas também não era preciso ser tão realista, ó Mário! É que algumas destas palavrinhas são de difícil ou mesmo impossível identificação sem contexto, além de terem problemas estruturais de construção. Alguns exemplos avulsos. É possível que haja mais:
- «epiende», i. é «happy end» (p. 140) - e porque não «épi-ende»;
- «flechebeque», i. é «flashback» (p. 126) - e porque não «fleche-beque»;
- «iesse», i. é «yes» (p. 27) .
Ainda há o «drinque» (p. 111), mas que o Prof. Malaca já contempla, e o «coqueteile» (p. 34), para o qual o Mário dá - e até é mais verosímil - esta grafia alternativa ao Prof. Malaca, que refere «coquetel».
E sendo Mário Zambujal um escritor com inegáveis recursos vocabulares, acabei por não perceber bem se estas palavrinhas, semeadas aqui e ali pelo livro, são afinal um «exercício de estilo», uma «provocação» às novas incorporações do Português e à linha do Prof. Malaca, como parece depreender-se do «iesse», ou outra coisa qualquer...
Peço encarecidamente que os poucos leitores-comentadores deste blogue não me digam que «é a língua a evoluir» ou que «a língua é aquilo que os falantes e os escreventes quiserem que ela seja», como já tenho por aqui defendido... É que a língua tem de evoluir, é certo, mas não «a martelo»...
12 Comments:
Afinal de contas estamos de acordo. Só que o problema é que a linguagem científica e técnica já não está circunscrita aos livros ou aos profissionais respectivos, está na «rua», nos «media», acessível a todos e a todos contaminando...
Ao dizermos envelope estaremos contaminados? E isto não é mero "detalhe". É a evolução natural da língua. Agora as grafias propostas por Malaca Casteleiro, que foi meu professor de linmguística há 35 anos, é que me deixam perplexa. Confesso que vou precisar de ter sempre à mão o Dicionário da Academia, para descodificar. E deixo de poder gozar os franceses, que pronunciam tudo, mas tudo, à francesa. Que pena!
Tem razão, Maloud, o «contaminado» devia estar entre aspas...
Quanto ao aportuguesamento, ele inscreve-se na ordem natural das coisas... Ao princípio estranha-se, mas depois entranha-se... Já quase todos escrevemos lóbi, por exemplo, e antes do Dicionário da Academia quantos o fazíamos?
E apesar de tudo, é claramente - a meu ver - o melhor dicionário que temos... Quanto mais não seja porque abona o que diz, o que mais nenhum faz... Os demais - e não quero ser injusto - pouco mais fazem do que se copiarem uns aos outros...
Aaaaaaaaaaaahhhhh!!!!
Eu prefiro o Houaiss. Só detesto aquela letra minúscula. Na minha idade é um suplício. Só com holofote ou lupa.
Sim, sim, Maloud, tb uso bastante o Houaiss, que é, aliás, o mais completo mas demasiado apegado à matriz brasileira, além de lhe faltarem as abonações...
Ó Kroniketas, isso é uma ah de espanto, um grito na selva ou o quê? :-)
Ó cara Luar, já que estamos numa de dicionários, convém «abonar» o que diz (não o que dizia?!?!)... É que, como sabe, todas as «hipóteses» carecem de demonstração... Ande, que v. é capaz de fazer bem melhor...
Um Ahhhhh de espanto! Afinal sempre há neologismos a martelo. Pronto, já estou mais descansado.
Assim como a hipótese aventada pelo Paulo Bento de que estavam a querer tirar o 2º lugar ao Sporting? Ou não era uma hipótese, e por isso não careceu de demonstração?
Eu nunca lhe chamei hipótese, aliás nem sequer fui eu que chamei esse assunto à liça...
Se quer a minha opinião - muito modesta porque não sou um especialista mas apenas um falante e escrevente interessado - eu acho que a legitimidade é de todos, arbitrada pelos linguistas de bom senso e socrrendo-se de abonações (tal como heroicamente faz o Malaca)... E agora com a internet e as bases de dados on-line, a tarefa está muito, muito mais facilitada...
Enviar um comentário
<< Home