O patriotismo, hoje – parte I
Assisto hoje, não sem algum espanto, ao recrudescer de uma certa noção de orgulho nacional, aqui há uns anos praticamente inexistente. Ao alicerçar a sua propaganda na exaltação dos valores nacionais, o Estado Novo liquidou, sobretudo nos meios da oposição e nas classes urbanas esclarecidas, mais ou menos descontentes com o regime, a noção de Pátria e de patriotismo. Ser patriota era estar com o regime, era defender o Império. Isso criou uma noção de nojo às palavras Pátria e patriotismo que ainda hoje subsiste numa parte significativa da geração de mais de, digamos, 40/45 anos, cívica e intelectualmente formada no Estado Novo… Parte dessa geração ainda não perdeu alguns desses tiques…
Mas Portugal mudou e com ele mudou também o paradigma de ser português…
Contrariamente, os menores de 40/45 anos que já viveram a idade adulta em liberdade, apenas com vagos resquícios da «gramática» da ditadura, assistiram à entrada na CEE, depois UE, à mudança de agulha de um Portugal rural para um Portugal de serviços, voltado para o turismo e mais cosmopolita… A realização com grande êxito e profissionalismo de grandes eventos mundiais, sociais, desportivos e musicais, como a Expo 98, o Europeu de 2004 ou o Rock in Rio, por exemplo, também entra na coluna do haver desta contabilidade… Tal como nela entra a ocupação por portugueses de lugares de destaque em organizações internacionais… Apesar das contas públicas e dos desvios à convergência, os novos portugueses estão mais orgulhosos do seu país… E isso vê-se na ostentação dos seus símbolos que, a propósito do futebol, andam por toda a parte, desde as bandeiras a tudo e mais alguma coisa, o que é positivo enquanto atitude mental, pois só com alguma crença – e como se sabe a fé não é racional – conseguiremos, apesar dos indicadores económicos, ultrapassar o actual estado de coisas na Pólis…
Contrariamente, os menores de 40/45 anos que já viveram a idade adulta em liberdade, apenas com vagos resquícios da «gramática» da ditadura, assistiram à entrada na CEE, depois UE, à mudança de agulha de um Portugal rural para um Portugal de serviços, voltado para o turismo e mais cosmopolita… A realização com grande êxito e profissionalismo de grandes eventos mundiais, sociais, desportivos e musicais, como a Expo 98, o Europeu de 2004 ou o Rock in Rio, por exemplo, também entra na coluna do haver desta contabilidade… Tal como nela entra a ocupação por portugueses de lugares de destaque em organizações internacionais… Apesar das contas públicas e dos desvios à convergência, os novos portugueses estão mais orgulhosos do seu país… E isso vê-se na ostentação dos seus símbolos que, a propósito do futebol, andam por toda a parte, desde as bandeiras a tudo e mais alguma coisa, o que é positivo enquanto atitude mental, pois só com alguma crença – e como se sabe a fé não é racional – conseguiremos, apesar dos indicadores económicos, ultrapassar o actual estado de coisas na Pólis…
Etiquetas: Patriotismo, Sociedade, Sociologia
9 Comments:
Realmente a fé não é racional e, às vezes, a falta dela também não.
Como sabe não me julgo patriótica. Os sentimentos não estão à venda, para os podermos adquirir.
Mas acontece-me uma coisa engraçada. Tal como só eu posso criticar a minha família, e fulmino quem tenha a ousadia de o fazer, também só os portugueses e eu podemos criticar Portugal. Se for um estrangeiro a fazê-lo, não o fulmino, mas arranjo uma infinidade de argumentos para o "arrasar".
Há dias li que escrevia umas cartitas. Eu também tive esse hábito. Algumas delas foram dirigidas à TV5. O assunto sempre foi Portugal e o epíteto de chauvinistas, mais francês é impossível, aparecia em todas elas.
Eu sou cheia de contradicções, mas não sou mais infeliz, por causa delas.
Decididamente sobre o texto pouco há a comentar, tem a qualidade do costume, por isso nem preciso de tecer mais elogios... Quanto ao aspecto, achei o máximo, uma originalidade e tanto, a prova de que realmente não vê as coisas só a preto e branco caro Politikos :-)
Ah, cara Luar, primeiro vê os «bonecos» e só depois lê as legendas...
Pois é, cara Maloud, e este poste, como provavelmente adivinhou, tinha destinatário ;-)
Percebo bem essa sua atitude face ao estrangeiro e tb eu - todos nós, aliás - a temos... Creio mesmo que ela esconde, apesar de tudo, um certo patriotismo, só que não assumido com esse nome... Não lhe parece? O patriotismo tem várias formas de se expressar...
As «cartitas» foi uma inconfidência da «nossa» Luar mas é verdade, escrevo umas «cartitas», quando acho que algo vai mal, faz parte de um certo exercício da cidadania...
Do que me disse, cara Luar, eu enquadrá-la-ia na metade verde do post... Mas deixe lá que isso não é defeito, é apenas feitio... :-)
Bem-vinda ao n. convívio nético, cara Curiosa... Tem andado uma bocado arredia deste blogue e do seu, ao que vejo... Aliás sobre o aspecto deste poste, veja ainda que, tal como na bandeira, a metade vermelha do poste é maior do que a verde. Um preciosismo, mas não foi de propósito... :-)
Ó minha cara, longe de mim insultar os seus 18 anos, acabados de fazer... :-D Note que eu disse «formada no Estado Novo» e não «pelo Estado Novo», o que faz toda a diferença...
Será, Politikos?
Agora, se me saísse o Euromilhões, zarpava daqui para fora em dois tempos, apesar do clima. O Porto está, de há uns anos para cá, cheio de sol, malgré o Rui Rio.
Mas é claro que a metade vermelha tinha que ser maior que a verde!
Enviar um comentário
<< Home