Imposto de Saúde
Só muito rara e pontualmente - para não dizer mesmo nunca - me queixo de que pago muitos impostos. E pago directamente, só através do IRS, 36,5% do que ganho. Não me queixo porque globalmente não sei dizer se pago muito ou pouco, atento o que recebo. Já aqui o escrevi.
Um dos bens que recebo, e inestimável, é a saúde. Felizmente vivo num país em que se um sem-abrigo e um empresário de sucesso – deixemos de lado os termos pobre e rico que ultimamente perderam verosimilhança: este último, até, democratizou-se a níveis impensáveis por obra e graça de um Governo PS!... – tiverem um acidente de viação são levados para o mesmo hospital, na mesma ambulância, são atendidos pelo mesmo médico e tratados de igual forma... E isto é um bem sem(com) preço que deve exigir de nós os maiores cuidados…
Todos sabemos também que os custos com a saúde aumentaram enormemente. Ainda me lembro do tempo em que os exames complementares de diagnóstico eram pouco mais que análises ao sangue e radiografias… Hoje, há ecografias, TAC, tomografias de positrões e o que for…
Para combater o aumento das despesas, os Governos introduziram umas taxas moderadoras ridículas, sob o pretexto moderar o acesso às urgências. É uma desculpa tosca: se existissem serviços médicos de atendimento permanentes e eficazes, e médicos de família com horários compatíveis com as vidas profissionais, ninguém recorria às urgências dos hospitais. Este último Governo fez mais. Estendeu-as aos internamentos e às cirurgias, fazendo de nós tolos: moderar internamentos e operações?!?!?
Seria melhor encarar o problema de frente, falar verdade e dizer ao cidadão que se quer o sistema tal como está, e desejavelmente melhor, tem de pagar mais. Simplesmente isso. Através de um imposto de saúde, pago com base nos rendimentos - todos (de capitais, também) e não só do trabalho…
Esta necessidade de pagarmos mais pela saúde explica-se mais facilmente através de exemplos reais. Uma colega e amiga, cujo marido irá nos próximos meses sofrer um transplante hepático, em conversa com um dos médicos, questionou-o sobre os custos de um transplante, ao que este lhe disse que cada transplante de fígado, com todo o processo a montante e a jusante, custa, dependendo das complicações, entre 300 e 500 mil euros…
É também para termos a garantia de poder continuar a beneficiar disto que digo o que digo…
Seria melhor encarar o problema de frente, falar verdade e dizer ao cidadão que se quer o sistema tal como está, e desejavelmente melhor, tem de pagar mais. Simplesmente isso. Através de um imposto de saúde, pago com base nos rendimentos - todos (de capitais, também) e não só do trabalho…
Esta necessidade de pagarmos mais pela saúde explica-se mais facilmente através de exemplos reais. Uma colega e amiga, cujo marido irá nos próximos meses sofrer um transplante hepático, em conversa com um dos médicos, questionou-o sobre os custos de um transplante, ao que este lhe disse que cada transplante de fígado, com todo o processo a montante e a jusante, custa, dependendo das complicações, entre 300 e 500 mil euros…
É também para termos a garantia de poder continuar a beneficiar disto que digo o que digo…
13 Comments:
Estou absolutamente de acordo, Politikos. Embora também gostasse, a par disso, de saber, com rigor, em que e como são gastos os impostos que já se pagam; e quem paga, quem não paga, e quem escapa ao pagamento. Começo a ter - aliás com crescente frequência - a sensação de que andamos a pagar tudo duas e três vezes. ;-)
Também concordo consigo, cara Luísa, esperando que aplique igual rigor em relação aos bens e serviços que os privados lhe prestam. E se também se questiona, ao beber uma garrafa de coca-cola, se os 33 cl daquela água com xarope valem o euro e tal que paga por ela...
Meu caro Politikos, os privados não oferecem só vantagens, antes pelo contrário. Mas uma vantagem é, indiscutivelmente, que apresentam factura discriminada, concorde-se ou não com o preçário. De resto, só compra (e paga) quem quer. Acresce que – dado de vital importância para a compreensão da essência do nosso debate – eu não bebo Coca-Cola!!! ;-D
Minha boa Luísa, já experimentou tentar perceber a discriminação do que paga pela prestação da casa, por exemplo?! Ou exactamente o que paga ao canalizador entre mão-de-obra e material?! Ou a quem lhe repara o esquentador?! E será que eles lhe passam recibo?! Inclusive os bancos?!
