Reescrever a História: a responsabilidade colectiva
A História não se reescreve, herda-se… E ainda que não concordemos, ela é herança indivisa: herdamo-la como um colectivo. E herdamos o bom e o mau, o activo e o passivo. Herdamos as responsabilidades dos que nos antecederam. E Salazar foi um produto de Portugal. Não chegou ao poder sozinho e não permaneceu lá sozinho. Fomos nós, enquanto povo, que permitimos que ele lá se mantivesse durante quase quatro décadas… É essa também a nossa herança…
Lamento mas aqui não há o ele, ou o eles, com que nós gostamos de brindar todos menos nós próprios e assim alijarmos responsabilidades; aqui há só nós e nós somos parte deles… Saibamos, pois, dignamente assumir a nossa responsabilidade colectiva…
Lamento mas aqui não há o ele, ou o eles, com que nós gostamos de brindar todos menos nós próprios e assim alijarmos responsabilidades; aqui há só nós e nós somos parte deles… Saibamos, pois, dignamente assumir a nossa responsabilidade colectiva…
Nota - E a imagem, fomos buscá-la aqui.
Etiquetas: Personagens
18 Comments:
Caro Politikos, não sei se me deva preocupar, mas concordo, de novo, consigo! :-)
Só gostaria de acrescentar o seguinte: a responsabilidade colectiva deve também ser assumida, obviamente, no que diz respeito ao presente. Ou seja, temos o País e os politicos que merecemos...
Cara Atenas
O que me parece é que, tirando as matérias relativas à Justiça da Pólis (ou afins), podemos concordar em muita coisa...
Creio não haver razões para preocupações :-)
Quanto aos políticos, são iguais às restantes classes profissionais: porventura até «melhores», atendendo ao escrutínio público a que são sujeitos...
Parece-me que afinal já temos aqui um pomo de discórdia ;-)
Preocupante é que o Salazar sirva de motivo para se ir buscar uma fotografia dele por causa do nome duma ponte. Fica mal...
Fomos nós, mas não só. Os nossos aliados, todos, ajudaram à eternização desse "fascismo" português. E não foram eles que nos libertaram. Fomos nós, como povo que, se não tivesse havido a fraude de 58, e apesar de todas as manigâncias conhecidas, teríamos corrido com o facínora do poder. A ponte nunca teria tido aquele nome, porque obviamente seria demitido.
Bem se é uma questão estética, passo. As questões estéticas não são discutíveis. Ainda há pouco pôs uma fotografia do Pinochet no seu blogue e não achou mal. Haja coerência, pois.
E não foi por causa de uma ponte, foi por causa de um programa de televisão, «Os Melhores Portuguesess» e também por causa da Ponte.
Ó Maloud, fomos todos nós, em primeira instância. É cá dentro que se resolvem os problemas. Os nossos aliados, como lhes chama, ajudaram quando convinha e não ajudaram quando não convinha, como bem sabe. E antes das eleições de 58, já lá se contavam 25 anos de poder...
Pela minha parte, caro Politikos, assumo, inteiramente, o quinhão de responsabilidade que me cabe pela total passividade que os meus Pais mantiveram perante o anterior regime. Passividade que compreendo, quando sei que, não sendo «situacionistas», viviam melhor antes do que viveram e vivem depois da revolução. Pesa-me mais – na linha, aliás, do que diz, e muito bem, a Atenas - a responsabilidade que tenho na manutenção no poder dos nossos actuais políticos, que, de uma maneira geral, me impressionam pela sua mediocridade, oportunismo e falta de sentido de serviço público.
Como sabe História, até ao fim da II Guerra Mundial era "aceitável" termos aquele tipo de regime. Afinal proliferavam por grande parte da Europa. Depois alguém se esqueceu de nós e dos espanhóis. Fazendo as contas desde essa altura até 58 não passou assim tanto tempo. Por outro lado, o facto de só termos como vizinhos o Atlântico e a Espanha do cabo de guerra, não favorecia propriamente um levantamento popular, mesmo que houvesse vontade. Restavam-nos as eleições e até essas nos foram roubadas.
É a atitude certa, cara Luar. Se já lidamos mal com a responsabilidade individual com a responsabilidade colectiva então nem se fala. Ainda bem que o faz sem traumas. Quanto aos políticos de hoje é «peditório» para o qual já dei, como bem sabe, noutras ocasiões e que não cabe por ora abordar.
