18 de julho de 2008

Mário, Mário, Mário, Mário Crespo... II

Tenho uma relação que não sei bem como qualificar com a figura de Mário Crespo. Uns dias, o homem parece-me um manteigueiro, tresandando unto, com salamaleques e ademanes do tempo da outra senhora. Noutros, vejo-o a apertar com alguma assertividade, mas sempre com correcção, os entrevistados: um pouco ao estilo americano. Esta faceta, porém, é mais rara. Noutros ainda, vejo-o preparar bem algumas entrevistas, lendo os livros, sublinhando passagens, questionando os autores. Noutros, vejo e leio um jornalista demasiado interventivo, opinativo e mesmo tendencioso. E por vezes mesmo um faccioso e caceteiro articulista, ao estilo dos polemistas do século XIX. Esta faceta é mais nas crónicas escritas. Confesso, porém, que a primeira faceta, a untuosa, acaba por prevalecer.
Acontece, porém, também que tive ocasião de conhecer pessoalmente Mário Crespo há vinte anos num encontro fugaz quando o dito era director de A Capital. E fiquei com uma excelente impresssão do ser humano. Pois tratou de forma muitíssimo amistosa, se lá estivesse alguém importante não seria melhor, e sem ponta de snobismo, um jovem grupo de formandos...
Faço mal, pois, a quadratura deste círculo que é o Mário Crespo... Confesso que se não o conhecesse pessoalmente diria que ele era uma espécie de Manuela Moura Guedes, ao contrário. Mas creio que no fundo o que eu não gosto nele é a afectação, mas o ser humano por detrás daquilo é estimável...
Como chego a casa e janto tarde, vejo sempre o Jornal das Nove da SIC Notícias e invariavelmente lá está o dito.
Hoje foi daqueles dias em que tudo lhe correu mal. Um lapso, uma asneira e um excesso. Pelo menos.
O lapso foi ter confundido o Evangelho segundo Jesus Cristo com o Evangelho segundo S. Mateus. Acontece! Pior, foi, ao reconhecer o lapso, ter dito a Maria José Nogueira Pinto que o podia ter humilhado e não o fez... Haja paciência! Pior a emenda que o soneto...
Depois, foi a asneira, ao atirar, a propósito do calor dos próximos dias, um precavenha-se... Acontece! Creio que ele nem sequer se deu conta da asneira... É lapso comum.
Por último, o excesso, quando ao entrevistar Joe Berardo, referiu, mostrando uma lista dos maiores milionários do mundo, esta estação onde se diz a verdade absoluta, ou coisa parecida... Valha-me Deus!
Pelo meio disto tudo, e isso ainda é o pior, não conseguiu esconder a admiração por Joe Berardo que falou como quis da responsabilidade social dos empresários dando-se a si próprio como exemplo... E essa, Mário Crespo, essa não acontece...

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