Após isto, ficamos com a borra que sempre sobra desta discussão entre público/privado: a declaração de vontade. O só compra e paga quem quer?! Será que a minha boa Luísa quando vai de carro para o Algarve, apesar de o preço da gasolina ser rigoramente igual ou 1 cêntimo a menos em todas as bombas da A2, como se vê pela inutilidade daqueles placards electrónicos, escolhe ir a pé ou de bicleta?! Pois! Poder pode, mas não seria a mesma coisa?!
De todo o modo, concordo consigo que seria bom sabermos o que custa cada serviço público que nos é prestado.
Por último, a coca-cola, que a minha boa Luísa apesar de não beber grafa com maiúsculas e tudo ;-) - é a nossa diferença -, pois acredito que não beba, mas creio que pelo menos deve ter a sua horinha coca-cola light, isto a julgar por alguns animados comentários que já lhe vi fazer em certo blogue que às sextas-feiras publicava umas fotos, algumas tipo calendário Pirelli mas ao contrário... ;-)
Humpfrrt!
Mas afinal, qual é o seu problema com um certo blog às sextas-feiras, hein?
Pois fique a saber que ainda hoje vou postar mais uma fantástica sexta-feira e se o seu problema é ainda não ter sido convidado para constar do «tipo calendário Pirelli mas ao contrário» basta enviar fotografia com o seu melhor ângulo... e oportunamente será devidamente apreciada ;-)
(bom fim-de-semana, boa ida às urnas...)
:-D
Hum! Foi rápida a reagir, Fugidia.
E o garruço serviu-lhe, e tudo?! ;-)
Quanto ao convite para integrar o «leque» de 6.ª feira, que penhoradamente agradeço, passo. Imagine que depois teria sucesso entre as convivas?! :-D
Quanto às urnas, tb passo. Deixo a ida às urnas para quem está satisfeito com o sistema da cruz e para os convictos do seu voto.
Bom fds
Meu caríssimo Politikos, vejo com indizível satisfação que finalmente aderiu ao clube dos insatisfeitos com o «sistema da cruz»!!! :-))))))))))
Aiiii, Luísa, pensei que depois das reflexões com a sua filhota sobre o direito/dever de votar já não voltasse atrás! :-(
Politikos,
vou então postar uma imagem o mais próxima possível do que o imagino quando estou com insónias e me dá para elencar argumentos relativamente a assuntos por aqui postados (risos abafados)
:-)))
Este comentário foi removido pelo autor.
Por favor, minha boa Luísa, há muitos anos que pertenço a esse clube, primeiro na modalidade de voto em branco e, desde há dois anos, na modalidade da abstenção, subgénero «abstenção política» (é pelo menos assim que os técnicos o caracterizam)...
Mas terei lido mal um seu poema em que dizia que ia votar na «outra senhora»?!
Fugidia
Caucasiano
1,80m
72Kg
Pé – 40,5/41
Fato/Casaco – 48
Camisa – 38/39
Calça - 42
Cãs, infelizmente.
Chame um profiler, com este retrato-robot, chegará rapidamente ao criminoso...
P.S. - Não desaperto nunca mais de um botão da camisa; nos pólos 2..., nem uso fatos às riscas...
Politikos, agradecida pelos elementos elencados supra, mas já tinha postado a minha sexta-feira. De todo o modo, creio que a "coisa" não está mal de todo...
P.S. - Vai sempre a tempo de mudar um pouco o visual :-D
Fugidia, os elementos elencados supra foram uma resposta concreta a um seu comentário removido.
Quanto à sua sexta-feira, concordo consigo, a «coisa» não está mal de todo... Apesar de homem e de 0,5/ 0,25 de miopia, a minha visão ao perto continua intacta...
Quanto ao visual, só mudo se for para melhor e nunca, mas mesmo nunca, com os botõeszinhos abertos «à la Paulo Portas»...
Bom fds
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