24 de novembro de 2007

Independência absoluta, até quando?!

Há umas semanas, o Ministro das Finanças mandou às malvas uma decisão da Caixa Geral de Aposentações (CGA) relativa à situação de uma funcionária administrativa de uma junta de freguesia obrigada a ir trabalhar sem se poder mexer. As imagens televisivas impuseram-se. Viu-se a própria, em casa, no trabalho, ouviram-se os pais, os vizinhos, os colegas. Aquilo nem sequer era um problema psiquiátrico que suscitasse dúvidas, era um problema fisiológico comprovado. O absurdo saltava aos olhos. E chocava-nos. O Ministro mandou a CGA reavaliar o processo. Até lá, a funcionária fica em casa. Ouvi mesmo o Ministro referir já ter dado ordens para que o vencimento continuasse a ser processado. Aplaudi. Alguém tem de ter o poder de anular as decisões. O absurdo tem de ser corrigido.
Esta semana, a Justiça da Pólis mandou teimosamente entregar Esmeralda ao pai biológico. A lei até fala no superior interesse da criança. Os relatórios técnicos são unânimes em reconhecer os perigos para a criança da mudança de ambiente. A Justiça, soberana e estúpida, decidiu sem ter isso em conta. Ao contrário da decisão da CGA, ninguém, além da própria Justiça, pode corrigir o absurdo. Mas alguém tem de ter esse poder.
Esta semana, ainda, a Justiça da Pólis chancelou o despedimento de um cozinheiro portador do VIH. Os relatórios técnicos foram unânimes em referir que não existia perigo para a saúde pública, mas a Justiça decidiu de forma soberana, estúpida, preconceituosa. Ao contrário da decisão da CGA, ninguém, além da própria Justiça, pode corrigir o absurdo. Mas alguém tem de ter esse poder.
Creio poder afirmar que a maioria de nós aplaudiria se alguém: a Assembleia da República, ou até mesmo o Presidente da República, através do Conselho de Estado, por exemplo, já não digo o Governo, que talvez seja assisado deixar de fora, pudesse chamar a si estas duas decisões judiciais e anulá-las. Seria uma decisão pública, com os fundamentos publicados em Diário da República. O escrutínio acerca da justeza da decisão caberia a nós, povo, em nome do qual os juízes administram a Justiça.

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37 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro Politikos,
já leu as explicações que o Conselho Superior da Magistratura deu a propósito desses assuntos, a pedido dos Senhores Juízes Desembargadores do Tribunal da Relação de Lisboa e de Coimbra?; ou leu apenas o que consta da comunicação social?; ou leu mais alguma coisa (por exemplo os acórdãos) e onde?
E se leu as "explicações", leu antes ou depois de fazer o "post"?
É que dependendo da sua resposta assim poderei comentar.
:-)

sábado, novembro 24, 2007 12:55:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

mas eu comento já. eu estou como os defuntos gatos fedorentos:tenho muitas dúvidas no caso da esmeralda e discordo frontalmente do caro Políticos no caso do cozinheiro.
quanto ao caso esmeralda já alguém se lembrou de perguntar à miúda com quem é que ela quer ficar. no caso da esmeralda penso que se a míuda já tem vai para seis anos já sabe verbalizar o mundo dos seus sentimentos. a esmeralda de hoje não é a mesma de ontem. quem define o superior interesse de uma criança de seis anos? e ela pode dar a sua opinião?... é muito complicado e não tenho certezas de nada. juridicamente e pelo nada que percebo de direito parece-me que a decisão está correcta de acordo com as nossas leis. também sei que desde 2002 salvo erro tinha a miúda dois anos o tribunal a mandou entregar ao pai, decisão que nunca foi cumprida o que até me causou bstante estranheza pois todos sabemos como as leis se cumprem e as decisões dos tribunais são respeitados nestes país.
se essa decisão o tivesse sido, o amigo políticos concordaria ou não?
como disse...tenho dúvidas.
concordo com a decisão do tribunal no caso do cozinheiro. se eu tivesse um restaurante e tivesse um empregado portador de hiv ( sida, um vírus que provoca uma doença para a qual ainda não há cura)e a trabalhar na cozinha
eu talvez o não despedisse e o passasse para outras funções, não sei, não é essa a questão.a questão é que ele pode por em risco a saúde dos clientes. imagine que o homem se corta e não se apercebe... creio que há , no mínimo, risco. e note-se que o rapaz não foi despedido por justa causa como para aí se apregoou apenas lhe não foi renovado o contrato mas isso é já parte de outra história que é esta antiga e nossa apagada e vil tristeza ou vice-versa.

domingo, novembro 25, 2007 12:35:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Cara Atenas
Creio que sabe que, mesmo para este blogue, costumo fazer o TPC. Antes de fazer o poste, fui, designadamente, ao site do CSM ver o que havia. Como sabe, já havia lido, nesse mesmo site, o acórdão do tribunal de Torres Novas quando em tempos comentei o caso Esmeralda. Portanto, sei que existe e uso-o de quando em vez. O site é lento e mau. Mas, como sou paciente, insisti. Ao fim de largos minutos (note que tenho uma ligação ADSL), lá consegui entrar. Pesquisei «cozinheiro». Nada. Pesquisei «Esmeralda». Nada. Usei a cabeça e fui à zona «Circulares, comunicados e outros actos». E nada. E fiz o poste. Já depois do seu comentário, voltei lá e descobri realmente um «Comunicado» mas na zona «Notícias»?!?!? Realmente assim não dá. É «Comunicado» e não está nos «Comunicados», está em «Notícias»?!?!?! Com um site sem uma pesquisa minimamente eficaz e uma organização medíocre, não dá. Presumo que na casa do Senhor Presidente do CSJ, a sanita esteja na casa-de-banho e não na sala. É o que é expectável. Mas mesmo que esteja na sala, ele tem esse direito, seria bom que na casa-de-banho se dissesse que ali, na casa do Senhor Presidente do CSJ, a sanita está na sala. Era o mínimo.
Encontrei «explicações» sobre o caso do cozinheiro, feitas, como diz, «a pedido dos Senhores Juízes Desembargadores do Tribunal da Relação de Lisboa e de Coimbra?», mas nenhuma sobre o caso Esmeralda. Sobre o cozinheiro, o texto é curto, pouco claro, pouco fundamentado e muito pouco convincente. Além de enfermar de uma postura processual-passiva. Está no processo, considera-se, não está, não se considera, ainda que sejam dados do domínio público, e não se pedem explicações.
Estou certo, porém, que se Vexa falou nisso é porque sabe onde estão as explicações do caso Esmeralda! Mande-me os links. Os acórdãos não conheço e gostava?! Estou certo, porém, que se Vexa falou nisso é porque sabe onde estão? Mande-me os links. E certamente já leu tudo: explicações e acórdãos.
Deixe-me dizer-lhe ainda que eu não tenho obrigação de ir ao CSM para comentar uma decisão judicial. O CSM é que tem de vir a mim e demais cidadãos da Pólis. Se não concorda com algo que surgiu nos jornais, o CSM escreve para os jornais e pede publicação ao abrigo do direito de resposta, que até está consagrado na lei. Não espera, certamente, que todos os cidadãos vão ao site do CSM sempre que querem comentar uma sentença judicial. Querem lá ver?! É a Justiça que tem de vir ao povo e povo lê jornais e vê televisão e é aí que prioritariamente a Justiça deve ir esclarecer por que é aí que ela é posta em causa. Percebe isso!?
Saiba, por último, ser esta a última vez que comento sob condições suas. Já o fiz, esta não é a sequer a primeira vez, mas não o farei novamente. Se quiser comentar com os dados que existem no poste e depois colocar questões, muito bem. Se for para não comentar e «inquirir», remetendo o comentário para depois das «inquirições», mais vale nada dizer. Até pode colocar questões, insinuar que não li, aconselhar-me a ir ao site, mesmo sem dar links, o que quiser, mas não colocar condições para comentar neste blogue. Manda, porém, a cortesia a boa educação e o gosto que tenho pelos seus comentários que desta feita responda e a avise que, neste termos, é a última vez que o faço.
Bom fds

