29 de novembro de 2006

Diga SIM

Sou cliente do Barclays Bank. Há duas semanas recebi uma simpática cartinha que reza assim:
«Estimado cliente
A pensar em si, lançámos o Crédito Pessoal SIM.
Um crédito exclusivo, que valoriza o seu tempo.
Ligue já o 707 50 50 50 e diga Sim!
Até 31 de Janeiro de 2007, colocamos à sua disposição 30.000 Euros por prazos entre os 60 e os 96 meses, com uma prestação mensal de 410,56 euros.
É só dizer Sim e em 48 horas terá disponível na sua conta de Depósitos à Ordem o seu Crédito Pessoal»
[...]
É claro que eu disse Não. Mas certamente, outros vão dizer Sim. A tentação é grande. Um telefonema, uma palavra, 30 000 aérios na conta. Mais fácil, não há. Isto é o que porventura, na gíria do marketing bancário, se chama uma prática comercial agressiva. A expressão não tem até no mercado - parece-me - uma conotação negativa. E qual é a diferença entre isto e aqueles indivíduos que no meio da rua nos tentam vender semanas de férias à força?! Os mal afamados time sharings. Não é muita e é apenas formal. Eu acho que os casos decorrentes de crédito bancário mal parado e que inundam os tribunais cíveis deste país, sempre que resultantes deste tipo de produtos e práticas, deveriam ser suportados pelos próprios bancos de acordo com o custo real da Justiça... Uma espécie de princípio do utilizador-pagador ou melhor do causador-pagador...

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17 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro Politikos, gostaria que clarificasse a solução proposta no final do seu «post». Não sei se percebo o sentido da sua expressão «custo real da Justiça».

quarta-feira, novembro 29, 2006 8:30:00 da tarde  
Blogger q.b. said...

Por um lado, combate-se o elevado, crónico e quase vicioso endividamento das famílias. Por outro, facilitam-se estas práticas bancárias agressivas, que apenas propiciam o agravamento da situação. Algo devia fazer-se, de facto, e, se calhar, não apenas ao nível das custas judiciais.

quarta-feira, novembro 29, 2006 8:32:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Se calhar, mais do que os bancos e as instituições de crédito passarem a suportar "o custo real da Justiça", a solução poderia ser os tribunais deixarem de fazer a figura do "cobrador do fraque"...

quarta-feira, novembro 29, 2006 11:37:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

E concordando com a/o q.b., a alteração da lei sobre o contrato de crédito ao consumo e a alteração das taxas de juro elevadíssimas em caso de incumprimento de tais contratos também ajudava!

quarta-feira, novembro 29, 2006 11:44:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu sou cliente do BCP e já aconteceu por mais de uma vez receber não uma carta com uma proposta, mas o cheque, ele mesmo, já assinado e tudo. Era só depositar. É bem feito que depois não consigam cobrar.

quinta-feira, novembro 30, 2006 1:43:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Caríssima Luar. O custo real da Justiça não é o custo das chamadas «custas judiciais», é o o custo real do sistema. Ou seja, o custo de cada processo-hora, calculados os custos dos recursos humanos e materiais envolvidos. Veria, assim, que os os processos diminuiriam significativamente...
Tal como quando se entra nalgumas auto-estradas se está a pagar o custo real da manutenção e da amortização dos investimentos feitos nas ditas...

quinta-feira, novembro 30, 2006 10:54:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Sem dúvida, cara q.b.. Falta regulação. O Banco de Portugal que, desde a moeda única, até tem menos trabalho, ganha muito mas funciona pouco...

quinta-feira, novembro 30, 2006 10:55:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Está enganada, cara Atenas, é exactamente para não haver «cobrador do fraque» que os tribunais existem. Não me diga qua acha que as dívidas deviam ser cobradas pelo «cobrador do fraque»?!?! A Justiça é que tem de se deixar de «marmeladas» processuais e passar a agir. Ou então temos o faroeste na Pólis. Seja lá de quem for a culpa: dos agentes ou do legislador... Ou porventura, como nos divórcios, de ambos...

quinta-feira, novembro 30, 2006 11:00:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Pois é, cara Atenas, vê tudo pela via da lei, já vi. Há mais vida para além da lei, minha cara. Embora anteveja na segunda parte do seu segundo comentário, algumas medidas administrativas. Acho que é mais por aí, de facto. Regulação impõe-se.

quinta-feira, novembro 30, 2006 11:06:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Pois não sabia disso. É incrível, de facto. Só que a não cobrança, meu caro, quando vai para a litigância judicial, somos todos nós que a pagamos. É que os bancos, nessa altura, atendendo a percas e ganhos, já certamente embolsaram o seu.

