10 de junho de 2006

Iberismo em contraciclo...

Numa altura em que o Montenegro consegue a sua independência da Sérvia e quando aqui ao lado a Andaluzia terça armas por mais autonomia, já para não falar das pretensões antigas do País Basco, da Catalunha e mesmo da Galiza, nós por cá falamos em iberismo… É certo que não é um iberismo doutrinário, à maneira de Sérgio, é um iberismo videirinho, qualquer coisa como: «se os nossos vizinhos estão economicamente melhor, ok, juntemo-nos a eles»... Mas mesmo assim, não posso deixar de me interrogar sobre esta nossa capacidade para andar em contraciclo, ainda que em contraciclo negativo… É que já houve períodos da nossa História em que andámos em contraciclo, mas em contraciclo positivo, ou seja, não tanto fazendo ao contrário dos outros mas sobretudo ousando fazer diferente do que os outros fizeram…

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11 Comments:

Blogger maloud said...

Estou como a Luar. Desconheço os contraciclos positivos. Quanto ao resto não me pronuncio, porque fui sempre iberista. Deve ser, porque nasci na fronteira, embora só lá tenha vivido 3 meses. Nunca senti grande amor à pátria. Julgo mesmo que o único sobressalto patriótico que tive foi no 25 de Abril. Temos de convir que em 55 anos é pouco.

sábado, junho 10, 2006 5:39:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Pela parte que me toca não sou iberista - no sentido clássico do termo. Historicamente nunca de Espanha nos veio solução para nada. As soluções, piores ou melhores, foram sempre extrínsecas aos nossos vizinhos. Por isso assisto, com espanto, ao renascer do iberismo, que na sua génese se compreendia como oposição à Inglaterra e há algumas décadas, como estratégia de combate ao Estado Novo do «orgulhosamente sós», mas que hoje só faz sentido na sua vertente videirinha, propagandeada pelos que acham que podiam tirar alguns proventos da união ibérica, no que respeita ao nível de vida, por exemplo. Quanto ao contraciclo positivo, estava a pensar nos Descobrimentos, mas há mais... Ó Maloud, hoje que até teve o nosso PR por essas bandas a celebrar o Dia de Portugal, com desfile militar e tudo, e faz-me essa profissão de fé de que nunca teve amor à pátria... Algum complexo «abrilino» mal resolvido ;-)

sábado, junho 10, 2006 10:52:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Esta "profissão de fé" é muito mais velha que o 25. Como a patriotice salazarenta irritava o meu pai {para isto a minha mãe não contava} nós não fomos educados a achar que o jardim à beira-mar plantado fosse ou pudesse vir a ser o Éden. Digamos que tínhamos tido o azar de ter nascido aqui, e era um alívio sempre que atravessávamos os Pirinéus, porque nessa altura a Espanha também vivia em ditadura. O 25 de Abril foi o tal "dia inicial, inteiro e limpo", em que pela primeira vez não me envergonhei de ser portuguesa. Hoje não sinto a vergonha pré-abrilina, mas não tenho um grande entusiasmo pela bandeira que, diga-se de passagem, é uma piroseira.
Ainda há dois dias falámos nisso ao jantar. Nós falamos, quando jantamos. Não vemos televisão. As minhas filhas e eu descrevemo-nos assim: europeias, portuenses e lá, no fim, portuguesas. O meu filho: portuense, europeu, português. O que me atura tem a mania que é patriota. Não teve o meu pai, como eu, nem uma mãe, como os meus filhos, e é meio mouro. Nasceu no Ribatejo, a família é desses lados e só veio para o Porto com 8 anos.
Quanto ao PR ,o meu cadet já mandou um e-mail para a Presidência a dizer que não votou nele, porque já suspeitava que hoje às 10.30h a Força Aérea o ia acordar espavorido, julgando que viria um avião destruir o prédio. O rapaz ficou traumatizado com o nine eleven {eu escrevo isto em inglês, para mostrar que sei qualquer coisa}. Agora o discurso não me pareceu desadequado. Esquecendo que ele é responsável pelo nosso desastroso modelo de desenvolvimento, o que lá vai, lá vai, veio pedir-nos que fizessemos um esforço pelo país e não atirassemos tudo para cima do Estado e dos políticos. Vou tentar fumar menos, para responder ao apelo explícito. O resto já faço. Não sou alcoólica, sou magra, separo a lixeirada e ligo as máquinas à noite cheias que nem um ovo, não vou à praia, portanto não corro o risco de a sujar, respeito o código da estrada {claro que só guio na cidade, senão não me estava a ver na auto-estrada a 120}, perturbo pouco os médicos e o psi pago do meu bolso, criei o melhor possível a criançada. Percebi que era uma cidadã quase exemplar com o único PR em que não votei. Os outros dois nunca me mimaram assim. Ingratos!
Agora essa do contraciclo dos Descobrimentos, não percebi, caro Politikos. O ciclo não era igual nos dois lados? A gente não dividiu a posse do mundo ao meio, para desespero sarcástico do François I? E não nos afundámos irmãmente com a expulsãodos judeus?