domingo, novembro 25, 2007 1:31:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Caro Meteco
Ainda bem que comenta. No caso Esmeralda, a situação é a de hoje, não a de ontem. E hoje, a criança quer ficar com quem tem estado desde que se conhece. É evidente! Parece que até teve uma crise quando soube pela televisão – outra coisa curiosa – que ia ser entregue ao pai biológico. Se tivesse sido aos 2 anos, concordaria que o fosse. Hoje não! É muito simples. Já não há condições para que isso aconteça. A lei é instrumental e serve a Justiça. Não é a Justiça que serve a lei.
Sobre o cozinheiro, o homem põe tanto em risco a vida dos clientes na cozinha como se fosse empregado de uma repartição. Então que profissões lhe restam?! E fazemos o quê?! Criamos gafarias?! Ou recomendamos algumas precauções?! Ninguém por aqui disse que ele foi despedido com justa causa, disse-se que «a Justiça chancelou o despedimento de um cozinheiro». Por acaso já havia lido que o contrato estava a chegar ao fim, mas mesmo que tenha sido isso - e isso não resulta claro do comunicado, que aquela gente parece não saber escrever de forma clara - acha que não lho renovaram porquê?

domingo, novembro 25, 2007 1:40:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro Politikos,

Uum ponto prévio.

Não me recordo de lhe ter imposto quaisquer "condições" para comentar um post seu nem o fiz aqui. E ainda que não se utilize a expressão "condições", também não me recordo de lhe ter feito perguntas (muitas ou poucas, e para poder comentar) antes do comentário de ontem, mas admito como possível: já o fiz noutros blogues que comento.
No entanto, julgo que se já o fiz aqui foram tão poucas que se contam pelos dedos de uma mão o que, contabilizando um ano de comentadora, não justifica, na minha opinião, a sua reacção.
Deixe-me esclarecer que, no caso concreto deste "post", lhe coloquei as questões que coloquei porque não sou de fazer insinuações: digo o que tenho a dizer com toda a clareza.
E sei que Vexa é uma pessoa que pensa e medita no que escreve e, precisamente por isso, fiquei surpreendida com a utilização de dois adjectivos que me parecem muito fortes («estúpida» e «preconceituosa»), tanto mais que o Politikos não costuma enveredar pelo campo dos adjectivos.
Senti pois, por cautela, necessidade de perceber quais eram as bases para tais afirmações.

Vexa não é obrigado a responder às minhas perguntas. Peço-lhe que o faça, se o fizer, apenas porque quer. Tal como eu só o comento se o quiser fazer e nunca por cortesia ou boa educação, embora também tenha uma e outra.

Quero ainda dizer-lhe que tem toda a razão no que respeita ao site do CSM; mas não é só aqui que o comunicado está publicado e verifico que tem, na barra do lado direito na página das postagens, pelo menos um blog que o encaminharia para o tal comunicado.
Também concordo inteiramente consigo quando diz que é a justiça que tem de vir ao povo e, infelizmente, fá-lo poucas vezes e nem sempre bem.
Mas é diferente a crítica que faz no seu comentário ao péssimo site do CSM e à má informação que o CSM (não os magistrados, que estão impedidos por lei de o fazerem) presta aos cidadãos da crítica que faz a duas Decisões, adjectivando-as, sem lhes conhecer o teor.
E para lhe poder responder aos adjectivos, precisava de saber o que é que o Politikos realmente sabia e quais eram as suas fontes.

Adiante.
(o comentário segue noutro espaço, porque tenho receio de que não caiba tudo aqui embora me estaja a esforçar para ser sintética)
:-)

domingo, novembro 25, 2007 11:42:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Comentando o seu post.

No que concerne ao caso Esmeralda: se leu o acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra (publicado a pedido dos Senhores Juízes Desembargadores do mesmo) não precisa de qualquer link e sabe que não se decidiu "teimosamente" entregar a Esmeralda ao pai biológico: a decisão não era fácil nem em termos jurídicos nem em termos de facto. Pode-se discutir os argumentos, claro, mas a expressão "teimosamente" não é justa, se leu de facto o acórdão.
Suscitaram-se dúvidas quanto ao momento em que a criança seria definitivamente entregue ao pai biológico: o TRC veio esclarecer que seria no Natal. A Esmeralda está a ser acompanhada por vários técnicos e médicos; há, naturalmente, dúvidas se tudo irá correr bem ou não. Quando estão em causa seres humanos é assim.
Mas o que lhe queria de facto dizer é que no que diz respeito aos menores e, designadamente, à regulação do poder paternal, as sentenças/decisões nunca são (nem podem ser) definitivas. Sublinho: nunca são nem podem ser: é a própria lei que o diz (e bem).
Basta que haja alterações das circunstâncias (ou, no caso em apreço, as "coisas" não estejam a correr como o previsto e no "superior interesse da menor") para que, legitimamente, o tribunal (sublinho, o tribunal) possa tomar outra decisão, eventualmente diferente da anterior.
O que seria bom neste caso é que os pais afectivos e biológicos se importassem verdadeiramente com o bem-estar da Esmeralda e não a instrumentalizassem… (mas esta questão está "a latere" do teor do seu post pelo que me fico por aqui).