Bem, cara Maloud, como sabe, podem encontrar-se milhares de desculpas para aquela situação, mas o facto é que ela existiu e existiu muitas décadas até cair de podre, num caso, pela sua longevidade, sem paralelo em toda a Europa. E deixe-me dizer-lhe que «aceitável» aquilo nunca foi, era «tolerado» porque do ponto de vista geoestratégico convinha e havia perigos maiores a Leste. E tb não é certo, como bem sabe, dizer-se que regimes daqueles proliferavam por grande parte da Europa. Era a maior parte da Europa do Sul e um país da Europa Central...
Pus uma foto de um facínora em tamanho pequeno a desejar a sua rápida morte. Não a de outro em tamanho grande a defender a manutenção do seu nome numa ponte, 32 anos depois dele ter sido mudado.
Descubra as diferenças.
Ah, pronto, assim estou mais descansado! Afinal não é um problema estético, nem sequer tem a ver com o retratado. O problema é mesmo o tamanho da foto. Para representar ditadores, só são admissíveis fotos de «tipo passe», mas nunca «8X10» ou similares… Está certo!
Ah, e já agora, eu não fiz um poste a defender a manutenção do nome de alguém numa ponte. Eu fiz poste sobre a dificuldade em lidarmos com a nossa história recente, em que se dava como exemplo um programa de televisão e o nome de uma ponte. Descubra lá a diferença.
Para representar qualquer facínora, quanto mais pequeno melhor. Não quero dar demasiado realce a quem não o merece. A foto do Salazar fica mal em qualquer blog que não seja de direita.
Quanto à "dificuldade em lidarmos com a nossa história recente, em que se dava como exemplo um programa de televisão e o nome de uma ponte", o corolário e a conclusão (noutro post) é que o nome da ponte devia ter sido mantido. Parece-me que agora a dificuldade é em lidarmos num post com as nossas próprias frases escritas noutro post.
O AspirinaB, blogue claramente de esquerda, tem num dos seus últimos postes a foto de Santana Lopes. Não passa pela cabeça de ninguém dizer que esse blogue é de direita por causa disso ou que isso «fica mal». Não sei mesmo «o que é que o rabo tem a ver com as calças», se me é permitida a expressão. Admito, no entanto, que para os analfabetos, se virem só a foto de Salazar, possam pensar que este blogue é de direita ou defensor de Salazar. Confio, porém, que por razões óbvias, os analfabetos não leiam o Pólis... Aconselha-se, pois, que para além de ver os «bonecos», se leiam tb os «textos»...
A conclusão do poste não é que o nome da Ponte devia ser mantido. A conclusão dos postes, um e outro, é que temos dificuldade em lidar com a nossa história recente, sendo exemplos disso, a supressão do nome da pessoa de um programa de televisão, da Ponte e ainda de uma estátua. Got it?
No. O nome não foi suprimido do programa de televisão.
Também não é bem a mesma coisa pôr o Santana Lopes ou o Salazar.
E vá lá, a explicação evitou-me de invocar a probidade, a decência e a honestidade intelectual para explicar se a referência aos analfabetos se aplicava a algum comentador deste blog...
Yes. O nome da tal pessoa foi primeiro incluído pela produção do programa e depois excluído.
Após a questão se ter tornado pública, foi novamente incluído. A inclusão não motivou quaisquer protestos públicos, designadamente dos chamados partidos de «esquerda». Sinal de que, pelo menos institucionalmente, começamos a conviver melhor com a nossa história recente. Já individualmente, nalguns casos, parece que não…
O nome do Santana Lopes só surgiu para refutar a ideia: fotografia de homem de direita igual a blogue de direita...
Quanto aos analfabetos, além de, como se diz e bem, estar tudo na resposta, e por isso não permitir leituras dúbias, esclarece-se ainda que se utilizou a ironia, pelo que nunca se poderia tomar essa expressão de forma literal…
O problema é quando alguém não percebe a ironia
Para quem não perceber a ironia, está a situação devidamente ressalvada na letra do texto, mas eu confio pia e cegamente que todos os leitores do Pólis percebem, e muito bem, o registo irónico ;-)
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