Polícias e cowboys...
O inspector-geral da IGAI (Inspecção-Geral da Administração Interna), Clemente de Lima, - de quem, em tempos, já aqui tinha exprimido opinião positiva - foi, ao longo da semana, zurzido de todos os lados pela entrevista (texto; declarações) que deu ao Expresso. Na verdade, quando li a entrevista percebi logo – qualquer pessoa, aliás, o intuiria – os estragos que a mesma provocaria. As ondas de choque provocadas pelo sismo prolongaram-se e ainda ontem sentimos mais uns abalos. Os partidos aproveitaram para a habitual chicana, pedindo cinicamente a demissão do IGAI para, em última análise, pedirem a do MAI, por desautorização e falta de condições para o exercício do cargo. O blá, blá do costume! E com isso prestaram um mau serviço cívico. O ministro, cuja atitude e postura são quase sempre de um lamentável servilismo, a roçar a indignidade para um titular de uma pasta, fez a conversa redonda que é habitual. Já quase nem o oiço. Causa-me até alguma repulsa cívica vê-lo e ouvi-lo. Os sindicatos criticaram, um deles fez mesmo o choradinho: «o senhor inspector-geral não gosta da polícia». Perante as declarações do IGAI, senti duas reacções. Espanto, pelo facto de ele as ter feito enquanto titular do lugar que ocupa e nos termos em que as fez, e concordância, pela parte substantiva das mesmas. Aquilo é exactamente o que eu penso e certamente não estarei só. Além do mais, o inspector-geral não é o comandante das polícias, nem é o MAI, é a entidade de reclamação do Estado e dos cidadãos relativamente às polícias. Acho que ele está a prazo. Os inspectores-gerais deviam depender da AR ou do PR – que devia ter mais que fazer do que tem - e não do Governo. Mas, pessoalmente, gostaria que ele continuasse. Sentir-me-ia certamente civicamente muito mais protegido. E para as polícias seria até, a prazo, positivo. Os bons agentes não precisariam de se preocupar e os outros situar-se-iam.
Etiquetas: Forças Armadas, Polícias, Políticos
14 Comments:
Caro Politikos,
vou ser muito sintética: concordo integralmente com tudo o que disse.
Acrescento só isto, com toda a seriedade, aliás: Vexa diz que se sentiria "civicamente muito mais protegido" se o IGAI continuasse. Deixe-me dizer-lhe que se sentiria decerto muitíssimo mais seguro e protegido se algum dia por ele fosse julgado. É um dos excelentes magistrados Judiciais que este país tem. Digo-o por conhecimento directo, e não por ouvir dizer, e para rebater as suas amiúdes afirmações, recentes, sobre o "desespero" que seria para si ser julgado neste país. Em todo o lado há maus, sufríveis, bons, muito bons e excepcionais profissionais...
:-)
(e agora vou trabalhar...) ;-)
Cara Atenas
Fiz um pequeno intervalo para aqui vir. E, na verdade, Vexa é previsível. Já calculava que iria utilizar esse argumento para defender a «classe»... dos juízes.
Mas também concordo consigo.
Não duvido do que diz. Se houver mais assim, o que eu não duvido, seria bom que se vissem mais. Para os leigos, como eu, o espaço mediático está ocupado pelos «outros». Não restrinjo, porém, o problema da Justiça aos juízes: esses poderão ser uma parte do problema mas ele é mais vasto, é sistémico.
Bom fds e bom trabalho (que eu vou continuar com o meu)
Caro Politikos,
há "coincidências" engraçadas:
- mais uma vez concordamos :-)
-viemos a esta caixinha quase ao mesmo tempo e
- estamos os dois a trabalhar (bem, eu por ora terminei: vou para casa, desejando não me deparar com nenhum toxicodependente no caminho da minha secretária até à garagem: no meu edifício não há dinheiro para a segurança, seja ela qual for, e com o frio os mendigos e os toxicodependentes arranjaram maneira, há dias, de forçar o portão e instalaram-se...)