No que diz respeito ao caso do cozinheiro.
As "explicações" que constam do comunicado foram feitas a pedido dos Senhores Juízes Desembargadores do Tribunal da Relação de Lisboa e procuram esclarecer três pontos.
O primeiro diz respeito à forma como cessou o contrato de trabalho. Não houve despedimento. Com ou sem justa causa. O que houve foi caducidade do contrato. E como desconheço o teor do contrato desconheço se no caso havia ou não possibilidade de renovação. Mas se houvesse, seria interessante discutir se a entidade patronal era "obrigada" a renovar o contrato só para não ser apelidada de "preconceituosa" (mas isto, mais uma vez, está a "latere" do teor do seu post).
O segundo diz respeito aos "relatórios técnicos" que, no seu entender "foram unânimes em referir que não existia perigo para a saúde pública". Julgo que o comunicado, ao contrário do que afirma na sua resposta ao meu comentário inicial, é bastante claro: não houve quaisquer relatórios técnicos juntos ao processo. Contudo, inquiriram-se vários médicos, cujos depoimentos estão gravados, tendo sido dado como provado que «O vírus HIV pode ser transmitido nos casos de haver derrame de sangue, saliva, suor ou lágrimas sobre alimentos servidos em cru ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida na mucosa de qualquer espécie».
Acresce que este facto podia ter sido posto em crise por qualquer das partes em sede de recurso, e não foi.
O terceiro está relacionado com o segundo e diz respeito ao facto de ao Tribunal da Relação de Lisboa não ter sido pedido (e podia ter sido, designadamente pelo cozinheiro) que reapreciasse a prova produzida. E em direito civil e laboral os tribunais só apreciam o que lhes é pedido (e julgo que bem, aliás).

Caro Politikos,
Repito o que já disse. Fico sempre surpreendida quando se adjectivam decisões das quais não se conhece o teor.
E mesmo que não lhes conseguisse conhecer o teor, a crítica nunca poderia ser à decisão mas ao modo como a justiça que é feita é revelada aos cidadãos. Talvez pudesse postar sobre porque razão o CSM não esclarece com qualidade as dúvidas dos cidadãos e só o faz, muitas vezes mal, quando os magistrados lhe pedem, quase por favor…
Um bom fim-de-semana para todos.

P. S. Envio-lhe, em tempo, um sorriso franco que espero seja o suficiente para desalojar do seu espírito alguma réstia de mau feitio...
:-)))

domingo, novembro 25, 2007 11:54:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Por razões de honestidade intelectual, e ainda que nem todos os leitores do meu comentário pudesse perceber a "nuance", quero corrigir as frases "Não houve despedimento. Com ou sem justa causa. O que houve foi caducidade do contrato":
o que está correcto é dizer que a entidade patronal não despediu (com ou sem justa causa); o que a entidade patronal sustentou é que tinha ocorrido a caducidade do contrato.
:-)

domingo, novembro 25, 2007 12:11:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

tudo bem, caro Politikos...são pontos de vista ...embora continue a achar que há uma gradação de risco entre um cozinheiro e um empregado de uma repartição.
tenha uma boa semana!

e a malha que o VPV deu no tavares?

domingo, novembro 25, 2007 5:41:00 da tarde  
Blogger Luísa A. said...

Meu caro Politikos: não acompanhei estes dois casos senão pela comunicação social e superficialmente. Fico mais esclarecida sobre ambos com a leitura do seu «post» e dos respectivos comentários. No caso da Esmeralda, também me choca um pouco que não fique à guarda de quem parece cuidar dela desde recém-nascida. Ainda assim – e como em tempos comentava, creio que aqui, no seu «blog» - ainda conservo alguma fé na nossa justiça (embora me confranja a sua lentidão).

