21 de abril de 2006

Um caso de polícia: para além do p&b

A tendência da maior parte dos postes é mesmo apontar o que está mal. O que está mal indigna-nos e leva-nos a uma reacção e dessa à escrita dista um passo. Porém, há, salutarmente, alguns em sentido contrário. Como este. Ontem vi na televisão – julgo que na SIC – e aplaudi interiormente o novo Inspector-Geral da Administração Interna, Clemente Lima. Confrontado com as imagens de um agente do Porto a brutalizar, sem qualquer necessidade, um cidadão que não oferecia qualquer resistência, não fugiu às perguntas, não se refugiou no politicamente correcto. Reconheceu o óbvio abuso de autoridade. Não houve as costumeiras frases: «as imagens parecem indicar que […] mas […]», «não me posso pronunciar porque não conheço os contornos concretos do caso» ou «vamos proceder a um inquérito e apurar responsabilidades». Nada disso. Reconheceu a evidência, como qualquer cidadão de bom senso o faria, e ainda disse que «havia mais homem para além do pecado», ou qualquer coisa do género. Firme mas sem diabolizar. Uma declaração certa no cravo e outra adequada na ferradura. Declarações ajustadas no conteúdo e na forma, fora do politicamente correcto, sem chegarem a ser politicamente incorrectas. É que ainda há quem ache que para além do preto, só há o branco. E não há. O arco-íris tem muitas cores e, mesmo que só entre o preto e o branco, há os cinzas e em vários graus. Aplaude-se.

1 Comments:

Blogger Politikos said...

O meu criticismo sobre o p&b, cara Luar, vai para aqueles que nos blogues acham que ser politicamente incorrecto é disparar em todas as direcções, com acontece - a meu ver - em muitas caixas de comentários (por exemplo, do Aspirina B).
Quanto ao haver «mais homem para além do pecado», melhor do que eu, o novo IGAI que poderá esclarecê-la... Mas a ideia era a de que não se deve crucificar o homem... Errou, paga por isso... Ponto final...

sábado, abril 22, 2006 2:28:00 da tarde  

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