Reescrever a História…
Quando vivemos ou convivemos com quem viveu certos períodos históricos mais traumáticos, acabamos por viver ou herdar uma realidade eivada de percepções, de emoções, de sentimentos. E, como se sabe, os sentimentos toldam-nos o raciocínio e não nos permitem olhar para esses períodos com a frieza e a distância que só o tempo permite. A objectividade histórica não existe. Já o sabemos. E a objectividade do que se chama a história recente – desagrada-me o termo - ainda menos. Digo isto a propósito da polémica inclusão ou não do nome de Salazar na lista do programa sobre os Grandes Portugueses. E ainda a propósito de uma passagem de um dos postes das Krónikas Tugas acerca do nome da actual Ponte 25 de Abril, antes de Salazar. Na verdade, e se me irritam comentários do tipo: «isto precisava era de dois 'Salazares'» ou «no tempo do Salazar é que era» ou ainda «o Salazar andou a encher os cofres para ‘estes’ agora andarem a esbanjar», também me desagrada a obliteração daquela figura da nossa história recente, visível na supressão do seu nome, por exemplo, na Ponte, chamemos-lhe Sobre o Tejo, e mais ainda a sua substituição por 25 de Abril. Ao primeiro não estão também alheias certas vivências e convivências e mesmo um espírito moldado segundo certos valores e posturas e ao segundo não está alheia a minha formação posterior.
Lembro-me, ainda, de uma estátua pífia que existia num jardinzinho contíguo à residência oficial do primeiro-ministro: As mulheres portuguesas gratas a Salazar, aludindo naturalmente à muito celebrada neutralidade do país nesse conflito, que foi vandalizada. Creio que terá sido depois retirada e deve jazer arruinada num qualquer depósito da Câmara Municipal de Lisboa ou similar.
O que diríamos agora se fosse retirada, por exemplo, a estátua de Dom Sebastião, de Cutileiro, que existe no centro de Lagos, ou mesmo todas as estátuas reais e todos os símbolos da monarquia só porque vivemos em república?!?!?
É disso que se fala. A História não se reescreve, herda-se…
Lembro-me, ainda, de uma estátua pífia que existia num jardinzinho contíguo à residência oficial do primeiro-ministro: As mulheres portuguesas gratas a Salazar, aludindo naturalmente à muito celebrada neutralidade do país nesse conflito, que foi vandalizada. Creio que terá sido depois retirada e deve jazer arruinada num qualquer depósito da Câmara Municipal de Lisboa ou similar.
O que diríamos agora se fosse retirada, por exemplo, a estátua de Dom Sebastião, de Cutileiro, que existe no centro de Lagos, ou mesmo todas as estátuas reais e todos os símbolos da monarquia só porque vivemos em república?!?!?
É disso que se fala. A História não se reescreve, herda-se…
Etiquetas: Personagens
23 Comments:
Mas há figuras da história que, pelo papel considerado nocivo que desempenharam, não devem ser perpetuadas em ruas, estátuas, pontes ou mosteiros. Em todo o lado isso acontece. Aconteceu no Iraque, aconteceu na Rússia (até mudaram os nomes a Stalinegrado e Leninegrado). Com isso estão a reescrever a história? Não me parece. Quereriam os italianos perpetuar a figura do Mussolini, ou os romenos a do Ceausescu, que até foi executado em praça pública? São duas coisas completamente diferentes. Não há qualquer razão para que a ponte tivesse o nome desse indivíduo.
Tudo exemplos recentes. A História é a História. Devemos olhar essas figuras de frente e não apagá-las. Só assim faremos o seu luto e seguiremos em frente. A perpetuação dessas figuras já está assegurada pela História e a perpetuação da sua memória deve até servir para dela tirarmos as devidas ilações. Aliás, o nome de Salazar continua em inúmeras lápides comemorativas de inaugurações de edifícios públicos por esse país fora e ninguém o anda a apagar ou a substituir as ditas...
Dom Sebastião levou-nos a um dos maiores suicídios colectivos da nossa História e entretanto continua em estátua... E é apenas um exemplo...
Caro Politikos,
À excepção da parte final do 8º parágrafo do seu "post" (porque entendo que em relação à Ponte, que para mim foi sempre a Ponte sobre o Tejo, há que contextualizar a alteração do seu nome num dado momento histórico - momento esse que também temos que saber herdar...), devo dizer-lhe que subscrevo tudo o que diz neste "post".
Como se vê, e apesar dos "canhenhos" que nos dividem, estamos, neste assunto, quase em sintonia!
