O think tank
O economês e o gestionês – todos o sabemos – têm uma linguagem própria. A importação de termos anglo-saxónicos tem sido maciça. A literatura técnica é sobretudo em língua inglesa. A importação surge, por isso, com toda a naturalidade. Olhando para os jornais económicos, para os suplementos de Economia ou para as notícias dos jornais generalistas, facilmente apanhamos com uma chusma de termos. Respigo de memória alguns que me ocorrem: o spin-off, o stakeholder, o CEO, que já nem desenvolvido é, o think tank, etc., etc. No Expresso Economia (n.º 1814, de 4 de Agosto), Manuel Ferreira Enes, na coluna de opinião denominada Olhar a Sul, é mesmo referido como «Professor do ISEG e “think tank” Grupo África-IPRI». Antes de pesquisar, não sabia sequer que grupo era aquele. Por acaso já havia batido no think tank e sabia o que era. E, vá lá, vá lá, ainda o grafam entre aspas... Mas muito gostava de saber, quantos dos que lêem o Expresso, e não são economistas ou gestores, de formação ou de profissão, sabem a que é que aqueles termos e siglas correspondem... E os jornais, sempre tão pressurosos a fazer sondagens, inquéritos, estudos de mercado e a conhecerem o(s) público(s)-alvo, será que não averiguam isto?! Ou pretendem apenas falar para os iniciados no jargão?! O que me traz à memória, a frase sábia de um velho professor que dizia que a ciência era a forma de tornar difícil o que era fácil...
Foto - Expresso online
Etiquetas: Jornais, Jornalismo, Língua Portuguesa
2 Comments:
Caro Politikos, foi preciso que escrevesse sobre o assunto para que decidisse aprofundar o sentido dessa expressão irritantíssima - e moda recente - que é «think tank». De uma maneira geral, acho bastante ridículas as «linguagens próprias» de que fala, que fazem por ser herméticas para parecer importantes.
A questão maior, cara Luar, é que o «homem» intitula-se assim?!?!? Isso é que é verdadeiramente espantoso! Constato, ainda, o efeito pedagógico que tenho em si, caríssima Luar. Até vai pesquisar só para comentar... :-)
P.S. - Aproveito para lhe desejar boas férias nessa tão simpática vila onde está, esperando que o «camião da faxina» a incomode menos amanhã... Que sejam apenas 90 minutos, certos ;-) Gostei das fotos. :-)
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