Não há rapazes maus…
Já por aqui temos saudado a «espontaneidade» por oposição ao «politicamente correcto» que domina as diferentes áreas da vida da Pólis. A espontaneidade, ainda que para justificar um acto negativo, é, para mim, sempre tocante, pela autenticidade e pela honestidade. Ontem, a espontaneidade veio da boca de Cristiano Ronaldo, o mais novo ídolo da nossa selecção. Não vi sequer o jogo, mas parece que terá havido uma entrada mais dura de um jogador luxemburguês, a que o português reagiu mal, com uma agressão ou pelo menos com uma reacção desportivamente condenável. O que interessa aqui salientar, porém, é a reacção de Cristiano Ronaldo. Nas declarações públicas, pediu desculpas por duas vezes, prometeu não voltar a fazer e ainda referiu, a propósito dos jogadores luxemburgueses, «os rapazes entraram duro». Espantoso! Declarações mais espontâneas do que estas não podia haver. Ainda por cima a multiplicar por três: primeiro, Cristiano Ronaldo teve a humildade de reconhecer que errou e de pedir desculpas públicas duas vezes, segundo tirou ilações para o futuro, prometendo «emendar-se» e terceiro ainda apodou de «rapazes» os jogadores luxemburgueses, num paternalismo entre o condescendente e o desrespeitoso para com uma selecção de menor valor. O que isto mostra, a meu ver, é que Cristiano Ronaldo é um «miúdo», recém-chegado ao estrelato, aos milhões de vencimento mensal, à idolatria dos estádios, ao «convívio» com Merche Romero… E, claramente, não está psicológica e socialmente preparado para ele… É completamente diferente ascender ao estrelato mediático e público através de uma carreira de progressão lenta do que através da «hormona de crescimento rápido» que é o futebol…
Mas, apesar de várias atitudes incorrectas que infelizmente vêm sendo protagonizadas pelo nosso mais jovem ídolo, não me parece que o «rapaz» seja de má índole… Ou, como dizia o Padre Américo, «não há rapazes maus»…
Mas, apesar de várias atitudes incorrectas que infelizmente vêm sendo protagonizadas pelo nosso mais jovem ídolo, não me parece que o «rapaz» seja de má índole… Ou, como dizia o Padre Américo, «não há rapazes maus»…
Etiquetas: Futebol, Sociologia
21 Comments:
Pois é caro Politikos, mas olhe que o estrelato com a Merche já era, assim dizem as manchetes das revistas... :P
Mau rapaz não sei, mas que o estrelato lhe subiu à cabeça não há dúvida... Ouviu a parte do comentário em que diz que, como era um jogo de treino não tinha motivos para dar o melhor, não o estimulava...Alguém devia explicar ao rapaz, que não passa mesmo de um gaiato com a mania de vedetismo, que ele recebe dinheiro pelo dois tipos de jogos e que as pessoas que o vão ver pagam, às vezes do pouco que ganham, fortunas para ir verem essa estrela... Que bem lhe faria um comprimido de humildade, que me parece que tem pouca ( para não dizer nenhuma) A única coisa que lhe consigo ver é, arrogância, essa não lhe falta...
Mas isto é só a minha má língua a falar...
:)
Eventualmente, porque às vezes duvido, não há rapazes maus. Agora falta educação, para o que é verdadeiramente importante. E não é só nas classes marginalizadas e com pouca informação. As outras vivem obcecadas com os charros, as notas, o sucesso, e descuram a formação do carácter. E depois ficam espantadas, porque criaram os tais rapazes maus.
Eu não seria tão severo com o Cristiano Ronaldo, cara Curiosa... O rapaz só tem 19 anos... Alguém arrogante não faz aquilo que ele fez que é reconhecer publicamente as faltas... Um arrogante mantém a arrogância, a quente e a frio...
Não estava ao corrente das últimas sobre a Merche... Mas sempre lhe digo que eu conheci a Merche por
via do Ronaldo... E até achava, no início, que, com aquele nome, a «moça» seria uma qualquer estrela espanhola, daquelas que aparecem na Hola, veja lá...
Bom, Maloud, as suas reflexões sobre os valores no mundo de hoje levavam-nos longe, de facto... Embora eu ache - apesar de tudo, numa pequena provocação para a «plateia» - que nunca o mundo foi tão tolerante como hoje...
Já se corrigiu o lapso, cara Luar... E agradece-se... E não fizemos de propósito, foi mesmo lapso ;-)
Percebo ainda nas suas últimas palavras um certo desejo «voyeur», o desejo de ver «sangue na arena»... sobretudo estando no «camarote»... Será assim em tudo na vida?!...
Ainda acha que o mundo nunca foi tão tolerante como hoje? É que eu, caro Politikos, vejo uma sanha persucotória capaz de abalar os fundamentos da democracia. Também aqui, e ambos sabemos do que se trata, nunca se discute o importante, mas o acessório, o folclórico que faz ulular a vasta "plateia".
Creio que sim, Maloud, que historicamente nunca o mundo no seu conjunto foi tão tolerante para com o «outro», para com a «diferença» como hoje...