Cara Atenas
Vejo que mantém o rigor do Direito na análise destas «pobres» prosas da Pólis, visível na contagem os parágrafos. Equacionarei fazer postes com artigos e alíneas para lhe facilitar a tarefa. Assim poderá mais facilmente localizar aquilo com que concorda e aquilo com que discorda :-) Quero o máximo bem-estar dos leitores do Pólis&etc. que são poucos mas bons e por isso tenho de os acarinhar.
Substantivamente, deixe-me dizer-lhe que a Ponte, até à Revolução, sempre se chamou «de Salazar», já que pontes sobre o Tejo há mais do que uma e assim deveria, a meu ver, ter continuado.
Mas tem razão quando refere a contextualização histórica da alteração da nomenclatura que, com certeza compreendo, mas com que não concordo. Ela é essencialmente simbólica e vale, por exemplo e para utilizar um caso recente, como o derrube da estátua de Saddam Hussein em Bagdad. Todos os novos poderes têm uma certa tendência iconoclasta, nem que seja simbólica, que vale como uma espécie de troféu de caça e, de algum modo, os legitima. Na verdade, o regime cai simbolicamente também por esses pequenos actos. E a ponte foi uma das grandes obras públicas do regime. Era, à data da sua inauguração, a maior ponte suspensa da Europa e uma das maiores do mundo, de onde lhe calhou em sorte servir de símbolo ao novo poder da Pólis.
Para terminar, deixe-me dizer-lhe de que não duvido que é muito mais o que nos une do que aquilo que nos divide: quando muito divide-nos a alameda da universidade (isto presumindo que tirou o seu curso em Lisboa) :-). Volte sempre.
Pois eu continuo a não enxergar uma razão (UMA só que seja!) para que o raio do nome da ponte fosse o do Salazar. Tem tanta razão de ser como o Centro Cultural de Belém chamar-se Cavaco Silva. Aliás, tem ainda menos, porque se trata apenas de fazer o culto da personalidade do sr. Presidente do Conselho. E quanto ao "sempre se chamou", estamos a falar de 8 anos, desde a sua inauguração em 1966 até 1974. Daí para cá passaram 32 anos, portanto estamos a falar apenas de 1/5 da existência da ponte até agora. Continuar a bater na mesma tecla é absurdo e descabido. Aliás, a frase "o regime cai simbolicamente também por esses pequenos actos" refuta toda a argumentação anterior, que assim cai pela base, como caiu a placa com o nome de Salazar. E já agora, deixem-me dizer-lhes que no Baixo Alentejo também caiu o nome de uma barragem, em cuja inauguração estive presente como aluno escolar: a Barragem Marcelo Caetano, que passou a chamar-se Barragem de Santa Clara.
A ÚNICA razão é que a Ponte foi BAPTIZADA com o nome de PONTE DE SALAZAR. O Centro Cultural de Belém não é para aqui chamado, simplesmente porque NUNCA FOI BAPTIZADO como «CENTRO CULTURAL CAVACO SILVA», apenas foi inaugurado por ele. Não há qualquer culto da personalidade, há apenas o respeito pela História. O que não faz sentido e é demagógico são «contabilidades habilidosas» sobre o número de anos em que a Ponte se chamou de uma maneira ou de outra. A frase citada não refuta nenhuma argumentação, apenas faz uma interpretação da situação. Por acaso até não havia nenhuma placa com o nome de Salazar mas sim várias letras soltas aparafusadas numa base de pedra.
O homem existiu e governou o país durante quase 40 anos. Não se pode apagar o que ele fez, de bom e de mau.
Sou tão contrário ao rebaptismo da Ponte como ao deixar-se construir um projecto imobiliário na antiga sede da PIDE. O que ali devia estar era um museu. E tal não serviria, obviamente, para glorificar a PIDE, mas, ao contrário, para não deixar esquecer o que ela fez. E vejo poucos indignarem-se com isso.
Ainda hoje voltarei ao tema em novo poste…
Caro Politikos, também me indigno com o projecto imobiliário para a antiga sede da PIDE e concordo que deveria, antes, criar-se lá um museu.
Alguns anos atrás visitei o campo de extermínio de Dachau (perto de Munique) e acho que é um dos melhores exemplos de como, com dignidade, se procura não esquecer um passado atroz.
Muito atrasada, o Natal "mata-me", mas mesmo assim gostaria de lhe dizer que a referida ponte, antes do 25 de Abril, era chamada por toda a gente de ponte sobre o Tejo. Só a televisão, rádio e jornais é que usavam Salazar. E claro, a UN e apaniguados.
