Um punhado de nada 270 mil mortos depois
Quando há dias um maremoto atingiu de novo o arquipélago indonésio fazendo cerca de 100 vítimas, muitas nas praias, confesso que fiquei perplexo. Segundo o que ouvi, só não foi pior porque os habitantes das regiões costeiras souberam reconhecer antecipadamente os sinais de alarme, tais como o recuo súbito das marés. Mas e as autoridades? E os sistemas de monitorização, detecção e aviso? E o Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico (CATP)? Pus-me estas interrogações quando vi as imagens. Mas logo passei à frente, preso a qualquer outra trivialidade noticiosa. É terrível como nos afecta menos o que se passa longe da nossa porta...
A resposta ou uma resposta, porem, encontrei-a na semana passada, na Visão. Parece que foram apenas instalados dois sensores ao largo de Sumatra e que avariaram pouco depois de instalados?! Parece que os meteorologistas indonésios se preocuparam mais com os possíveis terramotos, não valorizando o aviso de tsunami do CATP?! Parece que mesmo que tivessem sabido, não haveria modo de avisar as populações ribeirinhas e os veraneantes, uma vez que não existem altifalantes de praia?!
Tudo isto 270 mil mortos depois do tsunami de 26 de Dezembro de 2004...
P.S. - Alertou-nos um leitor para o facto de esta ser uma imagem manipulada do tsunami asiático. Agradecemos o esclarecimento, mantendo-a, com estas naturais reservas, pela sua evidente espectacularidade.
5 Comments:
Isto é sempre vira o disco e toca o mesmo. Grande sobressalto e emoção com os números arrasadores e as imagens dantescas de há um ano. Promessas de ajuda monetária mirambolantes que nunca é desbloqueada, nem chega ao destino. Implementação de sofisticados sistemas de detecção que não funcionam. E no fim o ridículo da falta dos altifalantes. Talvez usarem uns megafones.
Nota: Quando falo da ajuda monetária refiro-me aos Governos, porque, na altura fui para França, e os cidadãos tinham depositado, numa conta aberta para o efeito, uma quantia astronómica que nunca tinha sido alcançada. Espero que essa tenha chegado a quem precisava.
É como o velho provérbio chinês, cara Maloud: «não lhe dês a cana, ensina-o a pescar»... O que é curioso é que até a minha mãe quando algum pedinte de aspecto mais duvidoso lhe pede dinheiro à porta do café, ela diz-lhe que se ele quiser lhe paga antes uma sanduíche...
Tem razão, cara Luar. E, para evitar isso, será preferível não dar dinheiro, mas «géneros»... Ou pelo menos não dar só dinheiro... Ora se uma parte do que se recolheu em 2005, tivesse servido para custear e instalar um sistema de detecção e aviso de maremotos (uma parte é apenas e só - pasme-se - um sistema de altifalantes nas zonas ribeirinhas) não teria sido melhor?
Só um reparo com algum atraso: a imagem que está a usar é uma fotomontagem - veja http://www.snopes.com/photos/tsunami/tsunami2.asp.
Caro anónimo. Vejo que tem razão e agradeço-lhe o reparo. Eu próprio já me tinha interrogado sobre a dimensão da onda que achava irreal, se comparada com a imagens da televisão que mostravam, mais do que ondas gigantes, uma espécie de maré cheia, lenta e devastadora... Mas das imagens que pesquisei era a mais «espectacular», daí tê-la escolhido...
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