14 de dezembro de 2007

À Chicago de Al Capone…

Três histórias: duas interligadas, uma talvez.
1.ª Há duas semanas, o Procurador-Geral da República e o Ministro da Administração Interna, ao abordarem o assassinato de um proprietário de uma discoteca do Porto, numa cena à Chicago dos tempos de Al Capone, garantiram-nos que a situação é preocupante e localizada. Preocupante?! Confesso que me chocou a escolha e o modo como foram ditas aquelas palavras a propósito de alguém que é deliberadamente atraído ao exterior de um estabelecimento para depois ser baleado por um bando de dentro de um carro…
2.ª No domingo passado, liquidaram, uma vez mais numa cena à Chicago de Al Capone, a testemunha-chave da investigação da morte do proprietário da tal discoteca no Porto. Exactamente o homem que estava com ele à porta quando foi baleado. O modus operandi foi o mesmo.
3.ª Finalmente, no sábado passado, - ou seja, um dia antes – estive com um amigo. Um daqueles amigos com quem raramente estou. O facto de o ver cada vez mais espaçadamente não impede que continuemos amigos. Esse meu amigo tem um filho com 20 anos. Fez o 12.º ano. Esteve empregado numa conhecida loja de roupas mas já não está. O contrato acabou. Vendo-o um pouco perdido, esse meu amigo, um pequeno comerciante com alguns cabedais, sugeriu-lhe uma carreira de empresário num ramo à sua escolha. Conversa para cá, conversa para lá, o miúdo propõe-lhe um dos agora chamados negócios da noite: uma discoteca ou afim. O meu amigo, a princípio reticente, vai baixando as guardas. E decide-se a fazer uns contactos.
E é aqui que bate o ponto. Dos contactos havidos, logo o avisaram de que se optasse pelo sítio X, tinha de pagar Y por mês ao gang Z e se optasse pelo sítio A, tinha de pagar B ao gang C... E isto não se passou no Porto, mas numa zona periférica de Lisboa...
O meu amigo desistiu da coisa porque não quer o filho metido com marginais…
Ora, a situação preocupante e localizada parece-me – à primeira vista e tomando por bom o que me disse o meu amigo – apenas a face mais visível de um icebergue de muito maior dimensão. E que não se circunscreve ao Porto. Está também em Lisboa e, ainda segundo esse meu amigo, disseminada…
Foto - Da banda desenhada de Jim Krueger e Chris Moreno Dracula vs Capone.

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8 Comments:

Blogger maloud said...

Pelo que ouvi, aqui no Porto, as discotecas da ZI {Zona Industrial} pagam aos gangs de A a Z, senão o H vai e parte tudo.
Se um dia vier cá, posso indicar-lhe as seguras. Uma delas até foi referenciada pelo NYT. Felizmente os gangs não sabem inglês.
PS-Parece que o empresário assassinado teve azar. Os tiros eram para o segurança que o acompanhava, morto há dias em VN Gaia.

segunda-feira, dezembro 17, 2007 10:29:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Maloud
Grato pelas informações e pela disponibilidade de cicerone da noite do Porto. Mas agora, com uma procuradora de Lisboa, estou em crer que tudo será resolvido antes da minha visita à noite da Invicta ;-) (veja bem que a grafo com maiúscula, em grande parte por em consideração para consigo ;-). Constato ainda que Vexa é sem dúvida uma mulher muito bem informada e nas mais variadas áreas.
Um abraço natalício

segunda-feira, dezembro 17, 2007 10:46:00 da tarde  
Blogger maloud said...

O braço direito do tal de Pidá, andou no mesmo liceu que os meus filhos. O cadet está estupefacto. Nada fazia prever isto. Talvez a Polícia e a senhora procuradora de Lisboa devessem também investigar o que se passa nalgumas salas de musculação.

Bom Natal

sexta-feira, dezembro 21, 2007 2:51:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Meu caro Politikos, essa história que aí desvenda é arrepiante. Escolhos, suponho, dos negócios nocturnos que apontam às zonas periféricas de Lisboa. Quero crer que, no centro, não teriam de responder senão perante o «gang» do município, cuja dinâmica se adivinha igualmente exploradora, mas muito menos exaltada.

domingo, dezembro 23, 2007 8:31:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Maloud
Creio bem que a estupefacção do seu filho só pode ter mesmo a ver com aquele sentimento, que todos nós acabamos por ter, que é o de não acreditarmos que aqueles que conhecemos possam fazer algo menos próprio...
Sobre as salas de musculação, parece que é aí que esta gente é recrutada?! Não é a isso que se refere?!
Um abraço de boas festas

segunda-feira, dezembro 24, 2007 8:53:00 da manhã  
Blogger Politikos said...

Cara Luísa/Luar
Vejo que se rendeu à designação Luísa/Luar. É «a modos que» PPD/PSD ;-)
Registo a sua rápida passagem da minha história para o município lisboeta, mas também lhe dou alguma razão. Não se prevê, por esse lado, nada de bom, em grande parte resultado da herança do «rapaz» que gosta de usar a tal expressão PPD/PSD ;-) Eu próprio também sofro dessa «dinâmica», aliás, antiga. A título de exemplo, tenho uma garagem pela qual pago taxa de esgoto, sem que a dita tenha sequer uma boca de água?!
Um abraço de boas festas

segunda-feira, dezembro 24, 2007 8:58:00 da manhã  
Blogger maloud said...

Não faço a mínima ideia se são aí recrutados, mas ouvi dizer que a lavagem aos pobres cérebros é eficaz. E ainda que o negócio de umas substâncias proibidas vai de vento em popa. Não é só a "branca" que enriquece subitamente. Os recorrentes episódios do Tour de France provaram-no.
Bom réveillon e até 2008.

quarta-feira, dezembro 26, 2007 3:22:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

É verdade, o que diz, cara Maloud. Porém, entre o comércio de esteróides e de outras substâncias ilícitas e assassinos profissionais capazes de abaterem, por encomenda, a rajadas de metralhadora, no centro de uma das principais cidades do país, vai uma enorme diferença...

sábado, dezembro 29, 2007 12:45:00 da tarde  

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