O ministro-pescador ou o pescador-ministro
O despudor que se pressentia aqui ou ali, em coisas mais ou menos subtis, tornou-se agora alarvemente grosseiro. Mostra-se e já tem pouco recato. Agride quem vê. E vai alastrando, qual mancha de óleo, até àqueles que, à primeira vista, pareciam, pelo seu carácter, blindados a ele. Desta feita, foi o ministro Jaime Silva que parece, também ele, querer ganhar o estatuto de cromo e de personagem da Pólis. Hoje, passeou-se em Matosinhos, com o comissário europeu das pescas, um tal Joe Borg. E deparou com um protesto de pescadores. Um protesto crítico, claro, mas civilizado. Um dos manifestantes disse qualquer coisa como: «A UE não nos dá nada, muito pelo contrário». E o cromo, em vez de estar calado, dizer qualquer coisa de pacificador ou fazer alguma conversa redonda, para empatar, como lhe pedia o estatuto, diz alarve: «Olhe, peça para sair da União Europeia». É claro que as declarações ficam com quem as profere. E naquele preciso momento, pensei, por instantes, que quem devia estar no lugar do ministro era o pescador e no lugar do pescador o ministro. O cromo apoucou-se aos olhos de todos e, mais grave, penso que nem sequer se deu conta disto…
Etiquetas: Comportamentos, Personagens, Políticos
4 Comments:
Caro Politikos,
confesso que já aqui vim várias vezes e em todas fico a pensar na sua frase "E naquele preciso momento, pensei, por instantes, que quem devia estar no lugar do ministro era o pescador e no lugar do pescador o ministro."
Não consigo percebê-la. Acho-a, pela sequência do seu texto, desprestigiante para os pescadores que, parece, dizem (ou costumam dizer) "alarvidades"?!
Quanto ao mais concordo (continuo a concordar, veja bem...) com o que diz.
Cumprimentos sempre respeitosos.
Valha-me Deus, cara Atenas, então não é que também concordo com tudo o que acaba de dizer?!?!?
Estou mesmo cada vez mais preocupado...
Para variar um pouco:
Respeitosos cumprimentos, sempre
:-)
Claro, Politikos, a «profissão» de político nunca gozou da reputação de seriedade e de coragem que tem a profissão de pescador. Os lugares estão certos. O que não está certo é o valor que é, na prática, dado a cada um, com os segundos a lutar pela sobrevivência e os primeiros a viver como nababos.
Cara Luar. Sabe bem que não alinho nessas diatribes anti-classe política. A classe política é como todas as outras, sem tirar, nem pôr. Quanto ao epíteto de nababos, acho que se aplicará bem melhor a muitas outras classes profissionais do que aos políticos...
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