1 de junho de 2007

Mais um esbulho legal: onde está o meu dinheiro?

Ontem fiz uma transferência interbancária de uma conta minha numa instituição bancária para outra conta minha numa outra instituição bancária. Calha que ambas distem uma da outra aí uns cinco minutos a pé. Se pegasse no dinheiro e o lá fosse levar, mesmo estando à espera em ambos os balcões, não levaria mais de meia hora a fazê-lo e ficaria logo disponível.
Porém, hoje de manhã, 24 horas depois, ainda não tinha lá o dinheiro. Isto com toda a parafrenália tecnológica de que a banca dispõe… Diz-se até que o chamado homebanking da banca portuguesa é avançadíssimo e ao nível do que de melhor existe na Europa…
Calhou também que um amigo meu, que trabalha no Banco de Portugal, me tenha falado há já algum tempo – vendo literalmente ao preço que comprei, já que sou um leigo nestas matérias - em algo a que chamou aplicações overnight. Segundo ele, são operações por um dia útil. Ou seja, no período de limbo, que medeia entre uma ordem do cliente para um pagamento, transferência ou o que seja, os bancos aproveitam para colocar aquele dinheiro em aplicações financeiras de curto prazo. Mesmo que isso se passe no período em que a instituições bancárias estão encerradas. Nesse caso, fazem-no em mercados de capitais distantes, aproveitando as diferenças de fusos horários. E só disponibilizam o dinheiro no destino no limite do prazo legal ou administrativo ou até depois dele… Ninguém reclama por umas horas a mais…
Este prazo, que era em tempos não muitos distantes de três dias, é agora – parece-me - de um dia… isto porque o Banco Central descobriu o que todos já sabíamos, ou seja, que havia gente seriíssima a ganhar dinheiro com o nosso dinheiro… Apropriavam-se dele, sem autorização, e aplicavam-no, sem nos darem quaisquer dividendos, por uns dias ou por umas horas...
Calhou agora lembrar-me destas situações!
Sobre a presente, e mesmo com a mudança recente no prazo, gostava imenso de saber por onde andou o meu dinheiro. Facto é que entre ontem e hoje ele mudou de posse, embora nunca tenha mudado?!?!?! E isto – claro está - é tudo legalíssimo…

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4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pois é meu caro Politikos, contabilísticamente, a área geográfica não conta. Limita-se a duas colunas que têm de ser bem geridas, "ao minuto" -débito/crédito. Os "entretantos vão enchendo os bolsos a "Jardins e afins".

Houve um tempo que V.Sa não tinha os aéros transferidos, nem numa conta, nem noutra!!! Qué deles hem???

Olhe, ponha o dinheiro debaixo do colchão e quando tiver insónias, conte-o e no caso de mudar de habitação, leve-o bem junto ao coração!!!

sábado, junho 02, 2007 4:53:00 da tarde  
Blogger Luísa A. said...

Caro Politikos, acharia bem que os bancos tirassem alguns dividendos desses investimentos de poucas horas, sem os partilhar connosco, se não nos fizessem pagar alcavalas por todas as operações que executam, inclusive as transferências de que fala. Como fazem, estou disponível para qualquer iniciativa de protesto que decida tomar. E se quiser queixar-se da mesquinhez dos juros pagos nos depósitos a prazo, alinho até numa manifestação.

sábado, junho 02, 2007 6:10:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Caro Anónimo. Não me diga que trabalha num banco! Apenas referi o ridículo que é uma transferência de dinheiro na era da tecnologia demorar mais de 24 horas. E aventei uma «hipótese de trabalho»!
Já agora, dê uma vista de olhos na Visão desta semana. Está lá tudo! O banco que refere, o BCP, valorizou-se em 5 meses mais de 28%. Exacto, mais de 28%! Ou seja, 13 mil milhões de euros. Acho que está tudo dito, não?!

domingo, junho 03, 2007 11:06:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Luar
Por acaso esta não foi paga, porque foi feita na rede MB. Mas se a fizesse do homebanking do Barclays pagaria. Vejo-a muito disposta a enviar-me para a «frente de combate», ficando Vexa na retaguarda, postura que já lhe conheço. Como bem sabe, já faço a minha parte no que respeita ao exercício da cidadania.

domingo, junho 03, 2007 11:07:00 da tarde  

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