Limpezas
Li, não sem algum espanto, no Grande Educador do Povo da Pólis (também conhecido por Expresso) de hoje que nas facturas a pagar pelo Estado para 2008, os serviços de limpeza na Administração Pública Central já custam 58,8 milhões de euros, praticamente o mesmo que, por exemplo, as viagens e as deslocações (60,6) e um pouco menos do que o material de escritório (76,2)...
Gostaria imenso que os putativos defensores dos outsorcings, recentemente rebaptizados de externalizações, me dissessem quanto custaria esse mesmo serviço prestado pelas chamadas serventes que antigamente existiam nos quadros do Estado e que, aliás, ganhavam miseravelmente... E ainda se a qualidade melhorou... E, já agora, que tipo de controle têm os serviços do Estado nessas hordas de gente que lhes limpam o chão, as secretárias e os vidros dos seus edifícios fora de horas, acedendo a todo o tipo de informação neles existentes...
Estou, é claro, de espírito totalmente aberto nisto. E sem qualquer programa ideológico pró-Estado... Se for mais barato e melhor que se mantenha, mas já agora que conhecessemos os números... Talvez fosse interessante, a bem de uma real comparabilidade e efectiva concorrência, que metade dos organismos tivesse um regime e a outra metade outro...
Gostaria imenso que os putativos defensores dos outsorcings, recentemente rebaptizados de externalizações, me dissessem quanto custaria esse mesmo serviço prestado pelas chamadas serventes que antigamente existiam nos quadros do Estado e que, aliás, ganhavam miseravelmente... E ainda se a qualidade melhorou... E, já agora, que tipo de controle têm os serviços do Estado nessas hordas de gente que lhes limpam o chão, as secretárias e os vidros dos seus edifícios fora de horas, acedendo a todo o tipo de informação neles existentes...
Estou, é claro, de espírito totalmente aberto nisto. E sem qualquer programa ideológico pró-Estado... Se for mais barato e melhor que se mantenha, mas já agora que conhecessemos os números... Talvez fosse interessante, a bem de uma real comparabilidade e efectiva concorrência, que metade dos organismos tivesse um regime e a outra metade outro...
É claro que para eliminar isto, esses putativos defensores dos outsourcings, recentemente rebaptizados de externalizações, criaram a figura do core business, ou área de negócio, a qual curiosamente não vejo aplicada com tanto zelo em muitas empresas...
Etiquetas: Administração Pública, Empresas
19 Comments:
Caro Politikos,
Não li ainda o "grande educador" deste sábado e desconheço se os valores são mais ou menos elevados do que seriam se os serviços continuassem a ser prestados pelas "serventes" (desconhecia esta denominação; deve ser da idade...).
Da experiência que tenho no meu local de trabalho, que mantém o sistema antigo de empregadas de limpeza que trabalham para o Estado e trabalhadoras de empresas que prestam serviços de limpeza (umas dominam o lado esquerdo do edifício e as outras o lado direito...) concluo que ninguém controla o serviço das mesmas, que têm, de facto, acesso a tudo, que nem sempre primam pela limpeza (quanto à honestidade não me posso pronunciar: nem a PJ consegue perceber porque desaparecem "coisas" de certos locais mais restritos...) e algumas apreciam, como já constatei, fazer meia dúzia de telefonemazitos mais urgentes enquanto limpam cuidadosamente o pó a uma qualquer secretária... (ressalvo que há, também, pessoas excelentes, com brio e profissionalismo, dos dois lados).
Curiosamente, ao ler o seu post, pensei que a explicação pode estar perto das razões pelas quais eu própria ponderei contratar uma empresa para serviços de limpeza domésticos.
Explico.
Depois de anos de escravatura, decidi mandar às urtigas todo o trabalho doméstico e assumir (ainda que dentro de certas limitações que não consigo alterar) a minha faceta de mulher independente que trabalha fora de casa.
Tinha duas possibilidades: uma empregada doméstica tradicional ou contratar os serviços de uma empresa especializada. As vantagens desta são que não há contrato de trabalho com ninguém, o que significa que quando não estamos satisfeitos, kaput: acabou, sem indemnizações, sem processos disciplinares, sem justa causa. Não há faltas por doença ou seja pelo que for: a empresa substitui a empregada imediatamente. Não há pagamento de seguro ou de segurança social. Não há gastos com produtos e materiais de limpeza. Um descanso!