O "resto" do trabalho será feito no serão e amanhã :-(, no aconchego do lar :-)
P. S. Já calculava que Vexa fosse achar que eu sou previsível: veja lá que eu resolvi logo comentar, e dizer o que disse, bem sabendo que Vexa me tinha deixado discretamente a porta entreaberta, como quem não quer a coisa... :-P
Às vezes Vexa está a "brincar" ao gato e ao rato e eu já estou a "brincar" ao cão e ao gato...
:-)))
Caro Politikos, «forçou-me» a ler a entrevista, que não tinha lido, mas não me «força» a ir mais longe e a ler as «declarações». Estou esgotada! Quanto à entrevista, pareceu-me bastante cuidadosa e politicamente correcta. Julgo que as críticas (ao fraco atendimento ao público, a alguma desproporção de meios de actuação e à corrupção na polícia de trânsito) correspondem a meras constatações de facto e só podem, por isso, merecer o acordo do cidadão comum. Mas claro que os políticos (e afins) tinham de fazer estrilo. A sua empatia com esse cidadão é cada vez menor e há os imperativos do folclore oposicionista.
PS.: Desejo a ambos um excelente fim-de-semana de trabalho! Informo - para não me sentir deslocada - que também tenho andado a fazer umas coisitas... :-)
Hoje ouvi parte da entrevista que o senhor deu a uma rádio e fiquei siderada com a perseguição policial movida a um cidadão que não parou estando o semáforo vermelho e que acabou em homicídio. Devo andar super desatenta, porque julgava isto impossível em Portugal, no séc.XXI.
Não creio que o dito senhor arrisque o afastamento do cargo. Basta lembramo-nos do reboliço que provocaram as primeiras denúncias daquele senhor das gravatas esquisitas. Nessa época vários opinion makers disseram que iria para a rua em dois tempos. Enganaram-se.
E agora vou dormir. Tenho de ganhar forças para a empreitada dos embrulhos e dos décors natalícios.
Cara Atenas
Ainda bem que concordamos. Afinal não estamos assim tão distantes! Tirando, é claro, a substância dos acórdãos! Porque será?!
Sobre o trabalho, eu acabei agora?! Um pouco mais tarde, como se vê. E continua para amanhã!
Quanto à segurança, dou-lhe um conselho que em tempos me deram: «Olhe, o sr. tem toda a razão, mas escrever para X não adianta nada. Se conhecer alguém nos jornais, é que X liga». E eu fi-lo. E X ligou. Há que fazer qualquer coisa, não!?
Se Vexa afinal diz que é «cão» e eu sou «gato», porque é que Vexa continua a agir como «rato», caindo em armadilhas tão simples?!?!? Não entre pelas portas entreabertas. Feche-as. Ou o queijo é assim tão irresistível!? ;-)
Cara Luar/Luísa
A entrevista é só uma. Há uma parte escrita, a que chamo «texto», e outra parte dita, a que chamo «declarações». Foi ao mais difícil e deixou o mais fácil! Era só ouvir e ver. Ainda por cima aquilo é muito pequeno. E olhe que se aprende muito com a linguagem corporal e com o olhar. Ajuda muito a compor o retrato e a consolidar opiniões.
Se só viu isso na entrevista, aconselho-a a lê-la outra vez. Quem fez «estrilho» não foram só os políticos, foram também os sindicatos e os comandos das polícias.
Não precisa de trabalhar, o fds fez-se exactamente para descansar. Acontece que às vezes tem mesmo de ser. É o caso.
Bom fds
Cara Maloud
Pois tem, tem andado desatenta. Essas coisas às vezes acontecem. Felizmente raramente, mas ainda acontecem. Pior e de todos os dias, é a atitude com que muitas mais vezes os agentes se dirigem aos cidadãos que deviam servir. Como diz o IGAI: «há muita impertinência». Não tenha dúvida que ele já arriscou o cargo. A meu ver, não vai sequer renovar a comissão, que não sei quando acaba. Verá! Ainda bem que fala no «senhor das gravatas esquisitas». É que na entrevista, o IGAI diz, a dado passo, que quando foi convidado para o cargo terá dito ao ministro: «não tenho gravatas para o cargo». Ora, se por mais não fosse, o sentido de humor recomendava-o, desde logo.
