6 de junho de 2009

Incumprimentos...

Em conversa com um amigo, fui-lhe ouvindo os desabafos sobre o não cumprimento, por parte de uma grande empresa portuguesa, de parte do contrato de prestação de serviços que ambos haviam assinado. Esse meu amigo equacionava mesmo a possibilidade de recurso contencioso e de corte de relações com um dos directores da mesma.
Por alguns momentos, a conversa derivou para as eleições europeias, tendo-lhe eu referido que não iria votar. Recebo de volta uma resposta indignada, qualquer coisa como: Que vergonha, parece impossível não ires votar! Respondi, em jeito de contra-ataque, que quem votava nestas europeias é que não tinha vergonha nenhuma e nem sequer se dava ao respeito! Notei-lhe alguma estupefacção pelo inesperado da resposta e levei com o habitual paleio do dever cívico, característico de quem beneficiou tarde desse direito e já o acha em si mesmo um bem absoluto, não achando que esse período já passou e que hoje se deve ser mais exigente com a democracia e com os seus agentes. Retorqui que os políticos dos partidos do chamado arco do poder, e muito especialmente o PS, sempre desconsideraram o Povo nesta matéria. Porque nunca referendaram Mastrich, Roma ou mais recentemente Lisboa. E, neste último, o referendo foi-nos mesmo prometido... pelo PS… Para rematar, pedi-lhe uma ideia dos candidatos sobre a Europa, não foi sequer uma ideia de Europa, mas apenas uma medida a defender na União e as principais diferenças entre eles, mas não obtive mais do que um discurso pouco articulado e vaguezas...
Não deixa igualmente de ser curioso como conseguimos ter dois pesos e duas medidas radicalmente diferentes para analisar incumprimentos, sentindo muito as coisas que se passam directamente connosco e pouco a coisa pública. E quando o sentimos ainda é com os olhos de uma gramática apegada a um pós-ditadura sobre a qual já passaram 35 anos...
Já saí do armário e não me disponho a receber lições de cidadania básica de quem apenas põe uma cruz de quatro em quatro anos... Além disso, convenhamos, dava-me menos trabalho pôr a tal cruz do que por exemplo alimentar este blogue...

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17 Comments:

Blogger maloud said...

É por isto
http://eleicoes2009.info/europeias/pra-melhor-esta-bem-esta-bem-pra-pior-ja-basta-assim/#more-6610
que eu voto.

sábado, junho 06, 2009 8:19:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Maloud
É sempre com gosto que leio as suas sugestões. Leio «O Público» e não havia lido isto. É interessante. Atente, porém, no seguinte:
1.º Nós votamos por cá e não na Holanda e não existe por cá nenhum fenómeno semelhante;
2.º Mesmo que isto existisse por cá - e não conheço o caso concreto - com esse nível de representatividade o fenómeno não assusta; além de que é preferível integrar esta gente do que deixá-los fora do sistema: veja o que se passou com o PCP por cá que era anti-europeísta e agora...
Não lhe digo para votar bem, porque provavelmente já votou mal no «avô Cantigas»...
;-)

domingo, junho 07, 2009 6:08:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Será, julgo eu, melhor deputado europeu do que candidato.

O desmiolado ficou em 2ºlugar nas eleições holandeses. E ou muito me engano ou a Bélgica vai apanhar o mesmo susto, malgré o voto obrigatório.

domingo, junho 07, 2009 8:27:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

«Avô Cantigas» - percebo o que me diz e também acho, até porque não é difícil... difícil era ser pior candidato do que ele foi... na verdade, o que ele devia era ter continuado em Coimbra e fazer os artiguitos para «O Público»... Como se costuma dizer: «sapateiro não passes do chinelo...»

Bélgica – não se preocupe com isso da Bélgica, aquilo é residual; e confie, sobretudo, na capacidade do Povo, não tanto na lei, pois mesmo com o voto obrigatório se a malta votar em branco...

segunda-feira, junho 08, 2009 1:10:00 da tarde  
Blogger maloud said...

E no Reino Unido também é residual? Duvido. A direita xenófoba, anti-europeísta e racista está aí. Junte-lhe a crise económica, que irá em crescendo, e teremos um cocktail explosivo.

segunda-feira, junho 08, 2009 5:15:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Exacto, também é residual, elegeram dois deputados...
Deixe-me dizer-lhe, minha cara Maloud, que Vexa não vota contra estes epifenómenos nacionalistas que nem sequer existem com expressão que se veja por cá, vota porque tem um «voto fixo» sempre nos mesmos, faça chuva ou faça sol... E, por falar em direita e esquerda, já reparou, por certo, que aqueles em que vota podem ser tudo menos de esquerda... Serão de esquerda nos temas «folclóricos» como o casamento homossexual, mas naquilo que realmente interessa, a política económica, são o governo mais à direita que Portugal teve depois do 25 de Abril...

terça-feira, junho 09, 2009 11:06:00 da tarde  
Blogger T said...

