Obsceno
Acontece que há uns dias tive de ir cumprir uma obrigação familiar a um dos mais conhecidos cemitérios da Pólis, o do Alto de São João, em Lisboa. Segundo dizem, um dos mais belos e um dos mais ricos em arquitectura funerária da Europa.
Acontece também que começámos, em matéria de culto dos mortos, a importar, nos últimos anos, algumas modas de outras paragens. Uma delas ditou o fim dos pequenos túmulos geralmente em mármore, construídos sobre a campa, cada um com a sua decoração, ao gosto e de acordo com as posses de cada um. Agora a moda é ou jazigo ou campa rasa com lápide normalizada. Não sei se concorde se discorde, mas é assim. Nas campas rasas, é apenas concedido que os familiares lá ponham uma lápide e o resto é coberto com relva. A importação parece-me talvez americana. A fazer lembrar Arlington. Desconheço o que se passa por essa Europa fora em matéria de urbanismo funerário. Talvez ordene melhor a paisagem dos cemitérios. Digo talvez porque tenho sérias dúvidas, sobretudo atendendo à orografia de alguns dos nossos cemitérios. Se isto já estivesse em vigor, o Cemitério do Alto de São João não seria o que é! Concordando ou discordando, porém, é o que temos.
Infelizmente, importamos as modas mas depois não temos ou os meios ou o brio necessários para as pôr em prática. Penso até que é mais de brio que se trata.
Como vêem pela fotografia, é este o aspecto que apresenta um dos talhões principais (logo à entrada, à direita) do Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.
Além do aspecto que está à vista, ainda ostenta com garbo a tabuleta (bom e adequado termo): «É proibido colocar jarras ou outros objectos em cima da relva.» Como disse?! Da relva?! Mas que relva?! Aquele matagal silvestre com papoilas e ervas daninhas. Só consigo apodar de vergonhoso e abjecto este espectáculo. Garanto que se lá estivesse alguém que me fosse querido, a situação não passava do dia em que a visse. Pelo menos a parte que me dizia respeito. Alguém haveria de limpar aquele espaço. Na ausência de alguém, eu próprio o faria. E acto contínuo, reclamaria junto da direcção do cemitério, da Câmara Municipal de Lisboa, contactaria os meios de comunicação social... Enfim, moveria o céu e a terra. Pelo menos os poderes da terra!
Acontece também que começámos, em matéria de culto dos mortos, a importar, nos últimos anos, algumas modas de outras paragens. Uma delas ditou o fim dos pequenos túmulos geralmente em mármore, construídos sobre a campa, cada um com a sua decoração, ao gosto e de acordo com as posses de cada um. Agora a moda é ou jazigo ou campa rasa com lápide normalizada. Não sei se concorde se discorde, mas é assim. Nas campas rasas, é apenas concedido que os familiares lá ponham uma lápide e o resto é coberto com relva. A importação parece-me talvez americana. A fazer lembrar Arlington. Desconheço o que se passa por essa Europa fora em matéria de urbanismo funerário. Talvez ordene melhor a paisagem dos cemitérios. Digo talvez porque tenho sérias dúvidas, sobretudo atendendo à orografia de alguns dos nossos cemitérios. Se isto já estivesse em vigor, o Cemitério do Alto de São João não seria o que é! Concordando ou discordando, porém, é o que temos.
Infelizmente, importamos as modas mas depois não temos ou os meios ou o brio necessários para as pôr em prática. Penso até que é mais de brio que se trata.
Como vêem pela fotografia, é este o aspecto que apresenta um dos talhões principais (logo à entrada, à direita) do Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.
Além do aspecto que está à vista, ainda ostenta com garbo a tabuleta (bom e adequado termo): «É proibido colocar jarras ou outros objectos em cima da relva.» Como disse?! Da relva?! Mas que relva?! Aquele matagal silvestre com papoilas e ervas daninhas. Só consigo apodar de vergonhoso e abjecto este espectáculo. Garanto que se lá estivesse alguém que me fosse querido, a situação não passava do dia em que a visse. Pelo menos a parte que me dizia respeito. Alguém haveria de limpar aquele espaço. Na ausência de alguém, eu próprio o faria. E acto contínuo, reclamaria junto da direcção do cemitério, da Câmara Municipal de Lisboa, contactaria os meios de comunicação social... Enfim, moveria o céu e a terra. Pelo menos os poderes da terra!
Ora quem não cuida da sua memória e os mortos também são a nossa memória, não se respeita. Para além do anedótico que a situação representa. Em situação pré-eleitoral, os putativos candidatos à maior autarquia da Pólis podiam, quiçá, tomar tomar boa nota disto. Por mim, acho indigno, vergonhoso, obsceno.
Foto - Pólis&etc.
Etiquetas: Autarquias
3 Comments:
Caro Politikos,
tenho alguma dificuldade em lidar com os vários aspectos da morte, designadamente este que aqui aborda.
Por essa razão o meu comentário é curto e singelo: o estado que a fotografia revela é, de facto, vergonhoso.
Faço minhas as palavras da Atenas. O abandono é chocante.
Caras Atenas e Luar
Estamos, então, completamente de acordo, com os mesmos adjectivos e tudo... Não sei se é razão para júbilo, se para preocupação...
:-)
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