Clientes, pois, talvez!
Faz-me sempre impressão quando profissionalmente as pessoas agem com base no manual. Há regras, normas e procedimentos. E têm de se cumprir custe o que custar, sacrificando a racionalidade e o mais elementar bom senso. Só concebo isso no exército, por razões que não colhe aqui desenvolver, e mesmo assim com alguma modalização.
Ontem fui tomar um café com uma amiga ao fim da tarde. Combinámos encontrar-nos na Cinemateca, cujo café-restaurante é um espaço agradável para se estar. Chegámos e o dito espaço tinha cerca de 50% das mesas ocupadas. A outra metade não ocupada das mesas estava posta para o jantar. Isto às 18H00!? Em número de cadeiras, o espaço estaria ocupado talvez em cerca de 20%. Fomos a outro lado. O empregado – com um sotaque espanholado – talvez tivesse dito que lamentava, mas sobretudo disse com a boca ou com o corpo que não havia nada a fazer. A minha amiga ainda embrulhou um comentário que era um pedido num sorriso, dizendo algo do tipo: «pois, sendo assim, temos de ir a outro sítio». Ou coisa equivalente. Mas o indivíduo não se demoveu. Pareceu-me um tipo liso. Há gente assim, aplanada na atitude.
Não sei bem como qualificar isto! Mas, em primeiro lugar as mesas não devem estar postas para jantar às 18H00 e em segundo é incompreensível que aquele espaço tenha perdido naquele momento e talvez para o futuro dois clientes.
Alguém terá de dizer ao rapaz que ele só devia pôr as mesas para jantar uma hora depois ou pelo menos que devia desocupar algumas delas quando há clientes. Já nem sequer digo que alguém lhe devia dizer que os clientes são a razão de ser daquele espaço e que sem clientes aquele espaço não existe.
Ontem fui tomar um café com uma amiga ao fim da tarde. Combinámos encontrar-nos na Cinemateca, cujo café-restaurante é um espaço agradável para se estar. Chegámos e o dito espaço tinha cerca de 50% das mesas ocupadas. A outra metade não ocupada das mesas estava posta para o jantar. Isto às 18H00!? Em número de cadeiras, o espaço estaria ocupado talvez em cerca de 20%. Fomos a outro lado. O empregado – com um sotaque espanholado – talvez tivesse dito que lamentava, mas sobretudo disse com a boca ou com o corpo que não havia nada a fazer. A minha amiga ainda embrulhou um comentário que era um pedido num sorriso, dizendo algo do tipo: «pois, sendo assim, temos de ir a outro sítio». Ou coisa equivalente. Mas o indivíduo não se demoveu. Pareceu-me um tipo liso. Há gente assim, aplanada na atitude.
Não sei bem como qualificar isto! Mas, em primeiro lugar as mesas não devem estar postas para jantar às 18H00 e em segundo é incompreensível que aquele espaço tenha perdido naquele momento e talvez para o futuro dois clientes.
Alguém terá de dizer ao rapaz que ele só devia pôr as mesas para jantar uma hora depois ou pelo menos que devia desocupar algumas delas quando há clientes. Já nem sequer digo que alguém lhe devia dizer que os clientes são a razão de ser daquele espaço e que sem clientes aquele espaço não existe.
Etiquetas: Comércio, Comportamentos
9 Comments:
Meu caro Politikos, a sua expressão, de gente «aplanada na atitude», diz tudo. Resta saber – e por isso temos de lhe dar algum desconto – se é porque não raciocina, se é porque não a deixam raciocinar. Em Portugal, as práticas de chefia ainda são, predominantemente, intimidativas e atabafadoras. E ir para além de instruções expressas é um risco, que esse pessoal imigrante, geralmente em situação contratual precaríssima, não está para correr por dois singelos cafezinhos e dois clientes incertos.
