7 de setembro de 2006

Sofrimentos

Já por aqui tenho dito que ligo muito ao detalhe. Espero que com isso não perca the all picture. Na via rápida de acesso à Costa de Caparica, na álea de palmeiras que separa os sentidos da via, uma coroa de flores pendurada numa das árvores convoca-me alguns pensamentos. Nada mais, além das flores que naquela forma ali claramente destoam, nos indica o que se terá passado: um nome, uma data, um significado. Conjecturo um acidente, um morto jovem, uma mãe desesperada. A confirmar-se esta conjectura, aquelas flores estão ali a mais e deveriam estar no cemitério, honrando serenamente uma memória. Estando ali, significam apenas a incompreensão pelo sucedido e um luto que não se fez. E penso quanto sofrimento não existe visível e invisível na Pólis. Tenho por ali passado todos os dias desta semana e em todos não deixo de, por momentos, partilhar um pouco daquele sofrimento invisível...

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3 Comments:

Blogger maloud said...

A propósito do seu post vi há uns anos, numa estrada nacional na Aquitaine, silhuetas recortadas, penso que em madeira escura, ora de adultos, ora de crianças a assinalar o local e a data das mortes. Era impressionante!

quinta-feira, setembro 07, 2006 2:38:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

O que me mais me impressiona neste(s) caso(s) é o facto de a memória não ser venerada no cemitério onde no fundo estão os restos mortais da pessoa mas sim nos locais onde aconteceu(eram) a(s) tragédia(s), o que transporta a morte para uma espécie de dimensão crónica que nem o tempo consegue apagar... Se o corpo tivesse desaparecido, por exemplo, compreendia-se que o «culto» fosse feito no local onde desaparecera, assim, julgo que aquela morte nunca foi bem resolvida, nem o luto devidamente feito, e o sofrimento continua como no próprio dia da morte... São realmente inimagináveis certas «cruzes» que as pessoas carregam...

sexta-feira, setembro 08, 2006 11:09:00 da manhã  
Blogger maloud said...

Aquilo que eu vi era mais uma chamada de atenção sepulcral, para os perigos das nacionais, apesar de junto a algumas silhuetas, assinaladas com datas mais recentes, haver flores. Um cemitério não seria tão triste, como aquela estrada em Dezembro com o céu carregado de nuvens.

sexta-feira, setembro 08, 2006 10:14:00 da tarde  

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