5 de maio de 2007

O candidato

Já no rescaldo do caso da licenciatura do Primeiro-Ministro (PM), José Sócrates, que para o bem ou para o mal já jaz, com pouca terra por cima mas já jaz, coloquei há dias, num pequeno grupo de amigos, cuja posição perante o mesmo divergia, um cenário prospectivo para análise, sobretudo àqueles que adoptam uma posição de tipo «who cares», «há coisas mais importantes» ou «não há alternativas». São sempre tiros laterais, desculpabilizantes e que não vão ao fundo das coisas. Porém, aqui como em tudo, cada qual come do que gosta. Eu não gosto e por isso não como. Adiante! O cenário era, aliás, elementar e consistia numa simples pergunta lançada para a fogueira da conversa: «alguém vê o Sócrates como candidato do PS à Presidência da República?» Surpreendi, então, alguns volteios na cadeira, uns menear de rostos, alguma incomodidade nos sectores mais rosáceos mas não vislumbrei nenhuma resposta afirmativa. O máximo que consegui foi um tímido «talvez»! É que, descontando o fenómeno Santana Lopes, que não chegou a PM por via directa, digamos, assim, qualquer vulgar cidadão da Pólis consegue ver todos os outros ex-PM eleitos como potenciais e bons candidatos das respectivas áreas políticas. E Sócrates?! Ninguém agora se atreve a afirmá-lo peremptoriamente. Porque será! Será só porque está agora a meio do mandato? Creio que não e até acho que há umas semanas todos responderiam afirmativamente. Eu, seguramente, sim.

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16 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro Politikos,
para ser completamente honesta, nunca admiti a possibilidade de ver o Cavaco Silva como PR, mas nas últimas eleições, se tivesse havido 2ª volta, não teria hesitado em votar nele. Cenário para mim, há pouco mais de um ano, completamentte impossível.
Quanto ao Sócrates, a resposta, "por ora", é não, e já era não, independentemente do que sucedeu. Não obstante ter votado nele para PM.

sábado, maio 05, 2007 9:54:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

P.S. Sou daquela que sempre votou, e julgo que sempre vou votar. Mesmo quando os candidatos não me satisfazem.
Tal como Winston Churchil disse um dia relativamente à democracia (o pior dos sistemas, à excepção de todos os outros), prefiro votar no menos mau do que não votar.

sábado, maio 05, 2007 9:58:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Cara Atenas
A «fornada» de ex-PM é a que mais candidatos fornece à PR. Sócrates poderia vir a estar nesse «clube», tal como estão Guterres, Durão Barroso, para falar só nos mais recentes.
Cavaco sempre foi para toda a gente um potencial candidato a PR.
Sócrates está, agora - acho eu - completamente fora do «baralho». Acho notável que v., embora eu desconte aqui a sua potencial ou real «costela rosácea», ainda ponha o «por ora». Só um amigo meu, e há alguns bem comprometidos com a «rosa», conseguiu dizer «talvez» a essa mesma questão. Pelos vistos v. tb! Acho isso verdadeiramente inacreditável mas é o que temos, de facto; e quando os cidadãos da Pólis não são exigentes em relação às primeiras figuras do Estado, está claramente visto o «estado da Pólis»...

sábado, maio 05, 2007 12:28:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Pois, minha cara Atenas, cá recebi o seu «recado» de que Vexa é «daquelas que sempre votou» embora até admita poder não o vir a fazer no seu «julgo que sempre vou votar». Bom proveito lhe faça, pois! Eu, como já aqui disse, ou acredito e voto ou não acredito e não voto. Não colhe aqui a frase do Churchil relativamente ao regime. O que está em causa não é o regime. Eu acredito no regime - se há coisa em que eu acredito piamente é na democracia - não acredito é nalguns agentes do regime. E é por acreditar no regime que vou sempre votar (só por uma vez não fui e por manifesto impedimento). Mas, claro, faço-o muitas vezes - a maior parte delas, aliás - branco ou nulo. E tenho quase a certeza que vou continuar assim.