Cara Luísa
Creio que é por uma certa indolência de atitude. Ele pensa mas não transforma o pensamento para em acção. É assim porque sim. Vem o «meu» no final do mês e só tenho de fazer aquilo. Não percebe verdadeiramente o que faz e porque está ali. Não sei se as práticas de chefia serão assim como diz e se em Portugal serão assim tão diferentes das de outras paragens! Creio que, no caso, a maior parte dos patrões/chefes/gerentes valorizaria uma atitude de dar um passo em frente e desocupar uma mesa. Além de que os «singelos cafezinhos» poderiam ser mais do que «singelos cafezinhos». No meu caso, seria um cafezinho mas no da minha acompanhante que tem um apetite voraz e é gulosa – ai se ela me lê! – seria sempre mais do que isso. Além disso, cafezinhos geram cafezinhos, cafezinhos geram lanches, cafezinhos geram jantares e almoços e o «passa palavra» multiplica o que foi dito... Isto é a «visão estratégica» que se tem de ter, mesmo na gestão de um café...
Meu caro Politikos,
com este seu post ocorreram-me alguns pensamentos que aqui partilho, a saber:
1.º concordo que há, de facto, gente aplanada na atitude mas subscrevo o comentário da Luar (perdoe-me, mas esta chavala não consegue deixar de pensar em si como Luar, cara Luar: é um nome tão bonito, tão doce :-) ): as práticas de chefia ainda são muitas vezes intimidativas e atabafadoras, especialmente com quem vive uma situação precária - um dia conto-lhe histórias inacreditáveis...;
2.º os próprios patrões/chefes/gerentes têm, a mais das vezes, atitudes incompreensíveis para quem gere um negócio e depende da satisfação do cliente;
3.º até porque, às 18 horas, e nas suas palavras, "uns singelos cafezinhos poderiam ser mais do que singelos cafezinhos" e os clientes poderiam entusiasmar-se com a conversa e podiam não "desamparar a loja" antes das 19.00h - 19.30h, por exemplo, ou seja, mais do que horas para muita gente jantar...;
4.º aliás, Vexa refere que a sua amiga tem "um apetite voraz e é gulosa", pelo que seria sempre "mais do isso" pelo que;
5.º parece-me legítimo poder concluir que o empregado se revelou, afinal, bastante inteligente por ter percebido, num relance de olhar, a "voracidade" da sua amiga...
6.º acresce que sendo o café-restaurante da Cinemateca um local de respeito, é sempre admissível aventar a hipótese de estarmos a falar de uma "voracidade" de outro tipo...;
7.º é que, aquando da primeira leitura do seu comentário, com o embalo, cheguei a ler mais do que Vexa escreveu (pelo menos com as palavras...): é que Vexa escrevia, levado (naturalmente) pelo entusiasmo (da voracidade da sua amiga?) que "cafezinhos geram cafezinhos, cafezinhos geram lanches, cafezinhos geram jantares e almoços" mas lá se conteve e ficou-se pelo blá blá, blá do "passa palavra" e multiplicação de clientela - ou seja, lá "travou" a tempo...;
8.º em àparte, alguém com quem costumo partilhar "refeições" distingue sempre almoço-almoço ou lanche-lanche de... pois...
Concluindo, que este blog é um blog de respeito: se calhar, se calhar, o empregado até teve "visão estratégica"...
:-p
P. S. E Vexa e a sua amiga foram lanchar (lanchar-lanchar?!) onde, no fim das contas?
:-)
P. S.
Por favor, Senhor Politikos, não seja cusca e não queira saber se a minha "companhia" (que, aliás, é um chavalo da minha idade :-p)me convidou para algo mais do que almoçar-almoçar e/ou lanchar-lanchar...