Estou a ver que quando a contabilidade não convém ao Politikos ele apelida-a de habilidosa. Quanto ao ÚNICO argumento invocado, pois ele próprio é irrelevante. Lá porque foi baptizada com um nome, tem que ficar eternamente assim? Quer dizer então que uma construção qualquer não pode mudar de nome só porque quem a inaugurou achou que devia ser assim? Para sua informação, até já vi ruas mudarem de nome. E qual é o problema? Habilidoso e demagógico é desviar a conversa com uma pretensa correcção ao facto de não haver uma placa com o nome do Salazar mais sim várias letras aparafusadas. Eu sei, eu vi isso na televisão da altura. Caiu o regime e cairam as letras. E respeito pela história não implica que todos os nomes tenham que ficar imutáveis. Parece que um pseudo-respeito pela história é mais importante que tudo o resto, nem que isso implique violentar os valores dum país que se libertou de 40 anos de opressão. Não se pode apagar o que o homem fez, mas não temos é que gramar com o nome dele numa das pontes mais emblemáticas do país. Já bastou o que bastou. Aliás, essa argumentação anula-se a si própria: como o homem esteve no poleiro 40 anos, não é por de mudar o nome a uma ponte que alguém se vai esquecer dele, pois não? Tomara eu que isso tivesse acabado com a mentalidade mesquinha dos saudosistas do regime. Mas como se vê, não foi por ter mudado o nome da ponte que deixaram de ter saudades do homem.
E já agora: será que deviam ter mantido a bandeira da cruz suática no alto do Reichstag depois dos aliados tomarem Berlim? Segundo a mirabolante argumentação do Politikos, se calhar deviam, por respeito para com a história. Curioso é que tenha havido réplica ao exemplo do CCB, mas não a todos os exemplos citados dos países onde os antigos símbolos do regime também foram depostos, com um seco "tudo exemplos recentes". E depois?
Tem razão, cara Maloud. Toda a gente a conhecia e tratava assim. Lembro-me bem disso. Essa é, a meu ver, uma boa razão para o rebaptismo. Uma espécie de princípio da notoriedade. No fundo como
os pseudónimos. Nunca, porém, chamar-lhe 25 de Abril!
Bem, meu caro, «habilidosa» é mesmo o único adjectivo de lavra própria utilizado. Mesmo assim entre aspas (ENTRE ASPAS, reparou nisso, ou não?!?!?). Como provavelmente também já reparou – se não o fez, eu alerto-o – normalmente utilizo linguagem substantiva. E quando vejo muitos adjectivos no «palavreado», desconfio sempre. É quase sempre sinal de muita emoção e de pouca razão.
Quando aos argumentos. O ÚNICO argumento é esse mesmo e bastante: o baptismo. Pouco mais há a dizer. Não é pelo facto de a Ponte ter mais anos como «25 de Abril» do que como «Salazar» que isso confere quaisquer direitos de «usucapião onomástico».
O baptismo é o baptismo. Não é irrelevante. A norma é não haver mudanças de nome. Pode haver, claro (convirá decerto que não preciso dessa sua informação). Eu acho mal que haja. Só isso. A ponte foi construída no tempo dele e com o nome dele baptizada. Chamar à colação e adjectivar a questão da placa, não é desviar a conversa, nem é uma «pretensa correcção», é uma correcção, uma precisão. Não havia qualquer placa, como a seguir se reconhece. Aliás isso aparece como um elemento acessório e em fim de raciocínio.
A conversa da opressão é misturar alhos com bugalhos e tem pouco a ver com isto.
Por último, espero que, no mínimo, haja a decência, a probidade e a honestidade intelectual suficiente de se esclarecer aqui se se pretende qualificar-me na categoria dos saudosistas em relação a essa figura. É que esta não é uma «questão caprina» ou de «picardias clubísticas». Os argumentos aqui são o BAPTISMO e o RESPEITO PELA HISTÓRIA e nada mais.
A bandeira é um símbolo de soberania, um símbolo do Estado. Não tem nada a ver com o que se discute. Para que não restem dúvidas, dos restantes exemplos, discordo que se deponham estátuas a menos que os regimes tenham sido muito personalistas e tenham enchido os estados de estátuas dos respectivos líderes. Aí, essa presença pode ser opressiva e justificar a sua deposição, mas nunca a sua destruição. Levem-nas para os museus. A réplica ao CCB deve-se ao facto óbvio de o CCB nunca se ter chamado Centro Cultural Cavaco Silva. Convém utilizar argumentos comparáveis. É o mínimo.