sábado, maio 05, 2007 12:38:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Politikos,
há-de ter reparado que cuidei de colocar aspas no "por ora"; e fi-lo pela razão simples de que tenho dificuldade em dizer, com certezas absolutas, o que irei fazer daqui a alguns anos (e certamente serão quase dez, se o actual PR continuar como tal, como tem sido tradição): dependerá da situação política desse momento, dos candidatos, etc. (e não sei fazer "futurologia"). Pelas mesmas razões tive o cuidado de dizer que "julgo" que sempre irei votar (pois conto viver mais umas boas dezenas de anos e é muito tempo para ter as tais certezas absolutas. Aliás, ao contrário de certa pessoa, já errei - e certamente irei errar no futuro - e tenho sempre muitas dúvidas).
Não sei se quis, no último parágrafo do seu 1.º comentário, dizer-me alguma coisa, mas julgo (de novo...) que não; razão pela qual só posso dizer que, de facto, temos os políticos que merecemos, quer porque votámos neles, quer porque votámos branco/nulo ou nem sequer votámos.
Um bom fim-de-semana para Vexa (sempre com maiúscula...) ;-)

P.S. Não sou "rosa" mas encarnada, do Benfica...
E politicamente tenho dificuldade em rever-me nos ideais (ainda os há?!) de algum partido: em todos reconheço ideias que me agradam, em todos vejo pessoas válidas mas em todos vejo, cada vez em maior quantidade, verdadeiros "filhos da p." (desculpe ter baixado o nível...)
:-)

sábado, maio 05, 2007 1:59:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Atenas
Todas as nossas afirmações são «por ora», minha cara; são feitas neste momento, com os dados deste «momento», colocar um «por ora» onde o colocou introduz mais que uma modalização do discurso, introduz uma valoração da situação que, a mim, me parece quase uma obscenidade... sendo que isso baixa mais o nível do que a sua expressão final, na qual nem sequer me revejo...
Há-de convir, ainda, minha cara, que há todo um um mundo entre o «por ora» e os «filhos da p.», ou seja, quem tem necessidade de modalizar o discurso com um «por ora», não pode acabar com um «filhos da p.»... Parece-me?!
Quanto ao «votar» ou «votar em branco ou nulo» - agora coloca as coisas com rigor: não é «não votar» - se se souber fazer as leituras um voto branco ou nulo pode ter muitas... Imagine que 60% ia às urnas e votava em branco, não acha que isso teria consequências na renovação do «pessoal político»?! Eu acho que sim!
Tenha v. (você) ou Vexa (Vossa Excelência) também um excelente fim-de-semana...
É «rosa» pelo menos porque votou no PS e no Sócrates. Sendo «encarnada», do Benfica, só posso lamentar a falta de gosto, mas enfim... ;-)
Quanto aos «filhos da p.» - expressão que não uso em nenhuma circunstância - vejo-os em todo lado e não apenas na política, razão pela qual - reafirmo - não me revejo no seu comentário... mas está desculpada...
:-)

sábado, maio 05, 2007 7:15:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para mim, há meses atrás, seria uma hipótese (digo hipótese por desconhecimento de outros candidatos). No presente um NÃO. Continuo a dizer que concordo com M.Mendes. Sem dúvida que estaria sempre em causa o carácter da 1ª figura de Estado. Os assuntos "adormecem" mas "acordam" quando necessário!!
Mais acrescento que o caso da CML vem mesmo a calhar para o "adormecimento" da licenciatura.

sábado, maio 05, 2007 8:25:00 da tarde  
Blogger Luísa A. said...

Pois eu alinho, desde há anos, no «partido» da abstenção, que é, apesar de tudo, o que mais amedronta os nossos políticos. A questão de votar no Sócrates para PR não se me coloca, portanto, nem remotamente. Mas ainda que tivesse por hábito ir às urnas, o Sócrates, com a sua forma de estar – agora apenas tornada clara com o episódio da licenciatura – seria, seguramente, a última das minhas escolhas. Perdoar-me-ão este radicalismo, mas o homem, mais ainda do que o político, irrita-me supinamente! :-D