Cara Atenas
Em primeiro lugar deixe-me saudá-la após tão longa ausência. Em segundo lugar, constato que agora, passou a adoptar costume da Luar/Luísa e trata-me por «meu caro». O que me faz lembrar uma amiga minha, cujo marido, que andou no Colégio Militar, em certas ocasiões quando encontram algumas patentes do exército: é sempre «meu coronel» para cá, «meu general» para lá, etc. e tal. O que lhe causa muita estranheza, porque ele não está no exército e já largou o Colégio Militar. Ao que eu lhe retorqui que também nós, civis, usamos muito os pronomes possessivos em «meu caro», «meu amigo», «meu querido» e por aí fora para exprimir proximidade. O tratamento, porém, excepto em situações mais íntimas, está a cair em desuso. Usa-o essa minha amiga, que está quase reformada, e a Luar, que é «moça» da geração posterior à minha ;-) – estou «feito», com este comentário! – mas estranho vê-lo na boca de uma «chavala» como Vexa…
Respondendo ao seu comentário.
Ao ponto 1: Nada a dizer, a menos que queira aqui contar as «histórias inacreditáveis» que promete;
Ao ponto 2: Nada a dizer, a menos que queira concretizar as «atitudes incompreensíveis»;
Adenda aos dois pontos primeiros: vejo-a pouco substantiva e ao contrário bastante adjectiva ao qualificar os patrões/chefes/gerentes, sem com isso se indignar, como o fez com certas profissões de aqui já falámos; a menos que essas outras lhe mereçam, por qualquer motivo, mais crédito do que estas ;-)
Ao ponto 3: levando o que diz ao extremo, não se tinham clientes para cafezinhos porque eles podem sempre ficar a manhã inteira, a ler o jornal, a estudar, a conversar ou simplesmente a fazer «sala»; há que confiar no bom senso: certamente quando chegassem as pessoas para o jantar nós sentiríamos que era hora de nos irmos embora. Ou, no limite, o empregado desocupava a mesa e dizia: «pedia-vos apenas que não permanecessem quando começarem a chegar as pessoas para jantar». Isso seria diligência! O seu argumento não tem, pois – a meu ver, claro está - qualquer valimento a não ser discordar de mim, o que também é um bom motivo;
Aos pontos 4, 5, 6, 7 e 8: creio que não merecem grande comentário. Creio que Vexa queria apenas discordar de mim, fosse lá como fosse, e arranjou aquilo que cai completamente fora do âmbito de um «blogue institucional» ;-)
Mas sempre lhe digo que, entre outras qualidades, a minha amiga tem um sorriso cativante e de uma espontaneidade de «chavala» (o riso, claro)...
Ao P.S. 1: fomos a uma «espelunca» incaracterística que está ao lado chamada «Picasso»;
Ao P.S. 2: nada a dizer, a não ser que Vexa lança os foguetes e apanha as canas...
Boa semana
Caríssimo,
a minha ausência não foi longa se virmos pela perspectiva do n.º de posts; aliás, estive para deixar um comentário surpreendido por não ter visto, pela primeira vez, a referência expressa, pelo menos, ao novo ano: parecia que o tempo tinha parado aqui, pela Polis…
Quanto ao "meu caro": bom, talvez não seja necessário eu dar-me ao trabalho de rever um por um dos meus comentários infra para lhe demonstrar que não é a primeira vez que o utilizo; é, porém, a primeira vez que Vexa sente necessidade de o referir :-D
Acresce que a forma formal com que o trato é consequência da boa educação que tenho: ensinaram-me a tratar assim os mais velhos ;-)
Um dia (sublinho um dia) contar-lhe-ei as "histórias inacreditáveis" e as "atitudes incompreensíveis" (que, me parece, contêm uma adjectivação de calibre completamente diferente do "estúpido", para dar um exemplo…): é que, sabe, gosto de ser célere nas respostas mas a hora é tardia e estou a esforçar-me por ser sintética e confesso que não tenho capacidade de, aqui e agora "concretizar" a substância e adjectivação...
Aceito a sua argumentação quanto ao ponto 3.º: o meu objectivo não foi discordar por discordar, foi levantar hipóteses...
Mas concordo que o que diz.
