12 de junho de 2007

Ainda e sempre a boa imprensa: o oráculo

Recebo todos os dias a versão digital de O Correio da Manhã. Hoje chegou-me como notícia de primeira página: 10 de Junho: Comemorações em Setúbal. Deserto de Lino dá vaia a Sócrates. Li e reli a notícia. Complementei com os artigos relacionados. E não consegui perceber o que levou o jornalista, no caso João Saramago, a distinguir que os assobios da população ao Primeiro-Ministro eram afinal dirigidos ao ministro Mário Lino que na altura nem sequer estava presente. Diz ele, «a falta de visibilidade da tribuna levou mesmo muitos populares a assobiarem ao chefe do Governo julgando que o ministro estava presente». Logo a seguir acrescenta, «só duas horas depois o ministro das Obras Públicas chegou a Setúbal. Era meio-dia e 15 minutos depois tinha início a sessão solene, no edifício do porto local. O carro levou-o até junto do edifício e assim o ministro não teve de enfrentar a população da Margem Sul». E não houve registo de assobios! Inferiu, é certo, mas como e com que base?! Como é que ele pôde saber que os assobios não eram dirigidos ao próprio Sócrates?! Terá consultado que oráculo?! E porquê este título?! E porque uma notícia pressurosamente justificativa?! Bom e rigoroso está o jornalismo da Pólis!

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4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro Politikos,
sem discordar do teor do seu post, não posso deixar de referir que me parece que o jornalista concluiu o que concluiu certamente com base no que também refere na notícia: que quem estava presente manifestou desagrado através de "assobios e palavras associadas a aeroportos e desertos com areia, camelos, sede e aviões."
Mas, claro, do que resulta da notícia, a conclusão parece ser uma mera opinião do jornalista, e devia ter sido apresentada como tal.

quinta-feira, junho 14, 2007 12:23:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Cara Atenas
A notícia é interpretativa, não é factual. E é desculpabilizante e justificativa no título e em toda a sua construção. Isto e deste modo não é jornalismo.
O que refere poderia, quando muito, ter sido referido e mesmo assim sempre modalizado. Algo do tipo: «Aparentemente» ou «A julgar pelas palavras proferidas pelos populares, com alusões a areia, camelos, sede e aviões», o alvo dos assobios poderia ser o ministro Mário Lino e não José Sócrates». Isso era ser sério e ser rigoroso. Aquilo, naqueles termos, poderia muito bem ser a notícia do órgão oficial do Governo, se existisse. Ou um comunicado de imprensa do gabinete do PM...

quinta-feira, junho 14, 2007 1:53:00 da tarde  
Blogger Luísa A. said...

Claro, Politikos, toda a gente sabe que a nossa comunicação social, minadíssima, desde sempre, por complexos de esquerda, está completamente vendida a este PM. Já em anteriores «posts» o denunciou e muito justamente. Pela minha parte, assim como deixei de frequentar bancos – porque me «roubavam» - também já deixei de ler (ou ver) (tele)jornais – porque me enganam.

sábado, junho 16, 2007 12:30:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Isso dos «complexos de esquerda» é tão válido como os «complexos de direita»... Como sabe até o CDS-PP se reclama do «centro»... Não vou muito atrás desses chavões. Aliás, cada vez mais o que temos é «real politik» e não «políticas de esquerda» e «políticas de direita»... E os exemplos estão aí, bem à vista de todos! E tenho um sério problema em relação ao resto do seu comentário! É que não sei - vindo de si - se é um elogio ou não!
;-) ;-)

sábado, junho 16, 2007 5:14:00 da tarde  

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