segunda-feira, novembro 26, 2007 8:29:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Atenas
Começo pelo fim, Vexa diz: «fico sempre surpreendida quando se adjectivam decisões das quais não se conhece o teor». Isso é aplicável só à Justiça ou é também à Política, à Economia, à vida?! É que se for assim, Vexa nunca adjectivará nada, porque nunca conhece tudo. Não estamos na Faculdade, estamos na vida. Comentamos com base nos dados que conhecemos e se depois se juntam outros modificamos a opinião ou solidificamo-la. Aliás, mais ou menos como nos tribunais. Não tem pois de se surpreender. Deixe-me dizer-lhe, antes mesmo de comentar o teor do seu comentário que fiquei a pensar nele. E dou comigo, baseado apenas nos seus comentários neste blogue, a questionar-me sobre qual o papel que Vexa desempenha nessa máquina que é a Justiça:
1.º Vexa aqui há uns postes atrás fez-me uma ligeira precisão que eu estranhei e logo disso lhe dei conta: tratei o presidente do Sindicato dos Juízes por «juiz António Martins» e Vexa apressou-se a corrigir para «juiz-desembargador António Martins»; depois de me dizer que o conheceu em tempos idos;
2.º E neste dei-lhe propositadamente um «toque» sobre a expressão «a pedido dos Senhores Juízes» e Vexa não só não o acusou como insistiu e continuou a tratá-los assim; atitude que acho reverente, estranha num bloggue e contrastante com a que tem, por exemplo, acerca dos políticos sobre os quais não mostra nenhuma reverência, mas pelo contrário algum desprezo; estranho porque os segundos têm uma importância social estratégica incomensuravelmente maior do que os segundos que têm apenas uma importância operacional;
3.º Depois intriga-me a frase-conselho: «Talvez pudesse postar sobre porque razão o CSM não esclarece com qualidade as dúvidas dos cidadãos e só o faz, muitas vezes mal, quando os magistrados lhe pedem, quase por favor…» que demonstra um conhecimento a meu ver inusitado da situação;
3.º Por último, é o tom; veja que o seu tom habitual é despreocupado, brincalhão, irónico; neste é sério, explicativo, substantivo; parece-me que Vexa tirou uma «capa» e vestiu outra;
Adiante, são apenas conjecturas…
Sobre o ponto prévio:
1.º Vexa disse que comentava depois de eu lhe responder a várias perguntas: 1.ª Se havia lido as explicações do caso do cozinheiro?; 2.ª Se havia lido as explicações do caso Esmeralda?; 3.ª Se havia lido o acórdão do caso do Cozinheiro?; 4.ª Se havia lido, os acórdãos do caso Esmeralda? Foram estas as condições e foram quatro. E eu devolvi-lhe as perguntas e pedi-lhe os links, mas Vexa ignorou isso; a menos que as perguntas tivessem alguma sofisma e eu acho que tinham. Acho que Vexa pelo menos não leu o acórdão do caso do cozinheiro mas da sua pergunta até parece que sim; de onde Vexa comenta com base num comunicado… e opina sobre os meus adjectivos mesmo sem conhecer o teor do acórdão, mas isso já nos remetia para a filosofia que não colhe aqui…; já lhe expliquei e repito que, como cidadão não tenho de conhecer o site do CSM ou outros; como cidadão comento com base nos órgãos de comunicação social; se alguém a ofende num jornal, Vexa reage, primeiro com uma queixa ao jornal, ao abrigo do direito de resposta; a Justiça parece que não o faz; é-me, pois, inteiramente lícito comentar com base nos jornais e não preciso de conhecer o teor dos acórdãos; até porque a maioria deles não são públicos nem devidamente divulgados como deveriam; é a Justiça que me deve explicações; mas também lhe mostrei que até as procuro só que a Justiça não as mostra ou tem-nas mal organizadas: o exemplo do site do CSM é elucidativo; na primeira página até tem o nome dos presidentes - que é uma informação de suma importância, em vez de ter, por exemplo, o comunicado do caso do cozinheiro?!?!??! Ora, aquilo não é um site histórico, nem uma feira de vaidades, nem uma enciclopédia, é um site informativo e de serviço público;
2.º Uso parcimoniosamente os adjectivos, como diz e bem; em ambos os casos usei-os e bem, e não me arrependo; posso dizer-lhe até que fiz as coisas por baixo; o que me apetecia dizer era pior do que o foi escrito;
3.º Comenta depois o site do CSM e distingue o site do CSM dos juízes, mas a informação do site não é elaborada por juízes?!; não me interessa se são os mesmos que tomaram a decisão; isso é problema interno da Justiça, não é meu, se calhar resultado da demasiada autonomia que têm;
4.º Sobre o caso Esmeralda, não há dúvidas nenhumas por parte dos técnicos; os técnicos até já abandonaram o caso por discordância com a sentença; a sentença é – a meu ver - estúpida, teimosa e absurda, não em si mesma, mas pelo momento em que é tomada e não acautela o «superior interesse da criança»: aliás bastaria perguntar à criança com quem queria ficar que ela logo lhe responderia;
5.º Diz depois que a sentença não é definitiva; quer dizer que se seis meses depois, a criança entrar em depressão profunda, tentar suicidar-se ou qualquer outra coisa, o tribunal poderá reavaliar a decisão e devolvê-la aos «pais adoptivos» (chamemos-lhes assim); isso é monstruosamente mecanicista: parece que estamos a falar de um electrodoméstico; ah pois, «com seres humanos é assim»…;
6.º Sobre o caso do cozinheiro; vamos lá a esse. O comunicado para mim não é claro, nada claro mesmo; se quiser podemos discuti-lo em pormenor; está até mal escrito e tem erros de sintaxe que considero imperdoáveis não num «Senhor Juiz» que pode errar como todos nós mas num site, em que supostamente aquilo é lido por várias pessoas, não é aceitável que algumas coisas lá estejam como estão; mas deixemos os pormenores formais; sobre o primeiro ponto: a frase do comunicado diz «a entidade empregadora considerou a existência de caducidade do contrato de trabalho»; parece querer dizer: «a entidade empregadora decidiu não renovar o contrato»; a minha formulação é clara – desculpar-me-á a presunção; como está, parece que a entidade entendeu/considerou mas o tribunal não conclui nada, nem se pronuncia; sobre o segundo ponto, é evidente que «O vírus HIV pode ser transmitido nos casos de haver derrame de sangue, saliva, suor ou lágrimas sobre alimentos servidos em cru ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida na mucosa de qualquer espécie», tanto quanto sei se for em certa quantidade e se esses fluidos forem tocados imediatamente pelo consumidor que deverá ter uma ferida na boca?!?!?; imagino que o cozinheiro não esteja a suar em bica e com o suor a escorrer para cima dos alimentos – crus, atenção que falamos portanto de saladas – ou a cuspir para cima dos vegetais ou com hemorragias nasais a verter para cima dos mesmos vegetais; note que como o vírus do VIH sobrevive pouco tempo em contacto fora do organismo humano: o tempo de transporte do prato da cozinha para a mesa é suficiente para erradicar o vírus; está-se a ver, pois, o grande risco de contágio em que incorriam os frequentadores do restaurante. Aliás, se isso ficou provado – eu já sabia e não precisei de ouvir depoimentos médicos - bastaria que o cozinheiro deixasse de manipular alimentos em cru, por exemplo. Sobre o terceiro, pouco há a dizer, a sua resposta é elucidativa: consta, muito bem, não consta, azar; contestou, analisa-se; não contestou, azar; olhe, ponham lá máquinas a julgar, custa muito menos e fazem o mesmo serviço. Isso é ser juiz? Isso é ser aplicador de lei e de procedimentos; note que isto vale também para o segundo ponto, onde, curiosamente, apesar de não haver os tais relatórios, o tribunal ouviu vários médicos?!?!?; então, mesmo sem relatórios, o tribunal parece que soube pedir depoimentos médicos?!?!?
Por último, uma referência ao seu último parágrafo e às tais «nuances»: deixe-me dizer-lhe que o que chama de «honestidade intelectual», no seu último parágrafo, é exactamente um dos pontos que eu critico, é demissão em opinar; eu posso querer saber o que a entidade patronal opinou, o que o cozinheiro opinou, mas interessa-me sobretudo saber, o que o tribunal concluiu. E aí ou o tribunal considerou haver caducidade do contrato ou não considerou. Desconto-lhe ainda o ar vagamente paternalista e condescendente, além do carácter «iniciático» que parece querer colocar sobre a «opinação» acerca de questões de Direito. Haja paciência, minha cara; haja paciência.
Finalmente, o fundamental do poste, e que Vexa não comentou e eu gostaria, é a questão da «independência absoluta» do poder judicial que, a meu ver, é um resquício absurdo e ainda não erradicado da Revolução Francesa e que, obviamente na minha perspectiva, não faz qualquer sentido nos dias de hoje.
Boa semana

segunda-feira, novembro 26, 2007 9:50:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Caro Meteco
É como diz, são pontos de vista. Mas imagine que o empregado da repartição tem uma função de atendimento público e que atende centenas de pessoas por dia, a quem cumprimenta, com quem fala, em quem toca. E se ele tiver uma ferida na mão e a pessoa com quem falar também tiver?!?!? E se um perdigoto de saliva for parar às gengivas de alguém que tenha uma ferida?!?!?! Olhe que é mais fácil acontecer isso do que v. comer uma salada feita pelo cozinheiro, cujo tempo de transporte do prato para a mesa é suficiente para acabar com o vírus. É a isto que me referia.
Presumo que o VPV seja o Vasco Pulido Valente e o Tavares o Miguel Sousa Tavares, mas confesso-lhe que não vi a malha que refere.
Boa semana também. É bem-vindo quando quiser vir e comentar aqui.