Quanto ao mais: parabéns, "meu caro Politikos"; Vexa revelou que, em determinados assuntos, sabe bem fugir com o "rabo à seringa" e, ainda por cima chamar à colação o nível "institucional" deste blog…
E, no entanto, rio-me (não com o sorriso cativante da sua amiga, claro….): é que nem passaram dois meses (e seis posts...) desde que Vexa me disse, aqui mesmo neste "blog institucional", que «adoraria vê-la dizer pessoalmente e olhos nos olhos que o bolo era Vexa» :-)
Uma excelente semana para si, caro Politikos.
E cumprimentos cordiais à amiga "de sorriso cativante" e de "apetite voraz"…
:-)))
(Ah, em resposta à resposta ao P.S.2: o recinto está, de facto, limpinho...) :-p
Cara Atenas
Vexa está-se a tornar previsível ou então raciocinamos do mesmo modo. É que já calculava o que me iria dizer para justificar a ausência. O ano novo não foi assinalado aqui no Pólis, nem tinha de ser, apesar de o poder ter sido em anos anteriores. Por aqui escreve-se ao ritmo da vontade e sem ter em conta nenhum calendário. Não há, por isso, nenhuma obrigatoriedade em assinalar quaisquer datas. Este é um espaço de total liberdade de conteúdos e de interacção, por parte de quem escreve e por parte de quem comenta. E ninguém condiciona ninguém, seja lá como for. Escreve o quer, sobre o que quer e quando quer. Comenta o que quiser e quando quiser. E nunca se colocam condições prévias...
Agradeço-lhe a deferência do tratamento para com os «mais velhos» e pergunto-me quantas «chavalas» conhece que tratem os mais velhos por «meu caro»?!
Percebo a gradação dos adjectivos mas se olhar bem para eles verá que entre o «estúpido» - claro que foi buscar o adjectivo mais gravoso que eu utilizei – e o «incompreensível» e até mesmo o «inacreditável» não há assim uma diferença tão grande. E se for buscar o meu «preconceituoso» e o comparar com os seus «incompreensível» e «inacreditável» verá que eu ainda fico a ganhar. Adiante!
Quanto ao mais, não há nenhuma fuga, aliás nunca fujo de comentar o que quer que seja, mas creio que se quer chamar «certos assuntos», terá de o fazer de forma menos forçada. Verá que se fizer bem a «passagem», eu não me «corto» nunca de os comentar. E mantenho, claro está, a história do bolo. Acho que há muita parra (net) e pouca uva (pessoalmente)...
Tenha tb uma boa semana. Não deixarei de entregar, quando estiver com ela, as suas recomendações à minha amiga «de sorriso cativante» e de «apetite voraz»...
;-)
[Meu] caro Politikos, o possessivo não está «démodé» e pretende reforçar a afabilidade do trato (mais do que denotar intimidade). Fico «sentidíssima» com as suas palavras de depreciação. Recordará, talvez, como, em tempos, alguém criticava o uso dos «dois pontos, traço, parêntesis curvo» (ou sorriso). Pois eu faço questão de, na fria e escudada blogosfera, usar fórmulas muito vivas, sempre que quiser manifestar simpatia. Embora seja por essa mesma simpatia que, no seu caso, me preparo para deixar cair o tão malquisto «meu».
P.S.1: Lamento decepcioná-lo, mas não comento questões geracionais. :-D
P.S.2: Gosto muito de a «rever», minha cara Atenas. :-)
Ó MINHA cara Luísa, por favor, continue com o seu «meu». Ademais ainda há um bocado comentei na sua «chafarica» com um afável «minha» e ainda por cima sem parêntesis... ;-)
Confesso-lhe, porém, que não sei se Vexa ficou «sentidíssima» com a minha «depreciação» - que até nem foi - do «minha» associado a questões geracionais... Cá para mim foi apenas com estas últimas... ;-) Ah, e claro, para alinhar num certo «bloco» de afinidades com outros comentadores deste blogue... diria mesmo que se desenha uma espécie de «Santa Aliança»... ;-)
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