sábado, maio 05, 2007 9:09:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Sem dúvida, caro Anónimo, concordo com tudo o que diz. E a questão do «adormecimento» por via do caso CML tb já me tinha ocorrido e cai como «sopinha no mel» para Sócrates e para toda a classe política que sai, aliás, muito mal nesta fotografia. Embora tb me pareça que o caso da licenciatura já não tivesse lá muito mais para dar. Nele ou se tomavam as devidas ilações ou não se tomavam. Não se tomaram. E o PM da nossa Pólis é agora alvo da chacota geral, desde o cigano da feira autuado pela ASAE que diz que se ele vende contrafacção o diploma do PM tb é contrafeito até ao congresso com o ministro das Obras Públicas que arranca uma gargalhada geral da plateia quando refere ser eng.º civil, inscrito na Ordem. Eu próprio já participei numa reunião recente em que esse assunto foi alvo das mais diversas piadas. Claro que alinhei na «coisa» mas lá bem no fundo entristece-me. É que falamos do PM da Pólis...

domingo, maio 06, 2007 9:01:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Sem dúvida que o «partido da abstenção» é o mais temido pelos políticos, porém, cara Luar, desse modo mistura o seu «voto» com o dos desinteressados e apáticos da Pólis... Bem sei que não vota nem votaria no Sócrates, mas concorda certamente que, com o seu percurso, poderia vir a ser um bom candidato a PR.

domingo, maio 06, 2007 9:07:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Ó faxavor, essa do "who cares" tem direitos de autor, sim? Pediu licença ao KT para a usar???
Bom, se não se vê o Sócrates como presidenciável, não vejo em que é que o Durão Barroso o seja mais... "Por ora" a questão não se coloca, mas em devido tempo... veremos. E será que o Guterres é assim tão presidenciável como se diz, o célebre criador do "pântano" que bateu em retirada? É que nas próximas, daqui a uns 9 anos, já muita água passou debaixo das pontes, e tudo isso se desfez na espuma dos dias. Por isso Cavaco foi derrotado (e bem) por Sampaio e voltou em triunfo 10 anos depois. Os que estavam fartos dele em 95 já tinham saudades em 2005. Por isso, eu vejo (pelo menos para ir a contra-corrente) o Sócrates como presidenciável em 2015. E, como bem sabe, eu não sou rosa, tenho o BOM GOSTO de ser encarndo! :-)

terça-feira, maio 08, 2007 12:54:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Aliás, comparado com a pouca vergonha que se passa na Câmara Municipal de Lisboa, com nomeações oportunistas à pressa, o caso do diploma de Sócrates não passa dum "fait divers" (leia-se "fáite dáivars" :-) :-) :-) )

terça-feira, maio 08, 2007 1:59:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

o caro Polítikos proõe cada cenário prospectivo para análise aos seus amigos.... tivesse-lhe antes perguntado se lhe comprariam um carro em 2ª mão e iria ver como a resposta seria muito mais pronta.

nota: o Lexus não conta ;)

terça-feira, maio 08, 2007 5:22:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Ora bem, Kroniketas
1.º Estive para pôr um link para as KT no «who cares», mas não quis que isso fosse entendido como provocação susceptível de nova polémica; até porque este é um assunto onde decerto não nos iríamos entender, tal a distância das nossas posições; mas é verdade, sim senhor, os créditos da expressão aplicada a este contexto é das KT e estava exactamente a pensar nas KT quando a lá pus;
2.º O Durão Barroso e o Guterres são obviamente presidenciáveis, o Sócrates é obviamente não-presidenciável, basta ver os cargos para os quais foram convidados no «day after» ou antes dele, para se perceber que aquilo é «gente» de outra estatura, de outra densidade política e cultural.
Veremos, então, quais os cargos para que o Sócrates será convidado e se é ou não presidenciável daqui a 9 anos!
Eu acho que não é.

terça-feira, maio 08, 2007 11:25:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Eu, por sinal, acho o caso CML, comparado com o do Sócrates, de muito menor gravidade, primeiro porque se trata da CML e não do (porventura) mais importante órgão de soberania da Pólis, e depois porque no caso da CML não indícios de qualquer aproveitamento pessoal por parte do Carmona e no de Sócrates há.

terça-feira, maio 08, 2007 11:30:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Tenho esta mania, caro Meteco, o que se vai fazer?! E qual é que acha que seria a resposta dos meus amigos à sua pergunta? ;-) :-) :-) Eu acho que os resultados não diferiam muito!

terça-feira, maio 08, 2007 11:32:00 da tarde  

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