15 de janeiro de 2006

«O estado de graça do poema»

Já aqui tínhamos afirmado que a Alegre faltava «densidade política». Além de densidade política, falta-lhe em absoluto o pragmatismo e o sentido prático que são necessários ao exercício da primeiro cargo da República. Vejamos o que quero dizer como isto. Esta semana, a Visão (n.º 671) fez um inquérito de 30 perguntas, sobre os temas mais diversos (religião, hobbies, gostos, convicções), aos candidatos à presidência da República. Cavaco não se dignou responder. Os restantes responderam. Vamos, então, comparar, apenas as duas primeiras perguntas e as respectivas respostas dos candidatos Alegre e Soares para assim se perceber o que acima se afirma. E já agora as razões por que voto em Soares e nunca votaria em Alegre.
Primeira pergunta da Visão: «Uma ideia de felicidade?» Mário Soares respondeu: «Estar de bem comigo, com a minha consciência, com os amigos e, sobretudo, com a minha mulher, os meus filhos e netos». À mesma questão, Alegre disse: «O estado de graça do poema».
Segunda pergunta da Visão: «E uma [ideia] de miséria?» Mário Soares respondeu: «A extrema pobreza, a fome e o desamparo em que vivem muitos milhões de seres humanos em várias regiões do mundo como na África, por exemplo». À mesma questão, Alegre disse: «Não ter casa, nem pátria, nem pão».

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ora, o homem é poeta, respondeu como poeta, o outro respondeu como político.
Presumo que isto determina um voto presidencial?

terça-feira, janeiro 17, 2006 1:00:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Exactamente. Mas como o que se pretende é eleger um PR, cargo político, e esta eleição não é um concurso literário, conclui-se que a personagem Alegre está desfasada e fora do contexto.

terça-feira, janeiro 17, 2006 2:00:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não é isso que tenho visto na campanha, mas também não é por isso que vou mudar de opção.

terça-feira, janeiro 17, 2006 2:20:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Claro que não é por isso que alguém vai deixar ou não de votar. São apenas exemplos, tanto mais curiosos quanto foram colocados em confronto directo com os de outro candidato. Pessoalmente, na campanha só tenho visto, por parte de Alegre, um desfiar de ideias abstractas. Tb não se pretende que mude de opinião com os postes da Pólis. Nós não somos testemunhas de Jeová, nem fazemos «proselitismo político».

terça-feira, janeiro 17, 2006 6:30:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Mesmo assim prefiro um poeta como presidente do que um fóssil... :-)

quinta-feira, janeiro 19, 2006 12:21:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

O modo como o Soares foi tratado pelos media e pela generalidade das pessoas nesta campanha é ilustrativo da forma como são tratados os «nossos velhos»... Convencionou-se que a partir de determinada idade, tem de se estar em casa de pantufas, como ontem dizia uma criatura na televisão. Independentemente das capacidades permanecerem intactas e do valor das competências que se adquiriu e da experiência de vida. Ou seja, morre-se antes de morrer... Com a idade dele, meteu-se neste combate e deu mais uma vez um exemplo de inconformismo anti-sistema... Soares é Fixe...

sexta-feira, janeiro 20, 2006 6:50:00 da tarde  

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