11 de fevereiro de 2009

1100 milhões sem explicações

Numa decisão tomada ao domingo, de forma abrupta, e sem nenhuma discussão pública prévia, o Governo decidiu nacionalizar o BPN, em risco de falência iminente, devido a um buraco de 700 milhões de euros.
Para garantir os depósitos dos clientes, há um fundo próprio, pelo que não havia necessidade de proceder a nenhuma nacionalização.
Para evitar o efeito de contaminação e o abalo na confiança pública nos bancos, bastaria dizer-se que o BPN representa apenas uns escassíssimos pontos percentuais de todo o sistema bancário.
Se um sistema – qualquer que ele seja – se reduzir em uns poucos pontos percentuais, isso não põe em causa tudo o resto. Bastará afirmar-se e provar-se que os restantes 90 e muitos estão fortes.
Os números são o melhor dos álibis.
Há uns dias, porém, ficámos a saber que afinal o buraco não era de 700 mas sim de 1800 milhões de euros. Um pequeno erro de estimativa…
Sobre o primeiro facto, ainda ouvi as justificações dos responsáveis que, na altura, - e sem contraditório público – até me convenceram. Do segundo, já nem sequer ouvi qualquer explicação. Ou seja, sobre 1100 milhões, parece que ninguém se sentiu compelido a uma justificação. Segundo li, também, aquela cifra representa metade do custo do novo aeroporto…
Já sabemos que os números a partir de certos valores perdem verosimilhança...
Hoje, porém, e após anos de aperto e de se andar literalmente a rapar o tacho, por vezes de forma quase miserável, parece que, além de verosimilhança, os números deixaram de ter qualquer valor…

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6 Comments:

Blogger maloud said...

Nessa extraordinária manhã de Domingo, o tal fundo só garantia 25.ooo€ por depositante. Conheço alguém que, se pudesse, entraria pelo banco aos tiros. Valha a verdade que com os actuais 100.000 também o faria:)))

sexta-feira, fevereiro 13, 2009 10:03:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Maloud
Aumentavam-se os limites do fundo», o que aliás se veio a fazer...; ademais, em matéria legislativa, o Governo tem demonstrado «mão quente» para alterar o que bem entende inclusive retroactivamente e fazendo tábua rasa sobre tudo o que são direitos adquiridos... numa prática legislativa que, pelo menos no período democrático, não encontra paralelo... A lei não serve para regular mas sim para impôr a vontade do Governo...
No caso concreto desse «alguém» que conhece, talvez mande a prudência não colocar os ovos todos no mesmo cesto e diversificar...

sábado, fevereiro 14, 2009 12:05:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Os ovos não estavam, nem estão todos no mesmo cesto. Os cestos é que estão furados. Parecem passadores.

domingo, fevereiro 15, 2009 2:58:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Para já só temos dois cestos com problemas... Mas como é sabido, deixando a capoeira tão à vontade como tem estado, é natural que isto suceda...

segunda-feira, fevereiro 16, 2009 12:16:00 da manhã  
Blogger maloud said...

Dois?! Olhe que não. Pelo menos três. O terceiro parece que era muito religioso. E a procissão ainda vai no adro.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009 3:30:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Vejo que tem informação privilegiada sobre «o caminho da procissão»?! Já sei qual é o terceiro; percebo o que diz mas esse é, apesar de tudo, um caso diferente dos outros dois, ou seja, nesse houve «trapalhadas» - vamos chamar-lhes apenas assim - mas nunca houve falta de liquidez ou risco de falência...

segunda-feira, fevereiro 16, 2009 6:12:00 da tarde  

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