segunda-feira, novembro 26, 2007 10:02:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Luar
Claro que a choca, a si e a (quase) todos nós. Mas olhe que o do cozinheiro também não é o menos. Olhe, ao contrário de si, eu pouca fé tenho. Isto para não dizer nenhuma. Passei mais de 40 anos sem recorrer directamente a ela e espero passar outros tantos, se durar até lá, sem que isso aconteça. É coisa que peço nas minas preces diárias. Acho que sairia desse contacto bastante amachucado e ainda mais descrente. E não é só a lentidão. É a lentidão, é a ineficácia, é o distanciamento da realidade, é o formalismo dos actos e dos processos, é o «aparato bacoco» dos tratamentos entre os seus membros, é a arrogância que lhes pressinto (pelo menos de muitos dos que aparecem em público), é a atitude desajustada do seu tempo, é a prosápia vazia, são até as anacrónicas vestimentas. E antes de ser acusado do que quer que seja, claro que comento e adjectivo sem a conhecer por dentro e apenas pelo que conheço por fora. É um direito que me assiste.
P.S. - Já agora se quiser comentar a independência, nos moldes em que actualmente existe, do poder judicial seria bem-vindo.

segunda-feira, novembro 26, 2007 10:13:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Politikos,
procurarei ser "telegráfica", dado o tamanho dos nossos últimos comentários :-)

1.º em geral procuro não adjectivar, seja sobre que assunto for: comentar/opinar não é adjectivar, necessariamente (na minha humilde opinião…);
2.º comento aqui como cidadã: é irrelevante o que faço na (e da) vida; também me é irrelevante o que Vexa faz na (e da) sua;
3.º o tom habitualmente despreocupado, brincalhão e irónico foi substituído pelo tom (sobretudo) sério pela simples razão de que verifiquei que Vexa estava irritado (e procuro ser mais cautelosa, e não brincar, nestas ocasiões, por respeito);
4.º não visto qualquer tipo de "capas"; tão pouco ando de fato: normalmente uso calças no inverno e saia e sandalitas no verão, acrescidos de camisas/camisolas e casacos :-P;
5.º expliquei a razão pela qual não enviei links; nunca disse que li o acórdão do cozinheiro – julgo que não foi publicado; li o acórdão da Esmeralda e percebi que Vexa também. Relendo fico na dúvida: Vexa diz que leu a sentença do tribunal de Torres Vedras? Mas essa foi publicada? Não sabia (sem ironia :-) ); só comentei sobre o comunicado porque só conheço o comunicado e mencionei-o para lhe dizer que, ao contrário do referido no seu post (e quanto a isto o Politikos continua sem nada dizer), o comunicado afirma (e presumo que não mente, mas, claro, "não ponho as mãos no fogo") que não foram juntos quaisquer relatórios técnicos;
6.º dei-lhe toda a razão (e subscrevi o que disse) no que diz respeito ao site do CSM e à necessidade que a Justiça tem de se dar a conhecer ao cidadão;
7.º quanto aos seus adjectivos, mantenho-me surpreendida e discordo da sua opinião; esclareço ainda que segundo consta dos órgãos de comunicação social, o tribunal apreciará, antes do natal, os pareceres médicos e técnicos, para avaliar se a decisão se mantém ou não: mas isto é o que dizem os jornais…;
8.º o tribunal ouviu médicos no caso do cozinheiro porque este e aquela que foi a sua entidade patronal pediram: são eles que expõem o caso e pedem que sejam produzidas as provas que entendem pertinentes;
9.º também eu lhe desconto o tom das suas respostas: bem sei que o Sporting empatou, não foi? :-)))
10.º e dado que voltei à despreocupação, não posso terminar sem me relembrar do post anterior a este… e vejo-o assim: "irritado, tentando disfarçar a irritação com uma assertividade dura mas formalmente educada"; sucede que eu não sou a "criatura de meia-idade, pequena, anafada”… Nops, sou uma morena alta, com olhos de tigresa, inteligente q. b. e não me importo nada de, pacientemente, discutir consigo, de viva voz, os três temas (esmeralda, cozinheiro e independência - estas caixinhas retiram grande parte da graça a uma boa discussão sobre estes temas :-D), sem "capas" de parte a parte - assim Vexa consiga dizer coisa com coisa, de tão atordoado que ficará ao vislumbrar a luminosidade da minha beleza…
:-)))

Uma boa semana para si.

segunda-feira, novembro 26, 2007 11:50:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Caríssima Atenas
Aos pontos 1, 2, 3, 4 – é impossível passar entre os pingos da chuva, cara Atenas?!?! Molhamo-nos sempre, sabe... ;-)
Ao ponto 5
É Torres Novas, Atenas; de 16 de Janeiro de 2007, Juíza Fernanda Ventura, Processo de Sequestro de Menor ?!?!?!?!?; Descritores: Crime de sequestro agravado?!?!?!?!?, Crime de subtracção de menor?!?!??!?!, Regulação do poder paternal, Recusa de entrega de menor a pai biológico; tenho-o no PC, se quiser mando-lho; foi retirado do portal Verbo Jurídico; foi só este que li, mas teria até interesse, embora meramente antropológico, em ler o último; sobre o cozinheiro, houve, a julgar pelo comunicado, um parecer mas como entrou fora de tempo, não foi considerado; houve vários relatórios técnicos referidos pelos jornais que trataram o assunto, alguns pedidos por eles, outros pela defesa do cozinheiro, todos no mesmo sentido, mas já se sabe que a Justiça apenas considera o que lá entra, no tempo que entra, o resto do mundo não existe, ainda que exista; também não ponho as mãos no fogo e também presumo que o comunicado não mente, mas ressalto o injusto – bom termo, este – que é para o cozinheiro um comunicado em que a Justiça respiga apenas o que lhe interessa do acórdão, sabe-se lá com que critério.
Ao ponto 6
Estamos de acordo.
Ao ponto 7
Óptimo. Não sabia disso. Mais diligências, mais perca de tempo, mais formalismos. Mas óptimo na mesma. Vale mais tarde que nunca. Aliás, já se sabe que as decisões dos tribunais estão sempre a mudar. Aguardemos.
Ao ponto 8
Pergunto o que lá faz o juiz. É um «verbo de encher»?!?! Chega a ser árbitro?!?!? Lê o que as partes querem e no fim põe-lhe a grelha da lei?!?! Não acha que é curto»?!?!? Eu acho.
Ao ponto 9
Infelizmente. Mas isso foi no sábado e esta última resposta foi escrita hoje; está bem de ver que se perdesse seria ainda pior... Imagine o que seria! :-)
Ao ponto 10
A definição sobre a assertividade foi retirada de um blogue perto de si. E pelos vistos, caiu-lhe no goto...
E :-) Gostei do Nops! Rima com a sua idade! ;-)
Mas tenho pena que não tenha dito nada sobre a independência...
Ah, e a descrição física promete! Não costumo ficar gago, mesmo perante uma beleza estonteante – perdão, luminosa - mas sou melhor escrito do que falado, por isso vá baixando as expectativas s.f.f...
Não sei se conseguirei conciliar o sono esta noite com a descrição que me fez, mas tentarei...
:-)

terça-feira, novembro 27, 2007 12:36:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Meu querido e probo Politikos,
antes mais espero que tenha dormido bem... :-D

