Há ou À
Não há jornais de referência em matéria de Língua Portuguesa. É tudo farinha do mesmo saco. Há quem aponte esse facto à supressão, por contenção de custos, das figuras dos revisores e copidesques, à pressão, por razões de rentabilidade, que obriga jornalistas e revisores, quando os há, a produzir mais e mais rapidamente, à impreparação de estagiários mal pagos que pululam nas redacções...
Pode ser que seja um mix de todas elas. Não estou, porém, tão certo de ser só isso!
Senão vejamos o Expresso desta semana em que no Primeiro Caderno, no dossier mais importante, na página central, no primeiro parágrafo, assinado pelos directores-adjuntos, João Vieira Pereira e Nicolau Santos, se pode ler:
«Teixeira dos Santos recebeu o Expresso no dia seguinte à apresentação do Orçamento do Estado. Apesar de estar a trabalhar à quase 48 horas seguidas não demonstrou qualquer sinal de fadiga.»
É que, neste caso, não são jornalistas estagiários mas dois dos directores-adjuntos do jornal, não são novos, pois é gente de meia-idade, ou para cima disso, não é culpa da falta de revisores ou copidesques, porque até as ferramentas de revisão do Word apontam este erro, não é pela pressão de custos, porque o Expresso é um jornal com uma situação financeira confortável, nem de tempo, porque o jornal é semanal, embora neste caso o texto possa ter sido preparado mais em cima da hora…
Pela enormidade do erro, chumbo certo na antiga 4.ª classe, pode ser apenas desleixo ou falta de competência… O que ainda é pior!
Etiquetas: Língua Portuguesa
5 Comments:
Pois, Politikos, receio que o problema seja o da conciliação dessa meia-idade de que fala com as novas tecnologias e a sua velocidade de processamento. Há erros ou inseguranças que, curiosamente, parecem crescer com a idade, em grande medida porque o manejo do teclado se vai atrapalhando com o aparecimento de pequenas tendinites ou artroses, ou, simplesmente, porque vamos ficando lentos. No meu caso, noto que cada vez faço mais erros, preciso de mais revisões, e nunca estou absolutamente segura. Além de que os ecrãs jogam mal com vistas cansadas e o tempo é escasso. Isto não desculpa o Expresso, claro. Mas talvez desculpe os seus dois maduros directores-adjuntos… ;-D
Amiga Luísa, lendo o seu comentário consegui fazer o seguinte raciocínio. Se eu, de meia idade, consegui ver o erro daqueles dois de meia idade avançada, é porque se calhar, apesar de estar na meia idade, estou mais próximo do grupo dos jovens onde deveria tomar assento?! Não lhe parece? ;-)
P.S. - Qualquer dia estou como certa pessoa, «eternamente chavala» que comentava neste blogue...
Quem frequenta blogs ligados à economia (desde que estamos falidos deu-me para isto) nota rapidamente a confusão entre a contracção da preposição com o artigo (agora deve chamar-se outra coisa qualquer, mas estou-me nas tintas)e o verbo haver.
Maloud, bem aparecida seja por estes lados! Pois, embora este problema seja transversal, inclusive às Humanidades, é talvez mais notório em áreas mais técnicas, como a Economia. Aliás, o nosso «Espesso» é um bom exemplo disso. A falta de cuidado com a Língua começou naqueles cadernos menores, tais como o Emprego, o Imobiliário, passou depois à Economia, à Revista e ao primeiro Caderno. Resta, como último bastião, aquilo que agora se chama Actual, mas apenas porque os colaboradores escrevem bem.
Não sei se percebi bem o seu comentário mas creio que se deve estar a referir ao erro comum da indevida elisão do sujeito em frases como: «Em vez de o ministro ir dormir, esteve a trabalhar no orçamento» em que invariavelmente aparece «Em vez do ministro ir dormir, esteve a trabalhar no orçamento»…
Enfim, fruta do tempo…
P.S. – Na listinha aqui do lado, tb há um blogue com forte pendor económico que costumo ler: o «Ladrões de Bicicletas». O que é que recomenda?
Também leio o Ladrão de Bicicletes. E na Regra do Jogo há um JNR que já consigo perceber.
O resto segue por mail amnhã. Vai-se partir a rir.
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