A sanha que refere conheço-a bem e tenho-me insurgido contra ela e contra a demagogia fácil que é atirar as «culpas» de tudo para cima dos «políticos», do Estado, do Governo... Onde fica aqui a responsabilidade individual? Não fica! E mesmo os nossos intelectuais, as nossas elites tendem a comportar-se, na sua essência, como taxistas, diferindo apenas na forma... E é essa atitude que nos vai minando como povo...
A vida é uma aprendizagem constante, cara Luar... Felizmente é sempre possível fazer mais e melhor...
P.S. - Não percebi foi a das «bolachas»?!?!? Fale-me como se tivesse 6 anos: ensine-me, «abra-me» lá essas suas metáforas, Luar...
Pois tem-se insurgido, Politikos. Valeu a pena? O seu "insurgimento" final diz-me que não.
Agora aquela da sisa foi mortal. Todos sabemos a resposta. Só paga quem pede empréstimos bancários, em que é obrigado a declarar o valor. Agora resta a questão. Será que eu pedi ou não um empréstimo bancário? Como daqui a pouco também os comentários serão escutados e pespegados na primeira página do Correio da Manhã, não me atrevo a responder. Mesmo não sendo política. É que nunca se sabe...
Como devia saber da matéria, embora a tenha posto em sossego há 30 anos, vou adiantando o serviço. "Bolachas" são no argot do sul umas carícias não muito apreciadas, por quem delas usufrui. No Norte não se usa. É como bué, a quem o prof. Malaca Casteleiro deu honras de figurar no Dicionário da Academia. Se não fosse a televisão, os jovens do Norte desconheceriam completamente a existência da exotice.
O tal Dicionário de que falámos há dias, peca por ser rico no calão "capitalista", ignorando todos os outros.
Taxistas? É boa! Então agora os nossos intelectuais e elites viraram motoristas de táxi???
As bolachas têm equivalência no espanhol "galleta", que aliás também entra no léxico português: "levas uma galheta".
Não sei se valeu a pena se não, cara Maloud. Eu apenas mostrei o espelho e houve quem não gostasse do que viu...
P.S. - O empréstimo bancário não é impeditivo para o pagamento de uma sisa de valor inferior ao real... Como diz o anúncio, «Fale com o seu banco» ;-)
Agradece-se a explicação das «bolachas»... Claro que conhecia a expressão mas apeguei-me à literalidade e perdi-lhe o sentido... Tudo esclarecido, portanto.
Eu acho que sim, Kroniketas, e contrariamente aos taxistas, as nossas elites dão «bandeiradas»...
Há quanto tempo não ouvia essa das «galhetas»...
Então e quanto aos taxistas? Vem de táxi ou taxa?
Ainda bem que o carro já está disponível! Não, não é o táxi, caro Kroniketas. Um coupé não dá. Só serve para viagens de prazer, como as que vou fazendo por aqui e por aí, como o sempre saudoso Pedro.
Como já "dei à chave", caro Politikos, quantas vezes já mostrou o espelho? Ao que fui lendo, várias, e a reacção é sempre a mesma. Lá mais acima eu disse porquê. Como hoje sinto que estou esperta {tenho dias assim, mas depois passa-me}, arrisco de novo que poucas pessoas são educadas para o que é verdadeiramente importante. Se fossem, de forma natural, sem nenhum esforço de auto-análise, saberiam que também são capazes da "sacanicezinha", e seriam mais tolerantes com a do outro. Porque a fórmula mágica do bom carácter não é a ausência de "pecados" ou "pecadilhos", mas o seu reconhecimento, sem auto-desculpas. Quantos somos assim? Ao que vou vendo, muito poucos.
PS {Eu não ponho os pontinhos. É uma mensagem subliminar} Desconhecia a história do "Fale com o seu banco". Achava que era só o spread {nem sei o que isto quer dizer} e o juro. Mas eu nunca falo com o banco. Dá-me urticária.
Bom, Maloud. Matéria financeira tb não é comigo e comungo consigo certa urticária aos bancos. Apesar de tudo, sempre lhe digo que o «spread» é - em termos leigos - a margem de lucro dos bancos, ou seja, o diferencial que ganham entre o preço que pagam pelo dinheiro e o preço pelo qual o vendem. O «Fale com o seu banco» vem do anúncio e acredite eles sabem-na toda...
Quanto ao resto, concordância absoluta e já que ambos reconhecemos as «nossas»: deixemos os outros leitores-comentadores reconhecerem as «deles», se conseguirem ;-)...
Estes comentários estão a começar a ficar indecifráveis. Qualquer dia nem de dicionário na mão se vai lá...
O que não perceber, caro Kroniketas, tira pelo contexto... ;-)
Qual contexto? Há tantos contextos que nem se percebe do que se está a falar.
Bem, sendo precisos, o problema não é de dicionário já que não foram utilizadas palavras particularmente complicadas, é mesmo de contexto e de alguma mistura de registos entre diversos postes e respectivos comentários... Nada que uma leitura atenta de todo o conjunto não possa resolver...
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