quinta-feira, novembro 30, 2006 11:09:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Politikus,
quando os bancos e as instituições bancárias podem, graças ao processo injuntivo, limitar-se a intentar uma acção executiva, que serve, apenas, para penhora de bens, venda eventual dos mesmos (quando não são saldos bancários, p. e.) e subsequente pagamento do exequente, acha mesmo que é assim tão necessário o recurso aos tribunais? O Juiz ordenar: oficie, penhore, notifique, proceda-se à venda, susto a execução, à conta e outras coisas que tais?
Não seria melhor existir um departamento administrativo para proceder às diligências de averiguação e penhora de bens? É que estamos a falar de processos de uma grande simplicidade processual mas que representavam, só em Lisboa, há dois ou três anos, mais de 500 mil processos - não sei o número exacto actualmente mas posso averiguar :-)
Os sujeitos processuais das demais acções (declarativas, p. e.), onde se discutem questões jurídicas e de direito, agradeceriam, certamente...!
P. S. Não desejo nenhum faroeste na Pólis; aliás, e como bem refere, vejo tudo pela via da lei....
:-)

quinta-feira, novembro 30, 2006 11:41:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ups,
erro: Politikos..... (e não politikus!)
:-)

quinta-feira, novembro 30, 2006 11:44:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Ai não sabia?! Vá ver os comentários a um post lá mais para trás. Nem imagina a quantidade de cheques que se vão recebendo. E quanto ao BCP ainda esta semana tentaram que a minha quase octogenária autorizasse o fornecimento dos seus dados pessoais para empresas ligadas ao grupo e ser massacrada entre as 18 e as 22 telefonicamente pelo marketing bancário. Queriam que ela assinasse na hora uma série de folhas, onde estes mimos apareciam em letras pequeninas. Felizmente ainda não está patarouca e recusou-se a fazê-lo de supetão. A gentileza vai ao ponto de já nem precisar de se deslocar ao banco. O banco visita-a.
Um dia passo-me e digo sem eufemismos o que penso da gestora de conta. Os eufemismos já constatei que a idiota ou não percebe ou faz de conta que não percebe.

quinta-feira, novembro 30, 2006 11:53:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Ora, assim, sim. Agora, a Atenas revelou-se. Vê-se que está no sistema. Sabe-se lá em que qualidade ;-) E ainda por cima está no sistema e dá conversa a um pobre cidadão da Pólis, ignoto desconhecedor das «marmeladas» processuais e quejandos. Não faz jus aos seus pares que não descem do Monte Olimpo até à Pólis. Veja lá que ainda se arrisca a ser expulsa da corporação, seja lá ela qual for, por dar conversa aos gentios.
Caríssima, é-me indiferente se há juiz ou tribunais nestes processos. Enquanto cidadão, quero é que as coisas andem. Seja através de julgados de paz, de tribunais de conflitos de consumo ou do que quer que seja, com juízes de paz, com mediadores judiciais ou com o que quiser. E isso não acontece. Afinal, bem espremidas as coisas e expurgando o jargão jurídico, até estaremos de acordo. Eis, pois, como os bons espíritos sempre se encontram...
P.S. - Para a próxima, tem de acrescentar um pequeno glossário explicativo para o «palavreado» jurídico, é que embora eu vá lá, quanto mais não seja pelo sentido das palavras, sempre fico com um melhor conhecimento da «marmelada» :-)
Volte sempre, minha cara.

sexta-feira, dezembro 01, 2006 12:13:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Cara Maloud
Uma parte dessa rapaziada dos bancos é novinha e só sabe a cartilha que lhe ensinaram. Tire-lhe os fatos de yuppies apressados e ficam nus. E alguns (melhor, algumas) eu até nem gostaria de ver nesses preparos :-). Outras talvez, mas não podíamos falar muito :-)
Aliás se lhes falar por eufemismos, dificilmente entendem, e então se lhes falar em «eufemismos»...
Quando comprei esta «casinha», quis fazer uma alteração no Português do contrato e a rapaziada não deixou: «que era uma minuta e coisa e tal». E eu: «mas olhe que não é isso que está aqui escrito», e eles «mas é a minuta, o contrato tipo do banco e nunca ninguém reclamou». E aquilo era uma pepineira mal escrita, mal amanhada, que permitia interpretações dúbias. Acabei por assinar graças ao espírito prático da minha «consorte» que, mesmo à frente da criatura, me disse: «já tivemos problemas com o banco X, se agora levas isto a peito não compramos nada, é melhor assinares e arriscar; são todos iguais». E a moça embatucou e sorriu com o sorriso n.º 1, e único.

sexta-feira, dezembro 01, 2006 12:26:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro Politikos, engana-se: não faço parte de qualquer corporação!
E não vivo no Monte Olimpo: sou Atenas (e não Atena), uma cidadã da pólis e do mundo.
Ah, e todos fazemos parte do sistema...!

sexta-feira, dezembro 01, 2006 12:06:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Não desconverse, cara Atenas. Todos fazemos parte de «corporações», umas mais fechadas e outras mais abertas, e do sistema tb, só que uns têm mais responsabilidades e outros menos...

sexta-feira, dezembro 01, 2006 1:58:00 da tarde  

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