(importa referir que, no meu entender, as leis laborais exigem das familias, que não são empresas geradoras de lucro, as mesmas obrigações exigidas às empresas, mas não lhes dão as contrapartidas fiscais que dão às empresas...)
As desvantagens: sai um pouco mais caro (nada de excessivo mas, ainda assim, mais caro) e, no meu caso, teria que contratar uma empresa para passar a ferro e outra para as limpezas, não existindo nenhuma (que eu saiba) que confeccionasse as refeições. Assim, acabei por optar pelo tradicional sistema de empregada doméstica, que sempre me dobra as meias e coloca as roupas nas gavetas e roupeiros :-)
Mas como sou previdente, elaborei um contrato de trabalho escrito com prazo de um ano (que isto do período experimental de um a três meses não é suficiente para aferir tudo, quando estamos a falar de colocar uma estranha dentro da nossa própria casa): se tudo correr bem, o contrato renova-se automaticamente, agora sem prazo; senão, acabou...
Parece-me que desde o anterior post perdi alguma da minha capacidade de síntese... :-)
Um bom resto de fim-de-semana para todos.
Quando a minhota que me "serve" há mais de 25 anos teve a sua depressãozinha {em tudo esta boa alma me acompanha} contratei um desses extraordinários serviços de limpeza. A roupa ia para o pressing e cozinhar sempre foi o meu hobby. À cautela espetei as jóias no cofre, contei e recontei as pratas e deixei-me ficar por casa observando de longe. Ao fim de 15 dias e antes que me desse o fanico, dispensei o ménage externo e dediquei-me ao aspirador, à esfregona e outras torturas indescritíveis durante três meses. Claro que quando tudo voltou ao normal, dificilmente víamos a paisagem. Tinha-me "esquecido" das 10x2 janelas {são duplas}.
Claro que o meu contrato com a minhota é "até que a morte nos separe". E se eu for primeiro, fica a cuidar dos seus "meninos".
O Estado que procure as "minhotas" que ainda vai havendo. Basta tratá-las bem e o retorno é imenso.
Essa questão que se coloca, caro Politikos, todos nos colocamos, presumo. É muito duvidoso que os serviços externos sejam, em si mesmos, mais baratos. Mas têm a vantagem – é, pelo menos, o que se alega em seu favor – de reduzir as maçadas com vínculos duradouros (como refere a nossa Atenas), e também, como diz no seu «post», de permitir às empresas concentrar os recursos estáveis no negócio central, dispensando o pessoal votado à «gestão» dos assuntos periféricos. É possível que, no cômputo geral, haja alguma economia de tempo… e dinheiro. Também desconhecia o termo «servente» - questão geracional, está visto. :-D Já agora, cara Maloud, permita que avance uma palavrinha de recomendação por Cabo Verde, de onde me tem provindo algum do pessoal doméstico mais sério, brioso e empreendedor que conheço.
P.S.: Antes que me faça algum reparo, Politikos, esclareço que tudo – ou QUASE tudo – o que sei da vida, é através de manuais… e pronto!
Cara Atenas
Começo pelas «serventes» ou «serventes de limpeza» que ainda existem só que agora se chamam «auxiliares de serviços gerais». Aliás, ainda hoje se vêem processos de reclassificação profissional de «serventes» em Diário da República. O termo tem uma carga estigmatizante, de facto, mas o que hoje existe é uma aberração. Auxiliar de serviços gerais é um disparate eufemístico que nada diz. Auxiliar de limpeza até que não ficaria mal. Refiro-lhe isto, apenas para aumentar a sua «cultura», que já me parece vasta, na área do direito laboral...
É também curioso o paralelismo que faz em relação ao seu caso doméstico. Conclui que é mais caro e analisa vantagens e inconvenientes. Não tem chatices mas também não tem a polivalência de funções e a confiança de só meter uma pessoa em casa. Acabando por optar por uma empregada tradicional com um contrato mais flexível. É curioso e talvez fosse interessante que o Estado pudesse também pensar assim. Digo eu, claro!
Quanto à prestação profissional, e a atender pelo que se passa no seu serviço, acaba afinal por concluir que há bons profissionais de ambos os lados. Também acho.
