Mais um esbulho legal
Ontem à tarde desloquei-me de Lisboa a Mafra para assistir ao concerto inaugural do Festival de Música de Mafra. Tomei a A8, no lanço que vai do final da Calçada de Carriche e a Malveira, e paguei, como habitualmente, €0,70, por cerca de 30 quilómetros. Uns metros à frente, vi de novo uma indicação de auto-estrada, agora para Mafra, e disse para comigo: «excelente, já acabaram este troço, o que há muito se justificava». Entrei na dita e num estalo estava em Mafra. Mal entrei, aliás, já estou a sair: a distância deve ser aí de uns seis quilómetros. Como sempre: Aviso de Portagem; Prepare o pagamento; mostrador electrónico: €0,55. Perguntei ao portageiro, em ar de gozo, qual era o preço daquela portagem ao quilómetro, ao que ele me respondeu com um sorriso benevolente e o ar de quem já ouviu aquela pergunta: «mais ou menos €0,10». Como não recebi recibo, nem sequer sei quem é a empresa responsável por este esbulho. A Auto-Estradas do Atlântico que gere o percurso até à Malveira não é, porque esse troço não consta do seu site. Agora o que sei é que é um esbulho. E se a moda dos 0,10€ ao quilómetro pega, quanto é que, por exemplo, nos custaria uma viagem de Lisboa ao Algarve ou de Lisboa ao Porto… Como diria o outro: «É só fazer a conta»… O que me questiono é sobre quem regula os preços das auto-estradas em Portugal, se existem preços máximos e mínimos para o custo por quilómetro e quais os critérios de cálculo do valor a pagar.
Já agora, o concerto – dos Banchetto Musicale Lusitania - foi muitíssimo interessante e original na coreografia e no aproveitamento das possibilidades sonoras do espaço da Biblioteca do Palácio/Convento de Mafra e salas contíguas e nem sequer foi de música barroca, como seria de esperar, mas sim de música medieval e renascentista ibérica. Valha-nos isso...
Já agora, o concerto – dos Banchetto Musicale Lusitania - foi muitíssimo interessante e original na coreografia e no aproveitamento das possibilidades sonoras do espaço da Biblioteca do Palácio/Convento de Mafra e salas contíguas e nem sequer foi de música barroca, como seria de esperar, mas sim de música medieval e renascentista ibérica. Valha-nos isso...
14 Comments:
Caro Politikos, penso que o troço mencionado é gerido pela Câmara Municipal de Mafra, já que a construção do mesmo é da sua responsabilidade. Creio que se estivessem à espera da iniciativa da empresa Atlântico ainda teríamos um caminho de terra batida a fazer a ligação a Mafra... Por outro lado, seria o enquadramento perfeito para a música medieval e renascentista do concerto em questão. ;-)
Não é o preço de referência, cara Luar, nem de perto, nem de longe: é apenas o preço mais caro que já paguei em qualquer auto-estrada portuguesa por um percurso tão pequeno... Ademais é ver pelo exemplo que dei: 0,70 por 30 Km; 0,55 por 6 Km... Está tudo dito...
Cara Raquel, apesar do «look» da sua foto me fazer lembrar mais uma vocalista de uma banda rock do que uma soprano de um grupo de música antiga, não me passou despercebido o seu nome e uma visita ao seu blogue confirmou-o ;-)
Parabéns pelo seu desempenho e de todo o grupo: pessoalmente gostei muito; além do mais apreciei o «trabalho de casa» bem feito: o espectáculo foi adaptado ao espaço, não foi receita pré-preparada e depois despejada... Desculpará a quantidade inusitada de palmas do público, mas eu sou daqueles que se diz que precisam de um final ribombante para perceber que uma peça clássica terminou ;-)
Quanto à «auto-estradinha dos 0,55», parece que foi construída por um consórcio de duas empresas e pela dita CMMafra. Diz-me que é explorada por esta última e eu acredito, mas tb, caramba, não precisa exagerar, já antes se chegava a Mafra sem ser em estrada de terra batida e há-de convir que é quase ridículo sair de uma na Malveira e entrar noutra por tão pouco percurso... A Auto-Estradas do Atlântico provavelmente não fez a estrada para Mafra porque não era rentável e, então, como todas as câmaras querem ter a sua auto-estrada até à porta independentemente de ser rentável ou não, a de Mafra tb fez a sua «auto-estradinha» de 6Km por 0,55 cêntimos...
