18 de julho de 2006

Gigantes

Revi no sábado passado, por mero acaso, no canal Hollywood, o filme, O Gigante, com James Dean, Rock Hudson e Elizabeth Taylor, uma superprodução americana de mais três horas que retrata as transformações sociais ocorridas no Texas com a descoberta dos poços de petróleo. O filme apresenta-nos com grande mestria os diversos tipos humanos gerados e apanhados por essa transição de modelo de vida, em que rancheiros de gado passaram a industriais do petróleo, cruzando algumas realidades da época, tais como o racismo, as condições miseráveis de vida dos assalariados mexicanos, a mentalidade do norte por oposição à mentalidade do sul. Constatei – se por acaso já havia esquecido – a genialidade do desempenho de Dean, mais evidente na fase de rancheiro e vaqueiro. Dean interpreta o papel de Jett Rink, um deserdado da sorte, rebelde, irreverente e rufia que vive por favor em La Reata, o rancho de Bick Benedict (Rock Hudson), e que depois se transforma em magnata do petróleo. Ao ver o desempenho global de Dean e os requebros do olhar e dos gestos não deixei de pensar que parte da sua genialidade advém do facto de ele próprio ser um pouco como a personagem que interpreta, de onde aquele papel seria apenas como representar uma variante da sua própria personalidade. E liguei Dean a um outro actor contemporâneo, igualmente genial, Jack Nicholson, e a algumas das suas soberbas interpretações, sobretudo a de Voando sobre um ninho de cucos - fita que aliás vai passar na próxima sexta-feira, na RTP 1 - em que os pontos de contacto entre a personalidade real do actor e a personalidade representada da personagem são para mim mais do que evidentes. O que me faz pensar na pequena distância, na linha ténue que por vezes separa a excentricidade da genialidade.

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9 Comments:

Blogger Politikos said...

Já sabíamos da sua predilecção por Clive Owen, cara Luar, embora me pareça que ela não se deve tanto às suas qualidades de actor, mas a outros predicados... Versatilidades ;-)

terça-feira, julho 18, 2006 6:45:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Tenho sempre dificuldade em escolher O Talento da arte de representar. Há tantos{as} que me fascinam.

terça-feira, julho 18, 2006 9:10:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

O que acho é que a genialidade de alguns actores e de alguns dos seus desempenhos advém não apenas do esforço e do profissionalismo de se meterem na pele da personagem mas de serem eles mesmos um pouco como a personagem... E isso pode ser o pequeno nada que distingue uma boa interpretação de uma interpretação de génio... É o que acho que acontece nos dois casos que apontei...

quarta-feira, julho 19, 2006 1:57:00 da manhã  
Blogger maloud said...

Quem sou eu para contestar as vossa opiniões, caros Luar e Politikos!
Mas um dia, Sir Laurence Olivier, respondendo a uma perplexidade de Dustin Hoffman, disse que bastava representar.

quarta-feira, julho 19, 2006 7:38:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Com todo o respeito por Sir Laurence Olivier, cara Maloud, essa afirmação soa-me a «boutade». Eu separo - e isto vale o que vale e, porventura, vale muito pouco - os profissionais em duas classes: os trabalhadores e os que têm «golpe de asa». Nesse contexto, Anthony Hopkins, por exemplo, é um actor trabalhador, e James Dean é um actor com «golpe de asa». E são ambos excelentes actores... O último, porém, tem aquela centelha de génio que distingue os melhores de entre os melhores...

quarta-feira, julho 19, 2006 9:04:00 da tarde  
Blogger Krónikas Tugas said...

Para mim a distinção faz-se doutra forma: os que se moldam às personagens que representam e os que moldam os papéis a si próprios. É neste último grupo que integro Jack Nicholson, que tem uma linha de representação que nunca varia. No pólo oposto está aquele que considero o maior de todos, maior que Marlon Brando: ROBERT DE NIRO. Esse faz de tudo e, quando entra na peronagem, parece que ele próprio É A PERSONAGEM. Isso é que, para mim, é um actor genial. Muito longe do género de Nicholson...

sexta-feira, julho 21, 2006 9:19:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Percebo o seu ponto de vista, caro Kroniketas. Mas o que refere prende-se com versatilidade e não com genialidade. De Niro é um actor versátil. Brando, para mim, é um actor de génio. Independentemente disso são dois excelentes actores.

domingo, julho 23, 2006 1:02:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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sexta-feira, março 02, 2007 10:18:00 da tarde  

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