Frases da Pólis VI (a fechar 2006 e com dedicatória)
Para fechar 2006, deixamos aqui uns excertos do último livro de José Saramago, acerca do seu tio Carlos Melrinho, especialmente dedicados à «procuradora especial» Maria José Morgado:
«Quanto à coelheira, essa tem história. Visitava-a de tempos a tempos, sempre a altas horas da noite, o tio Carlos, nos intervalos de tempo em que não estava na cadeia da praça ou fugido em nenhures por suspeita de furto sobretudo de fio de cobre dos postes telefónicos, mercadoria em particular estimada e com a qual perdia positivamente a cabeça. [...] Não era mau homem, mas tinha dificuldade em distinguir o seu do alheio. [...] Em todo o caso, não falta por aí quem roube muito mais que fios telefónicos e coelhos, e mesmo assim consiga passar por pessoa honesta aos olhos do mundo. Naquelas épocas e naqueles lugares, o que parecia, era, e o que era, parecia.»
(As pequenas memórias, p. 134 e 135).
Um bom ano para todos
3 Comments:
Caríssima. É um livrinho de poucas páginas, uma espécie de «pequena biografia», no estilo habitual do autor. Vale a pena para quem seja fã e queira conhecer a infância do autor. Não concordo nada com a «seca literária» do dito, mas sou suspeito porque quase incondicional. Um excelente 2007 tb para ti e para todos e um abraço.
Caro Politikos, não sei se seria assim no tempo da infância de Saramago. No meu tempo, já se dizia que «mais importante do que sê-lo, é parecê-lo». E assim parece que é. Um óptimo 2007!
Pois, caríssima q.b., tem toda a razão, como aliás se vê frequentemente com a Justiça da Pólis, sempre lesta a prender os «desgraçados» mas com falta de músculo para prender aqueles que têm dinheiro para contratar a peso de ouro - fala-se em 250 e 300 «áerios»-hora - os melhores advogados...
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