Bom, eu, contra a corrente, acho que qualquer preço para ouvir música medieval é capaz de ser exagerado... ;-)
Caro Politikos
Não se preocupe com os critérios dos músicos para as palmas, são arbitrários quando não obedecem até mesmo a modas. O nosso director musical pensou apenas em optimizar o tempo e seguir o fio condutor que havíamos estabelecido para o programa. A verdade é que nós adoramos o feedback positivo do público! :-)
As fronteiras entre músico erudito e músico da arte dita ligeira estão cada vez mais esbatidas... A verdade é que o meu percurso não começou na música erudita, mas isso são outras estórias... A fotografia é da minha pessoa, não de um estereótipo. ;-)
Eu concordo consigo relativamente ao preço do troço. É insultuosamente indecoroso...
Bem, caro Kroniketas, eu acho que em matéria musical ficámos mesmo inamovivelmente nos anos 80 e dali não saímos, nem para trás, nem para a frente... :-)
Cara Raquel
Tb concordo com o que refere sobre as fronteiras entre músico erudito e intérprete de «música ligeira», de pop, de rock ou do que se quiser. Aliás basta ver as mais insuspeitas parcerias que hoje se vêem entre intérpretes de diferentes géneros para se perceber isso...
Quanto ao seu percurso, bastou-me uma pesquisa no indiscreto Google para conhecer um pouco do dito (pelo menos as participações nos festivais).
E quanto à foto, não se preocupe, minha cara, que nunca a confundi com um estereótipo ;-)
Bons espectáculos.
Obrigada pela presença, Politikos!
Rosa Caldeira
Cara Rosa, eu é que agradeço os bons momentos que me proporcionaram... E agora, vendo o seu blogue, percebo melhor a perfeição na imitação dos animais. Imagino que nessa área, a sua especialidade, sejam os gatos ;-)
Eu tb concordo com o preço elevado. Mas quero deixar apenas um reparo. O valor de 70 cents é referente a uma distância de (aproximadamente) 12 km (de Loures até à Venda do Pinheiro). E não 30 km, Aliás... da calçada de carriche até Mafra não são mais que 30km.
Agradeço o reparo, caro anónimo. Confimei no Mappy e a distância pela qual paguei 70 cêntimos é efectivamente referente a 11,55km. Fiz as contas do seguinte modo: como sabia que de Lisboa a Mafra eram ca de 35Km, retirei os 6 da auto-estrada Malveira/Mafra e apontei para ca de 30Km, misturando, estradas, vias rápidas e auto-estradas. Já agora aceite tb o reparo: da Calçada de Carriche a Mafra são exactamente 34,29Km ;-)
Referia-me à saída da A21 de Mafra. E como tal, da Calçada de Carriche a Mafra(saída A21) não chega a 29 km :). É apenas um preciosismo... e não muda nada. Infelizmente os habitantes da AML têm de pagar tudo a peso de ouro. Além da A21 temos o caso da CREL Queluz <-> Alverca 2,75€
Calçada de Carriche <-> Mafra (Saída A21)
Tem razão, é um preciosismo de facto e não altera minimamente a substância das coisas. E, preciosismo por preciosismo, ainda há que contabilizar a distância da Carapinheira a Mafra… ;-) Além do mais, os nossos mútuos preciosismos ainda me permitiram descobrir o Michelin on-line que não conhecia e que - parece-me - está mais actualizado do que o Mappy. Já agora deixo-lhe aqui o link do percurso e da quilometragem do Mappy, referente aos tais 34,29Km: Lisboa-Mafra Volte sempre ao Pólis&etc., com ou sem preciosismos ;-)
P.S. - E ainda me permitiram pesquisar o modo de pôr links no texto... Só vantagens, pois... :-)
Bom dia,
O mais escandaloso é que ontem dia 03 de Setembro 2009, paguei por esse mesmo traçado 1,55€, sem prestarem qualquer informação sobre esse aumento absurdo!
Tambem eu saio em Mafra todos os dias ontem tive essa desagradável surpresa.
Os responsáveis por esse traçado são a Mafratlântico que passaram de 0,60€ para 1,55€, um tragecto que não sofreu qualquer alteração.
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