Não resisto a dizer-lhe que
- uso sempre guarda-chuva quando chove: tenho um daqueles que encolhe (:-P) na carteira, para não ser surpreendida...
- vou ler a sentença de "Torres Novas": saiba que não o fiz antes por julgar que nada tinha a ver com a regulação do poder paternal, mas se diz que tem vou procurar lê-la ainda hoje;
- saiba que no direito se distinguem as questões de ordem e interesse público (como os menores e os crimes, por ex.) das do foro privado (como o cível e o laboral, por ex.), designadamente quanto ao carácter mais ou menos interventivo do julgador: podemos discutir a lei que temos, claro; também podemos discutir a subjectividade do julgador, mas penso que ainda não estamos na fase do computador (para o bem e para o mal);
- nem quero imaginar (se calhar imagino...) o que seria se o Sporting tivesse perdido... :-)
- a definição sobre a assertividade é minha, Politikos: retirei-a do comentário ao post anterior... :-P;

Para não ficar com muita pena, podemos ainda discutir a independência (e a esmeralda e o cozinheiro) - ainda vamos a tempo :-) -, embora me pareça sempre muito complicado fazê-lo aqui: são temas que exigem alguma organização de ideias e troca de argumentos imediatos que aqui não é possível existir.
E isso faz perder mais de metade da "graça" da discussão. :-)
Seja como for, e apesar da sua alegada melhor/maior capacidade argumentativa escrita, tenha a certeza de que as minhas expectativas são altas (ainda que admita que Vexa necessite de uns minutos, largos, de concentração, depois de me vislumbrar...).
Se quiser público, poderá sempre organizar um pequeno debate entre nós, ao qual possam assistir (ou quiçá intervir) outros comentadores... no fim todos teríamos direito a um cafézito ou a um chá e eu, que além do mais sou uma excelente doceira, comprometo-me a levar um bolito...
:-))))

terça-feira, novembro 27, 2007 4:34:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Segundo percebi, no meio do choradinho para papalvo ver da nossa Comunicação Social, a Esmeralda está sequestrada desde os dois anos pelo pai "afectivo". Se há 4 anos tivesse sido cumprida a lei, não estaríamos aqui a esgrimir argumentos.
Há umas semanas foi julgada e condenada uma senhora que raptou um bebé de uma maternidade e o teve sequestrado "afectivamente" durante cerca de dois anos. E se a sequestradora só tivesse sido apanhada daqui a 4 anos? Continuava a ser a mãe "afectiva" da criança?

quarta-feira, novembro 28, 2007 12:38:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Caríssima Atenas
Dormi muitíssimo bem…
- Creio que o seu chapéu-de-chuva não a protege tão bem como pensa; deve ser daqueles chineses, de 5 euros; volta-se facilmente e não a protege da chuva batida
;-) ;
- leia, leia o dito acórdão que vale a pena; há alguns pontos onde se poderia discutir a objectividade do julgador; há expressões e «tiradas» de uma total e absoluta subjectividade e claramente pró-pai biológico, parecendo retiradas de uma má telenovela mexicana; se quiser trago uma ou duas para aqui;
- ora, ora, cara Atenas, diga-me algo que ainda não saiba; só faltou desfiar-me os ramos do Direito; saiba que apesar de não ser de Direito, sei algumas coisas de realidades que não são as minhas; por vezes espero que os de Direito saibam também igualmente alguma coisa de realidades que não sejam as deles; muitas vezes, porém, eles pensam que o mundo começa e acaba no Código Civil ou no CPA; no caso vertente, penso que pretende fazer passar a mensagem que o «julgador» não julgou melhor porque a lei não lho permitia, quando lhe acabei de dizer que o «superior interesse da criança» teria suficiente latitude para albergar decisão diferente da tomada; parece que hoje um grupo liderado pela Manuela Eanes e pelo IAC veio propor exactamente uma interpretação para a expressão «superior interesse da criança», visando dar maior primazia às relações de afecto e menos às de sangue; no fundo, aliás, é essa a questão; sobre o cozinheiro, acha que, por exemplo, se fosse a Hepatite C, que é muito mais contagiosa, o tribunal teria julgado no mesmo sentido?! Eu acho que não, a decisão foi tomada com base na «irracionalidade» que a palavra SIDA ainda provoca nas mentes; mas creio que a sua explicação se deve às minhas interrogações/admirações pelos tipos de crime constantes do processo; ora elas pretenderam apenas realçar a estranheza da coisa (aqui censurei, tinha um adjectivo forte que eliminei por deferência para consigo); há-de convir que classificar como «sequestro» e «sequestro agravado» e «subtracção de menor» o «crime» de alguém que tem uma criança que lhe foi dada pela mãe, é obra?!; pronto não há tipificação melhor e meteu-se naquele «saco» ou tentou encontrar-se todas as tipificações, as mais abstrusas, para acusar; mas reconheça, é inusitado para o cidadão comum que associa «sequestro» a bandos organizados que raptam pessoas ver este caso assim julgado; como verá não coloquei pontos em «Regulação do poder paternal» e em «Recusa de entrega de menor a pai biológico»;
- a definição sobre assertividade foi composta por expressões minhas que Vexa até pôs entre aspas; mas reconheço que é «boa aluna»; pega nas minhas expressões e dá-lhes outra «cara»;
- a fasquia sobe, cara Atenas: eu acho que Vexa se entusiasma; começa com vinte e tal anos e depois recua até aos 17; agora começa com «atordoado» para acabar com «largos minutos» de «recomposição»;
- quanto ao debate, sendo Vexa uma profissional do foro e eu um simples cidadão da Pólis apenas com umas ideias gerais mas muito pouco conhecedor das «marmeladas processuais» e das «nuances» do Direito, há-de reconhecer que Vexa está em grande vantagem...; além da que tem de seu natural, atentos os seus tão apregoados atributos; seria uma verdadeira derrota por KO, minha cara; não sei mesmo se chegaria a entrar em cena ;-); e de doces, o que sabe fazer?!? Gosto de chocolate, mas só do negro; acha que poderia ser um bolito de chocolate?! Os cafés ficam por minha conta...
:-)

quarta-feira, novembro 28, 2007 12:40:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

