Criados de mesa e moços de fretes...
Vamos ter aeroporto em Alcochete. Gosto de entrar em Lisboa pela Vasco da Gama. E será sobretudo por lá que quem nos visita vai entrar. Encho os olhos de horizontes largos, do rio, de uma Lisboa nova, lavada, moderna. Que acho contrasta bem com a outra Lisboa, a histórica, que quem entre por ali depois irá encontrar.
A possibilidade de expansão que Alcochete oferece ao futuro aeroporto e a ideia da tal cidade aeroportuária que transforme o aeroporto de Lisboa num dos principais aeroportos da Europa, escala entre a Europa e a América, para passageiros e mercadorias, também me seduz. E um país sem recursos naturais e sem recursos humanos qualificados - a formação e a educação não se «constroem» à velocidade do betão, não se prevendo que se possa, nas próximas décadas, gerar a massa crítica que produz uma Nokia - bem se pode especializar nos serviços, nem que seja nos do turismo e de entreposto/placa giratória de pessoas e mercadorias entre continentes... Talvez se pudesse também fazer igual ou mesmo melhor com o porto de Lisboa e com o rio cada vez mais decadente...
Mas não deixo de achar também que depois das grandes obras de regime do período cavaquista e seguintes que, entre outras coisas, cobriram o país de estradas, era preciso algo grande, como um aeroporto, para alimentar o lóbi da construção civil...
E, na verdade, apesar de se andar a dizer que a Portela está com a sua capacidade quase esgotada, não me lembro de ter dado ou de ouvir alguém dizer que teve dar umas quantas voltas no ar por ter não sei quantos aviões em espera para aterrar como acontece, por exemplo, frequentemente nos aeroportos norte-americanos...
A possibilidade de expansão que Alcochete oferece ao futuro aeroporto e a ideia da tal cidade aeroportuária que transforme o aeroporto de Lisboa num dos principais aeroportos da Europa, escala entre a Europa e a América, para passageiros e mercadorias, também me seduz. E um país sem recursos naturais e sem recursos humanos qualificados - a formação e a educação não se «constroem» à velocidade do betão, não se prevendo que se possa, nas próximas décadas, gerar a massa crítica que produz uma Nokia - bem se pode especializar nos serviços, nem que seja nos do turismo e de entreposto/placa giratória de pessoas e mercadorias entre continentes... Talvez se pudesse também fazer igual ou mesmo melhor com o porto de Lisboa e com o rio cada vez mais decadente...
Mas não deixo de achar também que depois das grandes obras de regime do período cavaquista e seguintes que, entre outras coisas, cobriram o país de estradas, era preciso algo grande, como um aeroporto, para alimentar o lóbi da construção civil...
E, na verdade, apesar de se andar a dizer que a Portela está com a sua capacidade quase esgotada, não me lembro de ter dado ou de ouvir alguém dizer que teve dar umas quantas voltas no ar por ter não sei quantos aviões em espera para aterrar como acontece, por exemplo, frequentemente nos aeroportos norte-americanos...
Etiquetas: Construção civil, Lóbis
6 Comments:
Meu caro Politikos, ansiava pelo seu «regresso». :-)
É verdade, isso que diz. Nunca ouvi falar de aviões que, no caso da Portela, fizessem bicha para aterrar ou para levantar voo. Admito que o alegado congestionamento de tráfego possa ter a ver com a dimensão dos terminais, o número de «portas», os serviços de acolhimento dos passageiros e bagagens e outros aspectos deste tipo. Mas devo dizer que sou incondicionalmente favorável a um novo aeroporto, qualquer que seja a sua envergadura. Manter a Portela em actividade e deixar que os aviões continuem a sobrevoar Lisboa à altura a que o fazem e a manobrar no meio da cidade é que não. E alimentar o lóbi da construção civil não seria, talvez, tão lastimável, se não fosse a previsão segura de que vai haver muita corrupção e uma incontrolável derrapagem das despesas.
Caríssima Luísa
É possível que também seja como diz, mas pessoalmente gostava de ver isso tudo muito bem explicadinho, com estudos e números, tudo claro e transparente. Está lotado quando e porquê! Há anos que ando a ouvir essa conversa e a coisa não lotou. E se tem aumentado o turismo em Lisboa! Basta ver pela quantidade de hotéis da cidade! E tem razão sobre os aviões cruzarem Lisboa. Há mesmo sítios na cidade onde a coisa impressiona. Tb tem razão quanto à derrapagem das despesas. Mas, claro, que se há derrapagem, há quem derrape. E quem derrapa são as empresas privadas, os incensados modelos de «excelência», de qualidade, de rigor, de trabalho, de gestão?!?! Ou estarei enganado?!?!? ;-)
Caro Politikos, claro que não está enganado. Receio, porém, que, nestas situações minimamente reguladas por contrato, tão responsável seja o que derrapa, como o que deixa derrapar (tanto mais que se trata de derrapagens com dinheiros públicos). :-D
Nota: embora pontue na fileira dos que «incensam» os modelos de gestão privada, não me atreveria a incluir nestes as práticas da nossa construção civil.
Ora bem, cara Luísa! Eis, como os bons espíritos sempre se encontram! ;-)
Mas, não se atreveria a incluir nos «modelos de gestão privada» a construção civil!? Então colocaria o quê? As empresas que fazem sapatos com recurso à mão-de-obra infantil ou a banca?! Talvez o «modelo de gestão» do BCP, não?! ;-) Que até foi um «case study» estudado em universidades de nomeada. Na verdade, se o «gestor público» puder contratar uma bom fiscalista, meter o dinheiro do «serviço» num «ofshore», investir em negócios especulativos, negociar rescisões, «arranjar» umas facturas falsas, «arranjar» uma contabilidade paralela, contratar emigrantes de Leste clandestinamente e coisas semelhantes, verá como os resultados melhoram logo :-)
Meu caro Politikos, ia lendo e ia encolhendo. :-)
Mas tem razão; a gestão privada é tantas vezes tão gananciosa, que não olha a meios para obter lucros. No entanto, é também dinâmica e tem sido precursora de uma série de soluções, designadamente de serviço ao cliente, que têm melhorado as nossas vidas (e que já estão, valha-nos isso, a alastrar ao sector público). Há uma relativa «moleza» na gestão pública, que parece resultar, ou da falta da componente do interesse pessoal, ou da falta da pressão de um «patrão». Julgo, pessoalmente, que seria óptimo que as coisas continuassem a evoluir sem que a pressão aumentasse, porque não há nada pior do que trabalhar sob «coacção moral». Mas esta governação é no sentido dessa «coacção» que aponta… (E pronto, lá dei a minha ferroada).
Cara Luísa
O serviço ao cliente não é hoje muito diferente no público e no privado. Vejo que vê as coisas na óptica micro, das pessoas, experimente vê-las na óptica macro, dos processos e do enquadramento. Percebe, por certo, que o gestor público tem limitações de muita ordem e um quadro legal muitíssimo apertado. É impossível exigir à gestão pública o que se exige à privada. As ferramentas não são as mesmas. E eu sei que sabe que, por exemplo, a maioria dos dirigentes na AP apenas tem competências para assinar ofícios na área funcional da sua unidade orgânica e autorizar férias, faltas e deslocações... Acha que assim é possível fazer alguma coisa?!?!?
Passo por cima da sua ferroada, só porque já a vi fazer melhor. Convirá que essa sua «passagem» foi um pouco forçada! Se tivesse feito melhor, eu não me negaria a comentar essa «coacção moral» :-)
Sabe bem que nunca me «corto» aos comentários...
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