Farisaicas...
Ouvi, li. Tornei a ouvir, tornei a ler. E não consigo rever-me nas declarações de Marinho Pinto. Mas também não consigo discordar da substância das mesmas. Substantivamente, as declarações são verdadeiras e mesmo pertinentes. Formalmente, são farisaicas:
1.º Porque diz que faz afirmações gerais mas aponta casos concretos;
2.º Porque, ao apontar casos concretos, não refere os nomes, por receio de processos-crime, mas diz que é por educação;
3.º Porque, ao não apontar os nomes, acaba por generalizar e atirar um labéu sobre toda a classe política.
Ora, a classe política não é nem pior nem melhor do que as outras. E, por estar mais escrutinada, até talvez prevarique menos.
Questiono-me ainda se Marinho Pinto já se lembrou de questionar a classe que representa? E se já se deu conta que é dela que saem grande parte dos políticos que temos…
Questiono-me ainda se Marinho Pinto já se lembrou de questionar a classe que representa? E se já se deu conta que é dela que saem grande parte dos políticos que temos…
Etiquetas: Personagens, Políticos
23 Comments:
Meu caro Politikos, esperava, ansiosamente, a sua opinião sobre essa entrevista. Concordo, em geral, consigo. Também comecei por aplaudir o interesse do bastonário na causa do combate à corrupção. Mas, pouco a pouco, fui-me desapontando com algumas incongruências do discurso; como com a sua tentativa de, na base de uma leitura meramente pessoal dos acontecimentos, reduzir o caso Casa Pia a uma questão de campanha contra o partido socialista e de branquear a actual equipa ministerial (cujas fraquezas, nomeadamente do seu líder, têm vindo a público), como se a corrupção fosse exclusiva de certas forças ou de certos quadrantes políticos. Pareceu-me demasiado tendencioso para merecer crédito. E também, confesso, demasiado espalhafatoso.
P.S.: Admito que a classe política, muito escrutinada, não seja a mais corrupta. Mas nela, a corrupção tem outro impacto e outra gravidade, já que está, supostamente, em causa gente que pretende representar-nos e governar-nos.
Bom,
o Senhor Bastonário está igual a si próprio; talvez ligeiramente mais cauteloso, mas só ligeiramente.
Não gosto dele. Sobretudo.
Mas também não gosto do estilo. Nada.
Aguardo, com curiosidade, o passar do tempo... e com esperança: de que não ajude, ainda mais, ao gratuito descrédito da justiça e da classe política (mas com pouca, confesso).
Cumprimentos.
Minha cara Luísa
Pessoalmente nunca o aplaudi. Apenas me intriguei, a princípio, porque é que concordando com a substância reagia tão mal à forma. Fui-me apercebendo depois melhor depois do farisaísmo da postura e da inconsistência do comportamento. Como já referi, não discordo da substância da maior parte do que ele referiu. São, aliás, evidências. Sobre o caso Casa Pia, embora o que ele disse possa ser lido do modo como a Luísa o leu, parece-me que a tese dele também colhe. Infelizmente, porém, o inefável segredo de Justiça tudo cobre e nada deixa ver. Mas recordo bem – a fazer no fé nos jornais - algumas «bocas» desbocadas de magistrados «apanhadas» em opíparos jantares na capital, que podem ir no sentido que o bastonário lhes deu.
Tem razão no que respeita ao facto de, na classe política, a corrupção ter um outro peso. Mas temos de ter cuidado para não criarmos dois pesos e duas medidas. E pretendermos ter gente perfeita nos mais altos cargos do Estado.
P.S. – Há mais algum assunto sobre o qual deseje ouvir a minha opinião, cara Luísa. Não sei porquê mas fiquei a pensar que sim ;-)
Cara Atenas
Noto-lhe sempre certa circunspecção e certo formalismo quando se fala de temas de Justiça. O tom, a sobriedade do discurso, a reverência das maiúsculas no «Senhor Bastonário», os «Cumprimentos»... Tudo isto, claro, a contrastar com a leveza dos seus comentários sobre outros temas! O descrédito da Justiça e da classe política são o que são. São os seus agentes, ao não conseguirem reformar o sistema, os seus principais cabouqueiros. Estou, aliás, pessoalmente convencido da inutilidade do sistema judicial quando é chamado a agir. Penso que a pouca eficácia da Justiça se faz mais pela dissuasão em recorrer a ela do que pela sua própria prática. E quando assim é...
Caro Politikos,
espanto-me.
Vexa preferia que eu falasse num tom sóbrio, circunspecto, reverencial e formal a propósito dos seus posts sobre lanches, colmeias, praia, "baixotes", o requinte da mulher portuguesa, fotos e, o meu preferido (cá por coisas que prometi não mencionar): o barateiro da casa amarela?!?!
E num tom leve dos temas da justiça e da política?!?!
