O processo...
É claro para todos os cidadãos da Pólis que não temos um sistema de Justiça, temos um sistema legal. O sistema cumpre a legalidade, mas faz pouca Justiça. O centro da Justiça é a lei, não é o cidadão. É urgente mudar o paradigma. E, dentro da legalidade, temos as questões processuais, do procedimento, que são instrumentais e que não se devem sobrepor à realização da Justiça.
Um exemplo caricato. Hoje, numa das televisões da Pólis, ficámos a conhecer umas das últimas aberrações produzida por esse mesmo sistema. Então não é que o Sargento Luís Gomes, preso preventivamente por se recusar revelar o paradeiro de Esmeralda, todos os dias - repito, todos os dias - fala ao telefone com a mulher e com Esmeralda?!?!?! Isso, as mesmas que o referido sistema legal não consegue localizar, nem por nada… Pergunta o cidadão comum, desconhecedor das marmeladas processuais, porque é que a chamada não é colocada sob escuta ou então simplesmente localizada, de modo a que Justiça possa cumprir o seu papel… Resposta do sistema: porque tal só é possível no âmbito do processo penal… E pronto, assim vamos continuando nesta marmelada… É claro que o processo e o procedimento são necessários, na medida em que garantem direitos e nos protegem de abusos e de arbitrariedades, mas nunca se poderão sobrepor ao que fim que visam, a realização de Justiça, que é o que muitas e muitas vezes se passa…
Um exemplo caricato. Hoje, numa das televisões da Pólis, ficámos a conhecer umas das últimas aberrações produzida por esse mesmo sistema. Então não é que o Sargento Luís Gomes, preso preventivamente por se recusar revelar o paradeiro de Esmeralda, todos os dias - repito, todos os dias - fala ao telefone com a mulher e com Esmeralda?!?!?! Isso, as mesmas que o referido sistema legal não consegue localizar, nem por nada… Pergunta o cidadão comum, desconhecedor das marmeladas processuais, porque é que a chamada não é colocada sob escuta ou então simplesmente localizada, de modo a que Justiça possa cumprir o seu papel… Resposta do sistema: porque tal só é possível no âmbito do processo penal… E pronto, assim vamos continuando nesta marmelada… É claro que o processo e o procedimento são necessários, na medida em que garantem direitos e nos protegem de abusos e de arbitrariedades, mas nunca se poderão sobrepor ao que fim que visam, a realização de Justiça, que é o que muitas e muitas vezes se passa…
Etiquetas: Justiça
6 Comments:
Caro Politikos, compreendo bem a sua revolta. Pode, de facto, haver uma diferença significativa entre fazer justiça e aplicar a lei. Neste caso, porém, apesar do muito que se tem dito e especulado sobre o assunto, e desconhecendo, portanto, de que lado está a verdadeira justiça, fico satisfeita por saber que a lei é um entrave ao apuramento do paradeiro da pequena Esmeralda. Não consigo deixar de tomar partido pelo Sargento…
Mais do que revolta, cara Luar, o meu sentimento é de estupefacção cívica... Será isto lógico?! Será isto crível?! Será isto o Estado de Direito?! É para isto que pagamos a peso de ouro este sistema legal?!
E, confesso-lhe, não consigo tomar partido nesta peleja...
Caro Politikos,
sem querer entrar em "marmeladas processuais" (já vi que aprecia muito a expressão) não posso deixar de esclarecer que processo penal já existe: só que as escutas só são permitidas em circunstâncias específicas. E não é "porque sim"; é porque importa salvaguardar vários direitos que colidem.
Mas concordo que no caso em apreço a situação tornou-se caricata, e há que introduzir algumas alterações na lei.
Confesso que estou farta do falso pai adoptivo fardado, porque uma fardeta cai bem junto da populaça, muito mais quando do outro lado está um pacóvio que não dá uma para a caixa.
Este caricato só se prolonga, porque ninguém quer realmente encontrar a falsa mãe adoptiva e muito menos a criança, porque ao que suponho terá de ser entregue ao pai pacóvio, o mal amado da opinião pública e publicada.
Cara Atenas
Na verdade, é como diz, apreciei a palavra "marmelada" aplicada neste contexto que, porém, não é minha e pedi emprestada a outra comentadora assídua deste blogue. Acredite, porém, que aprecio mais a marmelada propriamente dita... Embora do que goste mesmo é de fazê-la... ;-)
Faça tb a justiça (aqui vai com minúscula) de reconhecer que eu sei que as escutas só são autorizadas em processo penal e que há vários direitos que colidem. Tiro-lhe o chapéu por reconhecer que a lei tem de ser mudada, mas sabe, minha cara, acho que todas as leis deveriam ter um dispositivo qualquer que permitisse a arbitrariedade do juiz, algo do tipo: «ou situação considerada equivalente, desde que devidamente fundamentada» e, claro, sujeita ao escrutínio dos conselhos dos pares e da opinião pública... É ridículo o «segredo de justiça» tal como hoje o conhecemos. E, como diz, e bem, no caso em apreço, a situação é caricata...
Cara Maloud
Não posso deixar de concordar consigo. Já me tinha interrogado tb sobre a questão da «fardeta»: ridícula, aliás, já que o homem não vai nem para o quartel, nem para nenhuma parada militar, como ridículo é o facto de ele estar preso num presídio militar, quando o crime de que é acusado não decorre dessa condição... E tb me parece que é certo o que diz sobre o paradeiro da mulher e da criança: bastaria aliás analisar a facturação detalhada do presídio, não é assim?! E por quantas mãos passam aqueles recibos?!?!
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