sábado, junho 10, 2006 11:56:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu logo vi: portuense, europeia, lá no fim portuguesa, por muito favor. É típico... Pois, os outros são mouros. Afinal, parece que os mouros é que são portugueses...

domingo, junho 11, 2006 12:49:00 da manhã  
Blogger maloud said...

Isso é o meu filho, Kroniketas. Eu sinto-me europeia, portuense e o meu BI diz-me que sou portuguesa. Se os mouros são portugueses e gostam, não me diz respeito. Só estou casada com um. Não é com todos. O meu tem bastante sentido de humor.

domingo, junho 11, 2006 1:11:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Ora bem, sobre a sua afirmação não patriótica, cara Maloud, eu acho que ela é um fenómeno de uma certa classe social, urbana, esclarecida e mais ou menos «reviralhista», cuja personalidade se formou no Estado Novo e que contaminou as seguintes... Hoje felizmente é diferente e ainda bem, digo eu... Talvez o seu filho patriota - aposto que é o mais novo - seja um exemplo destes novos tempos, mas sobre o patriotismo ainda irei fazer um poste num destes dias... Tb não gosto particularmente das cores da bandeira, um bocado terceiro-mundistas, mas agrada-me a simbologia da esfera armilar... Além disso, os designers fazem milagres. É ver os equipamentos da selecção, p. ex.
Sobre o europeia e portuense, desculpar-me-á minha cara, mas só posso atribuir isso a um certo complexo de inferioridade regionalista que não sei bem porque é que existe, mas existe e é interclassista... Imagine um «alfacinha» como eu - o mais «alfacinha» dos «alfacinhas», aliás, nascido na Maternidade Alfredo da Costa - dizer que era europeu, lisboeta e só depois português... Bizarro, no mínimo, e absolutamente impensável... Porém, no Porto é possível e em gente inteligente, como se vê...
Quanto ao contraciclo dos Descobrimentos, o que queria dizer é que nós demos o pontapé de saída, fizemos diferente, ousámos e os outros apenas nos seguiram...

domingo, junho 11, 2006 7:44:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

E agora vou exercitar o meu patriotismo frente ao televisor ;-)

domingo, junho 11, 2006 7:45:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Eu já fiz o exercício patriótico. Valeu a pena. Estou desvanecida.

Claro que fui formada no Estado Novo e não pelo Estado Novo. Tive sorte.
Eu não nasci no Porto. Nasci em Chaves. Aterrei no Porto com 3 meses, porque, para os negócios do meu pai, o Porto era importante. De resto, se quisesse, não podia pertencer ao Club Portuense, porque os meus pais e os meus avós não são de cá. São de Trás-os-Montes e do Douro. Agora não fale de complexo de inferioridade comigo. É não me conhecer.

segunda-feira, junho 12, 2006 12:13:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

O autor do blog já disse o que eu penso. Quanto ao sentido de humor, quando vejo o discurso regionalista bacoco dos mouros "à la Pinto da Costa" perco todo o sentido de humor. Até porque também não corroboro da sabujice parola que apelida de "fina ironia" todas as tiradas insolentes da personagem. Quanto a isso, confesso, não tenho qualquer sentido de humor, e quando alguém me chama "mouro" já sei que se trata de um "bimbo"...

segunda-feira, junho 12, 2006 1:05:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Bom, cara Maloud, eu desvanecido não fiquei, mas gostei do exercício frente ao televisor...

terça-feira, junho 13, 2006 8:45:00 da manhã  
Blogger maloud said...

Eu gostei, caro Politikos, porque foi um exercício "mastigante". Para o resto haja paciência e aguardemos por sábado.

terça-feira, junho 13, 2006 5:30:00 da tarde  

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