Concordo em absoluto! Estão a fazer tudo o que a direita intentou e não conseguiu. Veremos o futuro...

quarta-feira, junho 10, 2009 8:45:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Um dia tanto quanto me lembro fazia sol e mandei às malvas o "voto fixo". O horror acho que durou dez anos.

quinta-feira, junho 11, 2009 7:57:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Oh, vizinha, resolveu aparecer por estas paragens!
Em resposta, penso que tentarão inflectir o rumo guinando à esquerda, para convencer os incautos, e já não será apenas nas questões «folclóricas»... Note, por exemplo, como tem evoluído o caso BPP... É nítido... Só que depois não bate a bota com a perdigota, ou seja, o passado com o presente: intervencionaram e congelaram as contas e agora parece quererem deixar falir o banco...

sexta-feira, junho 12, 2009 1:31:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Apetecia-me ser um pouco «cusco», cara Maloud, e perguntar-lhe qual foi o seu sentido de voto nas recentes europeias e desde sempre nas legislativas... para perceber o impacto do tal dia de sol em que mandou às malvas o «voto fixo»... mas como o voto é - dizem - «secreto» não o vou fazer...
Ainda pensei que constestasse a minha afirmação de que este foi o governo mais à direita depois do 25 de Abril, mas vejo que não, pelo que admito a afirmação mereça a sua plena concordância...
;-)

sexta-feira, junho 12, 2009 1:35:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Foi numas legislativas. Adivinhe quando. Vá lá, eu dou uma dica. Não contribuí para a maioria absoluta do actual PR. Estava na Croácia e abstive-me. Mas a abstenção não conta. Foi mesmo trair o tal voto fixo.

sexta-feira, junho 12, 2009 8:54:00 da tarde  
Blogger maloud said...

Ia-me esquecendo. O governo mais à direita foi o da AD.

sexta-feira, junho 12, 2009 8:56:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Maloud :-) Não esperava que respondesse ao repto...
E eu a pensar que Vexa sempre votara no PS e afinal diz-me que até 1991 - ou seria 1987? - sempre votou PSD e só depois disso é que começou a «variar»...
E não terá Vexa trocado um «voto fixo» por outro «voto fixo?!
Creio ainda que à época Vexa estava na então Jugoslávia ;-)

Sobre o governo mais à direita, está enganada, minha cara, nenhum governo foi tão longe como este no que se pode chamar de «políticas de direita» ou neo-liberais... Nunca nenhum governo encarou o Estado na perspectiva minimalista com que este o encarou e pseudo-reformou... reduzido às mínimas funções de soberania...
Nunca nenhum governo foi tão longe nos «outsourcings», nas concessões aos privados, nas privatizações e até recentemente nas «nacionalizações de segunda geração», agora feitas para proteger o capital e na entrega de tudo e mais um par de botas aos privados...
Agora o modelo, até para construir obra pública, é pedir aos «privados» que por sua vez pedem aos bancos, ficando o Estado endividado a pagar aos privados por anos sem fim... E claro que em negócio onde entrem 3 em vez de dois... certamente há dois a ganhar?! Aliás, o governo faz o que manda que os privados não façam: endividar-se estupidamente e sem critério por dezenas de anos...
Nunca nenhum governo foi tão longe nas restrições das políticas laborais...
Por último, nunca nenhum governo se comportou com a arrogância com que este o faz, falando de cátedra do cimo da sua única e irrepetível para todo sempre maioria absoluta... com uma total e absoluta ausência de diálogo...
Podia-lhe dar exemplos concretos de coisas que se passam na Administração Pública, e que eu nunca vi em tempo algum, para o ilustrar, mas fica para já com as impressões gerais...
Bom fds

sábado, junho 13, 2009 12:41:00 da manhã  
Blogger maloud said...

Cruzes, credo! Só votei uma vez no PSD e meia dúzia de dias depois já estava pelos cabelos.
E tem razão. Era a Jugoslávia, mas já sem o Tito. Estava em Makarska, quando soube pelo telefone que o actual PR, na véspera, tinha obtido a maioria absoluta. Uma aventura deliciosa. A minha, é claro.

sábado, junho 13, 2009 7:39:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Bem, então temos que votou sempre PS com esse «interregno» de que fala no PSD? De onde se pode concluir que afinal sempre tem «voto fixo»! Creio que essa excepção não é suficiente para desfazer a regra... ;-)
Também andei por essa região - Zagreb e Belgrado - mas uns anos antes, era então um jovem a fazer a «experiência radical», à época, do «InterRail».
Achei curioso o seu «cruzes, credo» por ser mais uma indicação a favorecer a tese do «voto fixo»... Que não tem mal nenhum, aliás! Até a esta legislatura, ainda podia percebê-la por uma questão de diferença de postura entre as gentes do PSD e as do PS. Agora, nem isso. São literalmente gémeos siameses, na atitude e na prática política.
Tenho-me interrogado se fui eu que guinei à esquerda ou o PS que guinou à direita e concluo pela segunda hipótese...

domingo, junho 14, 2009 9:38:00 da manhã  
Blogger T said...

Eu apareço:) O Senhor é que não!
Cumpts caro vizinho:)

segunda-feira, junho 15, 2009 2:40:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara vizinha. Também só apareceu esta vez! Mas, mea culpa. Acredite, porém, que acompanho a sua «banca» só que sem comentar...

terça-feira, junho 16, 2009 12:19:00 da manhã  

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