25 de julho de 2006

A Referência...

Desgostante: é o chamado caso Alegre, que eu aliás já havia lido no Câmara Corporativa mas que o Correio da Manhã apresenta hoje como exclusivo, provavelmente da imprensa escrita, que é o que de facto conta neste país... A opinião publicada na net e fora da chancela das majors do jornalismo vale menos do que um caracol e não é sequer digna de ser citada... Os velhos media - já se sabia - valem mais, muito mais do que os novos media...
Então, não é que uma das referências éticas da democracia portuguesa, Manuel Alegre, vai receber mais de €1000 mês de uma pensão (1/3 de €3000), a acumular com o vencimento de deputado, por três meses de trabalho na RDP, em 1975. Poder-se-ia pensar, porém, que a Referência Ética havia descontado cumulativamente durante 30 anos sobre o tal vencimento que lhe daria agora direito à tal pensão de €3000. Nada disso, a Referência Ética apenas descontou sobre o vencimento de deputado... E quando terminar os seus muitos mandatos de deputado - a democracia custa a renovar-se, como se vê - a Referência Ética vai acumular na íntegra a pensão de deputado com esta pensão de €3000. Sem ter acumulado os descontos... Confrontado sobre se não lhe parecia mal uma reforma por tão pouco tempo, a Referência Ética diz que só pode sublinhar que é legal e que o Presidente da República também recebe duas ou três reformas do Estado, além do vencimento... Boa, está, pois, legitimado! Por sua vez, outra referência, Ana Sara de Brito, responsável pela logística da campanha da Referência Ética à Presidência da República diz, com grande sentido de oportunidade, que a Referência Ética «devia era doar a reforma ao Movimento de Intervenção Cívica», criado na sequência da votação obtida (mais de um milhão votos - o que pensarão estes votantes?!?!) pela Referência Ética nas eleições presidenciais. Já agora, recorde-se que a Referência Ética diz na sua biografia que herdou do pai «[...] o desprendimento, uma irresistível e por vezes perigosa tendência para o desinteresse. Inclusivamente pelos bens materiais». É uma Referência Ética Portuguesa, pois então!

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5 Comments:

Blogger maloud said...

Tenho um grande respeito pelo passado do Manuel Alegre e muito pouco pelo presente. Desde a cena populista da co-incineração, até à campanha para as presidenciais tudo me levou a afastar-me da personagem.
Como julgo já ter feito a declaração de interesses, pensava abster-me nestas últimas eleições, porque o candidato da minha área não me motivava. A única razão, porque votei Mário Soares foi a impreparação, evidente na falta de ideias e no desconhecimento da Constituição bem patenteado no debate com o Louçã, o ridículo dos ósculos aos bustos e a arruada num cemitério, e todo um apelo nacionalista que me deixou estupefacta. Até a Beta de Esquerda e o que nunca diz em quem vota me seguiram com medo de na 2ªvolta levarem com aquilo.
Quanto às novas formas de obter informação, desde que deixei de ser completamente info-excluída, quase não compro jornais. O meu cerimonial matinal no Velasquez mantém-se, mas agora sem o Público. O Expresso já o tinha largado desde as férias, porque, se quiser ler aquele tipo de prosa, compro o Povo Livre. Pelo menos não se arroga, julgo eu, em independente e objectivo.

quarta-feira, julho 26, 2006 9:14:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Ontem esqueci-me de dizer, caro Politikos, que o meu juízo sobre o Manuel Alegre nada tem a ver com a pensão de reforma que passou a auferir. Desconheço completamente as regras, e temo que esteja em curso mais uma campanha populista de descredibilização dos políticos com C.

quinta-feira, julho 27, 2006 1:20:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Bem, cara Maloud, o passado da Referência Ética não está causa. O que aqui está em causa é a absoluta indignidade de um regime legal a que - felizmente - o Sócrates já pôs cobro para o futuro (embora permaneçam ainda alguns regimes especiais como o do Banco de Portugal, de que beneficiou, por ex., o mais alto magistrado da Nação), o suposto exclusivo do CM, o oportunismo bronco da organizadora da campanha da Referência, a pouca vergonha das declarações da Referência, cujas «alegações» foram que não pediu nada e escudar-se no facto de o PR tb ter uma reforma do mesmo tipo, e, por último, ainda as frases constantes da biografia da Referência sobre a herança paterna de desapego aos bens materiais... Há-de convir que é muita coisa incoerência para um só caso...
O poeta é mesmo um fingidor...

quinta-feira, julho 27, 2006 11:59:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Só hoje à noite tive conhecimento, caro Politikos, das declarações arrancadas a ferros da suposta Referência Ética. O que nunca diz em quem vota, com uma única excepção, seguiu ontem toda a saga pela TSF e hoje contou-me. Que vergonha!

sexta-feira, julho 28, 2006 12:50:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Pois, cara Maloud, ainda bem que «o que nunca diz em quem vota» confirmou o que por aqui se disse... Tem de me dar um pouco mais de crédito, minha cara... Sabe bem que eu não sou anti-político primário, nem alinho em bota-baixismos populistas...

sexta-feira, julho 28, 2006 9:44:00 da manhã  

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