Caro Politikos,
respondo diligentemente às suas interrogações:
- tenho um ou dois palpites, mas são só palpites... :-P
- acho que não vale a pena avisar mais os jornais: já houve roubos noticiados e ficou tudo na mesma: é que, sabe, aparentemente só há dinheiro para novos automóveis...
- adoro queijo! :-) e não me importo de fazer de ratinho (achei melhor não colocar no feminino...) para o comer...
O que eu quis dizer no outro comentário é que sei bem que o Tom colocou o queijito para o Jerry; o que acontece é que visto a pele de Jerry para ir comer o queijito (que, de facto, não lhe resisto); mas a seguir visto-me de cão e dedico algum do meu tempo livre a provocar e a correr atrás do Tom, só pelo gosto de correr... além do mais, sempre faço algum "exercício físico"...
:-)))
P. S. Não lhe vou dizer que me vou dedicar de novo ao trabalho (por acaso, ou sem acaso, até vou :-P): é que começo eu própria a estranhar que ambos trabalhemos tanto... O que me vale é que hoje é em casa...
:-)))
P. S. 2
Xiiiiii, o Sporting empatou de novo...
Lá vem de novo "semi-bordoada" do Senhor Politikos... :-)))
(deixe lá, ó Politikos; o Benfica fez pior: perdeu! Bom, mas eu continuo com o meu sentido humor intacto... :-P)
Cara Atenas
Falando em cão, na verdade estou com menos humor de cão do que seria de supor. Até porque, devido ao trabalho, só pude ver os últimos 15 minutos. Exactamente o período em que o Leiria empatou. Alguma falta de sorte, não haja dúvida. Adiante.
A atitude de não valer a pena é uma atitude de demissão. Sabe, diz-se muitas vezes que os portugueses têm pouco produtividade. E não é porque trabalhem pouco, é porque o que fazem tem pouco «valor». Fazem coisas pelas quais os outros pagam pouco. Aplicando à situação, não adianta nós fazermos o «nosso trabalhinho» muito bem feito – trabalhando ao sábado e ao domingo – quando ignoramos tudo o que está ao lado e o facto de o «nosso trabalhinho» não ser apenas o «nosso trabalhinho» e ser uma peça de uma engrenagem mais vasta que temos de manter oleada. É que não somos só nós e o nosso casulo! Esse é um problema de algumas profissões com demasiada independência e autonomia! Digo-lhe isto, porque também sou um pouco assim, mas tento combatê-lo. Há coisas em que vale sempre a pena não desistir de tentar.
Boa semana
Caro Politikos,
:-)
o que eu disse é que «acho que não vale a pena avisar mais os jornais», em resposta ao seu conselho: «dou-lhe um conselho que em tempos me deram: «Olhe, o sr. tem toda a razão, mas escrever para X não adianta nada. Se conhecer alguém nos jornais, é que X liga». E eu fi-lo. E X ligou.»
Não duvide que ninguém se "demitiu": todos os que trabalham neste edifício têm estado a fazer tudo para inverter a situação (não obstante tentarem fazer o melhor possível o "seu trabalhinho", independentmente de ser só nos dias úteis ou também no fim-de-semana...).
Ninguém desistiu de nada, tenha muita, pouca ou demasiada independência/autonomia...
Saiba ainda, no que me diz a mim respeito, que ocasionalmente "mimam-me" com a expressão "Mafalda, a contestatária"!
:-)
Boa semana também para si!
Cara Atenas
Ninguém se demitiu, ninguém desistiu?! E o que fizeram, em concreto?! É que não chega referir que é necessário?! E achar que já se fez tudo!
Pois se Vexa tem o epíteto de «Mafalda, a contestatária", imagino como serão os outros
;-) Já percebi que também aí lhe «baixam» bastante a idade...
;-)
Esta noite ainda vou ter «trabalho» até «às quinhentas»
:-(
Caro Politikos,
- não;
- não;
- Vexa é um pouco cusca?!?! :-P
- alguns são piores, outros menos maus...;
- nããã; apenas me dão a idade que mereço :-P
- Ó :-(
Uma boa noite...
:-) :-) :-)
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