Caríssimo Politikos, também chego atrasada, como a Maloud. O Natal e novos afazeres dão neste desleixo. Dado que todos os argumentos, que agora me ocorrem, estão sobre a mesa, intervenho apenas para lhe dizer que subscrevo inteiramente a sua posição e que, se precisar de uma mãozinha nesta acesa «peleja», é só mandar, que eu também posso lançar uns foguetes contra o campo adversário… :-)
P.S.: Já agora, acrescentaria que a ponte sobre o Tejo era e continua a ser a «ponte sobre o Tejo» para toda a gente.
Caríssima Luar, agradeço-lhe a «mãozinha», mas creio que me aguento bem na peleja. Aliás, saiba tb que estou já muito traquejado em lutas solitárias e em múltiplas «cenários de guerra», por assim dizer :-)
Bom, se a questão é misturar alhos com bugalhos, então estamos conversados porque é isso que se está a passar. Desde desviar o assunto com referências a aspas ou falta delas, a qualificar as palavras usadas como substantivos ou adjectivos (que, aliás, segundo o TLEBS já nem existem...), o que é isso, afinal? O que é que se pretende? Criar uma manobra de diversão?
A questão do baptismo: tudo pode mudar de nome. Até os países mudam de nome. Sabe onde está a Pérsia, o Zaire, o Daomé, o Biafra, a Brimânia, não sabe? Pois é: foram REBAPTIZADOS! Que crime, não foi? É de facto o único aparentemente válido e que cai pela base logo à partida. A sua querida cidade de Lisboa também já foi rebaptizada várias vezes antes de ter o nome actual. Deveria ter continuado a chamar-se Olisipo, como a BAPTIZOU Ulisses? Ou Felicitas-Julia, como os romanos? Ou Al Uxbuna, como os árabes? Por que raio, então, Lisboa, quando antes tinha sido baptizada de outra forma? E a Assembleia Nacional também mudou de nome, não mudou? E a Expo 98, que passou a chamar-se Parque das Nações? Podemos então concluir que todos os "rebaptismos" operados nas nossas cidades foram desrespeitos pela história, o que me parece no mínimo bizarro.
Mas se queremos lançar a confusão também podemos dizer que as pessoas é que são baptizadas, não as pontes. De facto, parce ser essa a única razão invocada: fraca razão, portanto.
Mas para NÃO SER Ponte Salazar as razões são mais que muitas. E sim, a questão da opressão não é seguramente a menor delas e tem TUDO a ver com isto, pois foi por isso mesmo que as letras aparafusadas cairam com o regime. E já agora, também não vejo razão para que não se pudesse chamar 25 de Abril. Também deve haver um argumento rebuscado qualquer que o justifique, mas eu não chego lá. Mas neste caso, eu que estou quase sempre em minoria, neste caso estou satisfeito por estar com a maioria, e ainda bem que a maioria pensa como eu. Quanto a ser "Sobre o Tejo", parece-me uma óptima ideia. Agora que se fala na construção da 3ª travessia, até podiam chamá-las todas assim: "Ponte sobre o Tejo", "Segunda Ponte sobre o Tejo" e a próxima seria a "Terceira Ponte sobre o Tejo". Ao que se poderia acrescentar à de Vila Franca de Xira "Quarta Ponte sobre o Tejo", se entretanto ela não se chamasse já "Segunda ponte sobre o Tejo" ou "Terceira ponte sobre o Tejo", isto caso tivesse sido rebaptizada por causa da segunda a que chamaram Vasco da Gama. Ficava lindo, não ficava? Como é que no Porto não se lembraram disso para as pontes sobre o Douro, em vez de Arrábida, D. Maria, D. Luís ou Freixo?
Por último, parece que o Politikos se picou com uma frase minha, não sei porquê. Normalmente a carapuça só serve a quem a enfia, portanto não pensei que a referência aos "saudosistas" o atingisse. Não é preciso invocar o probidade, a decência ou a honestidade intelectual, porque ao falar em saudosistas, obviamente, estava a lembrar-me daqueles que referi no meu post sobre o Pinochet, que invocaram o nome da ponte, o que deu origem a todo este arrazoado. De facto esta não é uma questão caprina, mas alguns dos argumentos já aduzidos fazem-ma lembrar, pois parece estar a caminhar-se para o mesmo tipo de conversa. Por isso, encerro aqui a peleja.
Correcção: "A" probidade. Sem aspas.