Ó Senhor Politikos, deixe lá, se faz favor, não só o Prof. Marcelo, mas também a minha "roupa" em paz: assim começo a desconfiar que me quer "despir"... e não sei com que intuitos, não sei mesmo: é que tenho sempre comentado no pressuposto de que Vexa é um homem probo...
:-)
Cara Atenas
Vejo que acusou o toque. E - creio - que não percebeu o sentido último do que eu disse.
Depreendo das suas palavras que os postes sobre «lanches, colmeias, praia, "baixotes", o requinte da mulher portuguesa, fotos e o «barateiro da casa amarela» - (o seu preferido por razões que não revela?!?!; confesso que tenho até uma certa curiosidade em sabê-las!) - são temas menores e que a justiça e a política são temas maiores, cada um deles pedindo um tom diferente. Engana-se redondamente. Para mim, a qualidade do atendimento no bar da Cinemateca é seguramente mais importante para a minha vida do que o funcionamento do sistema judicial, ao qual - Graças a Deus - nunca recorri. Passei uma vida sem recorrer directamente a ele, veja bem! Já é um pouco diferente o caso do sistema político, uma vez que esse mexe directamente com tudo. Mas nenhum deles merece, em postes, o uso de «salamaleques» e «marmeladas» de Administração Pública de Antigo Regime como o «Senhor Bastonário». Não estamos em sessão solene de nada, minha cara Atenas...
Sobre a «roupa», e alinhando no tom um bocado forçado do seu comentário - confesso-lhe que prefiro «ver despir» do que propriamente «despir»... É que gosto paticularmente de apreciar as «manobras»...
;-)
Chegou a Bast. da O.A. o famoso "Octávio" que por meias palavras dizia tudo sem nada dizer de concreto. Só que aqui é grave. Foram feitas afirmações descaradamente partidárias. E como já ouvi hoje um ex Bastonário comentar. este discurso "popular" capta simpatias. Mais grave!!!
Caro Shodan
Gostei da camparação do bastonário com o Octávio. Na «mouche» :-)
E depois das declarações, ainda vamos ter «marmelada judicial» com um inquérito aberto pela PGR que, claro está, não vai dar em nada. E já todos sabemos isso, a começar pelo PGR. Mas faz parte do teatro da justiça da Pólis... Pessoalmente estou farto dos actores dessa peça, dos politicamente incorrectos e dos politicamente correctos...
Volte sempre
Caro Politikos,
não acusei toque nenhum: expliquei-lhe a razão dos meus diferentes "humores" :-)
E tão pouco falei de "temas maiores ou menores".
E, claro, fico esclarecida; não tinha percebido que, para a sua vida, «a qualidade do atendimento no bar da Cinemateca é seguramente mais importante (...) do que o funcionamento do sistema judicial».
Uma boa semana para si.
Tem razão, cara Atenas
Penitencio-me e reformulo a minha afirmação: «a qualidade nos cafés (e não só no bar da Cinemateca) é seguramente mais importante (...) do que o funcionamento do sistema judicial».
Assim é que está bem.
Uma boa semana também para si.
:-)))
Ó caríssimo,
não era necessária a reformulação:
eu percebi o sentido lato da expressão "bar da cinemateca"...
:-)
Óptimo, minha caríssima Atenas
Por momentos receei que de tanto meditar e ponderar pudesse ter «queimado» as meninges....
:-)
Não se apoquente, caro Politikos, não se apoquente..., não há perigo!; não sou muito dada a esforçar as meninges...
:-)
Já Vexa; Vexa pensa muito, muito mesmo... e enerva-se... com as senhoras dos bancos e com o sporting...
Olhe, se puder, oiça a nova música do Mika; aquela "relax"....
:-)))
P. S.
Ouvi dizer que "pilates" também ajuda...
:-)))
Cara Atenas
Só me recomenda «música» e «pilates»?!
;-)
Queria mais alguma coisita?! :-|
Ó cara Atenas, isso de responder a uma pergunta com outra pergunta é apenas uma pequena habilidade, truque simples, velho e relho.
Eu não queria nada, mas fiquei a pensar que Vexa queria sugerir...
Ó caro Politikos,
isso de dizer que não queria nada e eu é que poderia querer sugerir alguma coisa «é apenas uma pequena habilidade, truque simples, velho e relho»...
(amor com amor se paga...) :-p
Cara Atenas
Isso foi um comentário ou apenas o eco do meu?!
:-)
eco, eco, eco...
:-p
eu penso que os advogados devem exigir muito pouco para o aplaudir.
Tantos problemas na ordem e o grunho a fazer espectáculo!!
As pessoas realmente exigem muito pouco...
Cara Júlia
Eu creio que ele ganhou muito à custa dos «jovens advogados» mais ou menos «descamisados» aos quais vem de há muito seduzindo...
sim, entendo...espero que alguns entendam o quanto foram iludidos...
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