É verdade, Maloud, a decisão há 4 anos teria sentido, agora não tem nenhum. É como um «chupa-chupa», dá-se às crianças mas não se dá aos adultos. É o tempo, esse escultor, que faz toda a diferença. Mas não é só, são também as circunstâncias concretas do caso.
Veja: o caso da senhora que refere é bem diferente. Essa raptou-o, a Esmeralda foi entregue de livre vontade pela própria mãe, tendo-se o pai desinteressado do caso até o tribunal o obrigar a fazer testes... Há todo um mundo a separar os dois casos...
E se a decisão não foi cumprida há 4 anos, a culpa é de quem?! É também da Justiça, lato sensu, por não ter conseguido «localizar» a «mãe afectiva»... Veja o ridículo: o «pai afectivo» esteve preso não sei quanto tempo e todas as semanas falava com a mulher e com a filha do presídio?!?!?!

quarta-feira, novembro 28, 2007 12:53:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Politikos,
- nenhum chapéu protege da chuva batida...
- estou baralhada: a decisão da Esmeralda de que fala é uma sentença (do tribunal de TN) ou um acórdão (do TRC)??? Acha que me podia mandar o link, s.f.f.?
- "done": faço uma delícia de chocolate que é de chorar por mais. Tentei colocar aqui uma foto dela, mas esta caixa não aceita... de qualquer modo, ao vivo é muito melhor :-)
Ah, e se entretanto desistir do "debate", dê-me a morada que quiser e mando-lhe a delícia por correio personalizado :-)))

quarta-feira, novembro 28, 2007 7:35:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

P. S. O correio "personalizado" não sou eu: não se inquiete...
Estava a pensar mesmo nos CTT ou numa empresa especializada em entregas ao domicílio.
Mas... pensando bem, se quiser, posso tentar que seja uma loura boazona, sem muitas preocupações intelectuais - seria "ouro sobre azul", não? (no caso, ouro sobre preto, do chocolate...)
:-D

quarta-feira, novembro 28, 2007 7:39:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Politikos,
com sua licença, utilizo esta caixinha para me dirigir, mais uma vez, à "minha" caríssima Luar ("nossa" Luísa):
pela segunda vez hoje não consigo aceder ao seu blog :-(
Estou muito desconsolada :-(
Espero poder sorrir, de novo, e em breve, com os seus posts...

quinta-feira, novembro 29, 2007 7:09:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Atenas
- Guarda-chuvas, gabardinas, parkas e o que mais quiser à parte, eu acho que Vexa andou à chuva e a protecção que colocou não foi suficientemente eficaz e «molhou-se»; assobiou para o ar, riu-se e continuou o caminho mas, a meu ver, «molhou-se»: o raciocínio está lá, é lógico e não foi desmontado;
- Sobre o acórdão, não há razão para baralhações, minha cara. E não há engano nenhum da minha parte. Caramba, Atenas, dei-lhe os dados todos e Vexa não o encontra?!? Até lhe disse o site de onde o tirei?!?! Vá lá e procure-o. Não sei se ainda lá está ou se já foi retirado, mas estou certo que Vexa terá outras fontes e melhores onde o arranjar, a menos que isto seja uma «jogada» para rebater o raciocínio de que falo no ponto anterior; seja como for a oferta que lhe fiz mantém-se, basta escrever para o mail do Pólis e, na volta do correio, recebe o acórdão. Melhor não há!; se depois me mandar o que leu, eu também agradeço;
Sobre o envio do bolo, ocorreu-me – sabe-se lá porquê – um episódio de um dos álbuns do Lucky Luck em que há uma «menina» que sai de dentro de um bolo... Acha que é capaz de fazer igual, cara Atenas?!?!
- O chocolate preto é preto de nome mas castanho escuro de cor. Sobre a «loura», pode ser loura ou morena mas convém que tenha qualquer coisa na cabeça além do cabelo; ouro sobre azul seria fazer o pleno;
- Está autorizadíssima a usar as minhas caixas para se dirigir à «nossa» cara Luar.

quinta-feira, novembro 29, 2007 8:28:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Atenas
Estou desconfiado que a «nossa» ou «sua» (pelos vistos) Luar/Luísa deitou abaixo o bfs...
Não há direito!
Da primeira vez, andei-lhe a apanhar os despojos e a republicá-los aqui com a paciência infinita do fazedor de puzzles, da segunda, quando soube, já aquilo tinha ido tudo pelo cano, da terceira, fiquei-lhe com a «chave»... E agora...
Não há direito!
:-(

quinta-feira, novembro 29, 2007 11:23:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Politikos,
- I love "singing in the rain";
- ainda não percebi porque não coloca aqui o link do/a tal acórdão/sentença;
- não saio de dentro de bolos: quase me apetece dizer (e estou a dizê-lo, mas sabe, as chavalas são assim: impetuosas e não resistem a provocações :-P) que, em determinadas ocasiões, o bolo sou eu :-D

Quanto à "nossa" Luar, não sei se há direito ou não :-P; só sei que estou inconsolável :-(

Tenha dó de mim, cara Luar, e não me prive dos seus escritos. Gosto tanto de a ler :-)

sexta-feira, novembro 30, 2007 12:55:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Atenas
- Sobre o link: não ponho o link porque não tenho; já li esse acórdão há meses e fiquei com cópia no PC; tirei-o do site que lhe indiquei; já lhe disse que lho mandava, não sei o que quer mais;
- Sobre o bolo: aplica-se aquilo que Vexa disse sobre as discussões, ao vivo é melhor; aliás, adoraria vê-la dizer pessoalmente e olhos nos olhos que o bolo era Vexa; saiba que, dependendo de alguns factores que só presencialmente conseguirei avaliar, lhe daria a adequada resposta.
Bom fim-de-semana, que o meu vai ser de trabalho :-(

sexta-feira, novembro 30, 2007 8:14:00 da tarde  
Blogger Luísa A. said...

Querida Atenas: o Politikos tem razão. Periodicamente – a experiência diz-me que semestralmente - tenho de cortar as amarras e zarpar para outro porto, que me proporcione a deliciosa sensação do recomeço. Mas, com estas e outras, já ando na blogosfera há quase dois anos. Agora me pergunto: porque não abre a Atenas um blogue? É uma comentadora tão alegre e expressiva, que até quando não é sintética (e os meus olhos baralham-se muito nas longas leituras em computador) tenho um enorme prazer em a ler. Experimente… (e avise-nos, claro!)

sexta-feira, novembro 30, 2007 11:14:00 da tarde  
Blogger Luísa A. said...