As aspas têm um valor e fazem toda a diferença. É por isso que existem. Com a colocação de um adjectivo entre aspas, como se fez na expressão «contabilidades habilidosas», pretendeu-se apenas chamar a atenção para ele, retirando-lhe parte da sua carga semântica negativa. Não usar adjectivos significa não qualificar expressões, atitudes ou pessoas e ater-nos aos factos. O que nem todos conseguem fazer! A propósito, a designação «substantivo» foi abolida da TLEBS mas «adjectivo» não. Continua lá. É só um pormenor, uma precisão. A menos que se queiram tomar todas as correcções como manobras de diversão?!
Os exemplos aludidos de rebaptismos de países e de cidades têm exactamente a ver com «evolução» histórica e não com «alteração» da História. Descubra a diferença!
Não se falou nunca em baptismo de pessoas, pelos vistos até já se antecipam argumentos da outra parte. Mas a analogia até que nem é má.
Pois para mim Ponte de Sobre Tejo seria aceitável porque não se reescreveria nada. Salazar e o Tejo têm a ver com a Ponte. O 25 de Abril não tem nada a ver com a Ponte. É a isso que se chama reescrever a História. O resto do argumento de segunda, terceira e quarta Ponte pretendendo fazer uma caricatura da situação, afinal não o faz assim tanto. Veja-se, por exemplo, para não ir mais longe, as ruas de Nova Iorque…
Não me serve a carapuça e o Kroniketas sabe-o muito bem, pelo que usando o aforismo ainda continua a deixar o inuendo no ar, o que é, no mínimo, pouco elegante… Naturalmente que eu tb poderia dizer, por exemplo, que Salazar deixou por cá muitos «pequenos Salazares», quando por exemplo alguém tem dificuldade em aceitar opiniões diferentes das suas, mas, é claro, não o vou fazer… Cá por casa, apesar de em tempos idos se ter estudado qualquer coisa de retórica, não se usam truques retóricos…
Ah, e já agora, eu não encerro unilateralmente polémicas. O direito ao contraditório é um princípio essencial nas discussões. Era algo que existia pouco no regime da pessoa de quem se tem falado! Mas por mim, a polémica tb está encerrada, isto, é claro, se a outra parte não quiser ripostar...
Descubra lá a diferença.
A outra parte não quer ripostar porque quando a discussão caminha para o asburdo do tipo "caprino" mais vale encerrá-la.
Só não consigo perceber o que é que o nome duma ponte tem que ver com "evolução" da história ou "alteração" da história (como se a história se fizesse pelo nome duma ponte) e porque é que a dita ponte tem que ter alguma coisa a ver com uma pessoa ou um acontecimento. Tem tanto como a ponte do Guadiana em Vila Real de Santo António ou a nova ponte do Arade em Portimão. Como também continuo a não entender porque é que o Politikos se picou com a referência aos saudosistas. Eu não costumo tomar as dores dos outros como minhas.
Como se vê, há várias coisas que eu não entendo nem vou entender, pelo que não adianta continuar a ripostar. Também é um direito que me assiste neste regime, calar-me quando e porque quero e não porque sou obrigado, coisa que no regime de Salazar não existia. Certamente nem esta discussão existiria. Por isso é que prefiro não ter que ver o nome dele quando atravesso a dita ponte. O nome actual tem invocações bem mais positivas que o anterior.
A outra parte diz que não quer ripostar mas afinal riposta.
Para facilitar o entendimento:
1.º A construção da Ponte foi decidida por essa pessoa;
2.º A Ponte foi inaugurada no tempo em que essa pessoa governava o país;
3.º A Ponte foi inaugurada por essa pessoa;
4.º A Ponte foi mesmo baptizada com o nome dessa pessoa.
5.º Apesar disso, sempre foi mais conhecida por Ponte de Sobre o Tejo;
6.º Posteriormente é rebaptizada com o nome 25 de Abril.
Conclusão:
1.º Salazar tem tudo a ver com a Ponte;
2.º O 25 de Abril não tem nada a ver com a Ponte;
3.º O Tejo tb tem tudo a ver com a Ponte.
Peço desculpa mas, mais explicado do que isto, não consigo ser…
Pois é, há sempre mais uma resposta para dar.
Logo, é obrigatório que a ponte tenha o nome dessa pessoa. Só que... é apenas uma ponte. Logo, pode ter o nome que quem tem autoridade para isso lhe quiser dar, tenha ou não a ver com a construção da ponte (parece que o Vasco da Gama não teve nada a ver com a construção da segunda ponte. Parece...)
A Ponte Vasco da Gama foi logo assim baptizada. É pois, parece, «Vasco da Gama» desde o início.
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