Por último, não se penitencie, pois não desgosto da sua versão menos sintética, embora ache que por vezes se possa perder, presumo que por um certo vício de análise, a observar e comentar todos os ângulos de um problema... Imagino ainda que tal possa ser consequência do facto de se ter libertado da «escravatura», o que lhe certamente lhe deixa mais tempo para a reflexão e para a escrita... :-)
Cara Maloud
Acabei com a escrita na Atenas e começo com a escrita consigo. É que acho que se devia dedicar à escrita. A primeira frase do seu comentário dava, aliás, uma excelente abertura de livro, capaz de prender o leitor mais arredio... Essa do «Quando a minhota que me "serve" há mais de 25 anos teve a sua depressãozinha {em tudo esta boa alma me acompanha}...» é extraordinária... Lá está também e curiosamente o «serve» de onde provém o «servente» que tanta confusão parece ter feito às nossas «jovens» companheiras (note que ao falar de «jovens» pus uma aspa dupla na «nossa» Atenas, mas falta-me no teclado uma aspa quádrupla para pôr na «nossa» Luar ;-)
Não penso que haja já muitas «minhotas» como a sua, pelo que a receita para resolver o problema da limpeza dos serviços públicos terá de passar por outros expedientes... E não podemos transformar os «minhotos» numa espécie de «galegos» do antigamente... Será que as «nossas» jovens comentadoras conhecerão esta expressão com o sentido que lhe pretendo dar?!?!
Gostei da sua saga com as limpezas... :-)
Cara Luísa (ou Luar?!?!?!?)
Vexa baralha-me. Entra um incauto cidadão da Pólis na caixa dos comentários e depara-se com a «Luísa». O cidadão, surpreso, e já habituado aos «comentadores da praxe», também chamados «comentadores residentes», tem então os seguintes pensamentos:
1.º pensamento: Quem será esta Luísa?;
2.º pensamento: A Luísa escreve bem e é uma pessoa cortês;
3.º pensamento: O estilo da Luísa é-me vagamente familiar;
4.º pensamento/acção: O cidadão segue o link da Luísa e vai dar ao bfs;
5.º pensamento: O cidadão fica surpreso e pensa que a Luísa poderá ser a filha da Luar, já devidamente iniciada nas lides bloguísticas;
6.º pensamento: O cidadão pensa que o comentário está demasiado bem estruturado para ser da putativa filha da Luar de nome Luísa, não porque duvide das capacidades desta, mas porque há um certo nível de escrita que só se atinge ao fim de alguns anos;
7.º pensamento: O cidadão pensa que a putativa filha da Luar de nome Luísa poderá ter sido industriada pela Luar e servir como «testa-de-ferro» dos comentários;
8.º pensamento e último: O cidadão conclui que a Luar mudou de identidade passando a doravante a chamar-se Luísa;
Conclusão – O cidadão acaba por conclui que a Luar é muito volúvel e, não lhe chegando ter mudado de blogue não sei quantas vezes (A Mofa, Raio de Lua, q.b., para citar só os conhecidos), agora também muda de identidade.
Cara Luísa (ou Luar?!?!?!?)
Sobre o teor do seu comentário, fico sem saber se, contas feitas, afinal Vexa acha que os serviços em «outsourcing» - designadamente os referidos - são mais baratos ou mais caros?! Imagino também o quão trabalhoso tenha sido - ou seja - para o Estado gerir os vínculos deste tipo de pessoal ao qual sempre pagou miseravelmente... Imagino ainda a quantidade de «maçadas», resultantes da litigância, que este tipo de pessoal cause ou tenha causado ao Estado...
Deixo para último, a questão «manualística»... É que fico bastante mais descansado com o que me diz... Não deixo, porém, de me interrogar sobre que parte do «QUASE tudo» da vida é que não soube através dos manuais...
;-)
Credo, Politikos,
o seu "cidadão" anda a pensar demais...
Eu limitei-me aos 1.º, 3.º e 4.º comentários, e conclui que ou foi lapso ou a cara Luar quis mudar o nome.
Ah!, voltou-me o poder de síntese
(ao contrário do que refere, necessita-se de mais tempo para se ser sintético...)
:-)))
Cara Atenas
Os pensamentos 5 a 7 implicam algum contexto que Vexa não pode ter.
Nunca podia ser lapso da Luar. O que aconteceu implica uma mudança voluntária.