Caríssimo Politikos… perdão!

sexta-feira, novembro 30, 2007 11:15:00 da tarde  
Blogger Luísa A. said...

Sobre a questão que coloca uns comentários atrás, creio que não estou mentalmente preparada para ver o poder judicial submeter-se a qualquer outro poder (dos que são, actualmente, reconhecidos). Primeiro, porque ele próprio já contempla inúmeras instâncias e oportunidades de revisão ou recurso. Segundo, porque, no nosso caso, os outros poderes me merecem pouquíssimo – ou nenhum – crédito, designadamente no que toca a objectividade e independência. Mas admito estar condicionada por uma tradição, por uma formação e por uma leitura muito pessoal da nossa realidade.

sábado, dezembro 01, 2007 12:14:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Minha querida :-) Luar,
e posso ficar à espera do novo recomeço para breve, muito breve? :-)
Não obstante, tenho a dizer-lhe que continuo desconsolada: é que no b.f.s., para além dos seus textos, estavam postadas belíssimas fotos suas e aquelas imagens fabulosas de alguns... bem, de alguns... quase diria "obras-primas" do sexo oposto... :-(

À sua pergunta respondo-lhe que tenho, não um, mas quatro blogs! :-)
Dois deles são privados, que utilizo como diários: um serve para registar o dia-a-dia, outro serve para dizer as maiores enormidades que me apetecem (é o meu lado mais escuro...) :-)
Os outros dois são públicos: um a "pedido" e visitado por alguns amigos; o outro ninguém conhece e serve para os meus devaneios ;-)
Tenho nicks diferentes para todos, e em cada um deles sou um pedaço de mim. São como que "portos" diferentes, e saltito de uns para os outros alegremente (sem necessidade de os apagar para "soltar amarras"...) :-)))

P. S. Geralmente, quando não sou sintética, a responsabilidade é do senhor Politikos, que fala (escreve) tanto, tanto, tanto que que não lhe consigo responder em duas ou três linhas, apesar de muito me esforçar...
:-P

sábado, dezembro 01, 2007 9:42:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Senhor Politikos,
ainda sobre o bolo...
quem lhe disse a si que eu lhe diria pessoalmente e olhos nos olhos que sou o "bolo"?!?!
Antes de mais, teria que verificar, pessoalmente, se Vexa é um "pão"...
:-P

Apesar do trabalho, espero que tenha um bom fim-de-semana.
O meu também vai ser de trabalho: hoje à tarde e amanhã de manhã :-( (mas tenho esperança de que seja, ainda assim, um bom fim-de-semana...)
:-)

P. S. Com esta história dos bolos e dos pães, por ora, e por recato, não lhe mando nenhum mail... :-P
(e fico sem saber qual é a tal decisão: se tiver tempo vou procurar o link de que fala...)

sábado, dezembro 01, 2007 9:49:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Cara Luar/Luísa
Não lhe consigo perdoar, facilmente. Acho imperdoável o que fez/faz com os seus blogues. Fico sempre triste quando vejo perderem-se as coisas de que gosto. Além de achar um desperdício ver o seu «bom trabalho», feito com dedicação e cuidado, deitado à rua. E, por último, acho que quando se partilha algo, esse algo deixa de ser só nosso. Mas, claro está, esse é um direito que lhe assiste.

sábado, dezembro 01, 2007 12:27:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Luar/Luísa (a partir de agora passo a tratá-la assim: é como o PPD/PSD do outro)
Não posso estar mais em desacordo consigo.
1.º Não pode, num estado moderno, existir um poder, por muitas instâncias de contraditório que ele tenha (aliás, esse é também parte do problema), que esteja sem qualquer controle externo nas duas decisões; não pode ser, é ilógico; diria mesmo que é democraticamente ilegítimo;
2.º O que diz presume que o sistema judicial funciona bem e eu não acho que funcione, acho que funciona muito mal; dos organismos públicos, prefiro ter problema com todos, excepto com a Justiça e com as câmaras municipais; nos outros, a hierarquia sente-se e vejo-os a funcionar, nos dois que refiro, não; aliás, é só analisar os sinais de decadência com a mediação de conflitos a ser entregue a estruturas mais ágeis e expeditas, a centros de arbitragem e de mediação, a empresas de cobrança de dívidas, etc., etc.; e isto fomentado pelo próprio Estado; é o reconhecimento claro da falência de um sistema nos termos em que o conhecemos;
3.º Não percebo, realmente, porque é que a objectividade e a independência da AR – que é um órgão colegial – e do PR, eleito por sufrágio directo e universal de mais de metade dos cidadãos, não lhe merece crédito; sobretudo quando comparado com a magistratura judicial, cuja legitimidade lhe advém da tradição, apenas e só.
4.º Acho que a sua formação a trai na análise desta questão.

sábado, dezembro 01, 2007 12:42:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Atenas
Caramba! Tantos blogues! Vexa parece-me a Luar/Luísa mas ao contrário. Vexa cria blogues à mesma velocidade com que a Luar/Luísa apaga os dela.
Bolo/pão – estamos conversados e não podíamos estar mais de acordo; os termos do acordo foram aceites na generalidade; a discussão na especialidade segue num local perto de si; entretento, vá pondo a massa a cozer ;-)
Fds – também espero, mas duvido; o mesmo para si.

sábado, dezembro 01, 2007 12:52:00 da tarde  
Blogger Luísa A. said...

Minha cara Atenas, não nos deixe nesta dolorosa ignorância! Não poderia indicar-nos as coordenadas ou dar-nos, pelo menos, algumas pistas sobre a localização dos seus «portos de abrigo» que são públicos?

sábado, dezembro 01, 2007 11:11:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

:-)

Cara Luar, até poderei fazê-lo, mas tem de me dizer para onde enviar tal "pista".
:-)))

segunda-feira, dezembro 03, 2007 10:19:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro Politikos,
vejo que percebe pouco de bolos!
As "massas" não demoram assim tanto tempo a cozer; bastará que Vexa me indique com algumas horas de antecedência o local e a hora do "debate" e garanto-lhe que levo (pelo menos) um bolo!
:-)))

segunda-feira, dezembro 03, 2007 10:26:00 da manhã  
Blogger Luísa A. said...

Minha cara Atenas: recebo «pistas» em bfs.luar@gmail.com. Fico a aguardá-las com grande expectativa. :-D

quarta-feira, dezembro 05, 2007 7:16:00 da tarde  

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