O que diz sobre o poder de síntese é conversa de «manual» que, da minha prática, não tenho por verdadeira. O poder de síntese nem sempre quer dizer mais tempo. Uma boa mente analítica pode precisar de muito pouco tempo para reduzir qualquer pensamento complexo a um «soundbyte».
Tem dias, caro Politikos, tem dias...
Há dias em que nem um segundo nem uma eternidade me ajudam a alcançar a leveza da síntese! :-P
Quanto à cara Luar/Luísa, aguardo o comentário da interessada.
:-)
A minha minhota tem lá comparação com os "galegos"! Os de antigamente, é claro. Cumpro religiosamente {repare no advérbio} a lei e ultrapasso-a em grande velocidade pela esquerda, "porque ela merece".
E, caríssima Luar, duvido que as suas caboverdianas, às sete da tarde, se despeçam com "Posso ir-me embora, minha senhora? Faz favor de desculpar qualquer coisa. Se precisar de alguma coisa é só telefonar. Num pulo ponho-me cá..." Eu sei que é monótono, eu sei que está démodé, mas sabe-me bem.
Conserve-a, cara Maloud, conserve-a! Já não se fazem mais assim! E premeie-a, que ela merece. Infelizmente gente briosa e disponível vai rareando em todas as áreas de actividade. Está visto que vamos ter dificuldade em tratar a «nossa» Luar por Luísa, ai vai, vai!
Meus caros Atenas e Politikos: de vez em quando faço pequenas mudanças pelo prazer de as fazer (e porque as grandes não são tão fáceis). «Luar» começou, de súbito, a parecer-me demasiado «romântico», pálido e nostálgico. Luísa sempre tem um «i» mais agudo e um «s» mais teso. Cara Maloud, a delicadeza e a prestabilidade nunca estão «démodées». Mas tenho conhecido tão bons caracteres chegados daquelas ilhas que não queria deixar de lhes prestar uma singela homenagem. :-)
Cara Luísa, como a compreendo no que respeita às pequenas mudanças...!
Todavia, não posso deixar de lhe dizer que vou ter saudades da Luar, porque, precisamente, é um nome mais romântico, mais doce, mais delicado.
Vai-me custar, ó se vai; terá de me perdoar se eu me esquecer...
:-)
Cara Luar
Gostei das razões que invocou para a evolução do nome. A do «s» mais teso é de sobremaneira interessante mas porventura um pouco estranha e contraditória para quem como Vexa se sente tocada pela «doçura». Gostei e concordo com a abordagem que fez desse tema. Quanto ao nome, creio bem que para nós – incluo aqui a Atenas e a Maloud – será sempre a Luar. A menos que Vexa insista muito em ser Luísa
:-)
Ó Atenas e Politikos, estou quase tentada a recuar na minha pequena revolução.
PS.: Note, caro Politikos, «que as maiores doçuras, as descubro nas pessoas mais firmes», que é como quem diz, «tesas».
Cara Luar
Era uma bela prova de consideração por nós que recuasse na questão do nome :-)
Sobre o seu PS, vejo que repete a mesma ideia já expendida anteriormente... Parece demonstrar uma predilecção especial por algumas daquelas palavras... Não sei bem o que Dr. Freud diria disso, cara Luar, não sei mesmo...
:-)
esta ágora tem de tudo. também tratam de hérnias na coluna?
é verdade o que o anfitrião diz. dava um belíssimo romance histórico....
quanto ao post que é o que interessa.....
esta praga de gafanhotos que nos caiu em cima não se vai embora enquanto não rapinarem tudo. como bem diz, agora já não falam em outsourcing mas, não sei se são influências valterianas,falam em externalizações.novilíngua. e pobre. mas também para o povo que tem sido, tem chegado.
depois atiram-lhes com os core business e as áreas de negócios e vai de arranjar centrais de compras...mais uma daquelas ideias geniais saída da mona do paulinho. vamos ver quando é que isto dá o estoiro. aguardemos
ps (até escrever a abreviatura me custa )
eu não tenho empregada doméstica e um dia a precisar sigo o conselho amigo de Atenas : contrato escrito com prazo de uma ano renovável a decisão minha.
Caro Meteco
Isso é que ainda não. Mas como tenho duas discais, se precisar de alguns conselhos, também se dão. Sobre o ps escreve com minúscula e bem que aquilo de ps tem cada vez menos.
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