Do ridículo à vergonha
Volto ao vídeo captado numa aula da Escola Secundária Carolina Michaëlis. A comunicação social cavalgou o assunto. E cavalgou-o de forma inaceitável. Porque é inaceitável que se diga «o caso da aluna que agrediu a professora», por exemplo. Quando não se vê nenhuma agressão. O que há ali indisciplina e desrespeito. Ou que se diga «o caso de violência de uma aluna sobre uma professora no Porto». Porque não se vê ali nenhuma violência. Nem física, nem verbal. O que se vê ali - sublinho - é indisciplina e desrespeito. Sobre este cavalgar dos media, vem a Justiça e cavalga uma onda transformando-a num tsunami. E quando a Justiça se mete no meio de bagatelas perde-se logo a verosimilhança. E mete-se, não por terem recorrido a ela, por ter havido uma queixa. Mete-se, pedindo que recorram a ela, pedindo que se queixem. E isto ao mais alto nível. Foi o próprio Procurador-Geral da República, ele mesmo, que deu gás a isto tudo. De forma inaceitável. A menos que procure criar aqui uma manobra de diversão para camuflar os verdadeiros problemas da Justiça que ele não consegue minimamente ajudar resolver. O que eu não acredito, não posso, nem quero acreditar! E claro, como a Justiça não está preparada - nem pode, nem deve - para lidar com casos como este, não há moldura adequada para enquadrar o que aconteceu. E surgem verdadeiros aleijões jurídicos sem nenhuma verosimilhança e que ofendem qualquer pessoa que pare um minuto para reflectir. Que a aluna vai ser acusada de difamação?!?!?!, de injúrias?!?!?!, de ofensas corporais?!?!?!?, de coacção, porque não terá deixado sair a professora da aula?!?!?!?, e os colegas de omissão de auxílio?!?!?!? É o ridículo mais absoluto! É pior do que o caso Esmeralda! E é pior porque há o risco de este caso e de esta aluna constituirem uma espécie de caso exemplar e de esta aluna e os colegas serem uma espécie de bodes expiatórios. E se assim for, passa-se do ridículo para a vergonha. Para uma hedionda vergonha que deverá cobrir a Justiça portuguesa...
Etiquetas: Educação, Jornalismo, Justiça
29 Comments:
Este Pinto Monteiro mal abre a boca lembra-me os taxistas, o forum TSF, as opiniões públicas e outros pitorescos que me levam às lágrimas. Ontem, para além do "vidro partido" que desconfio copiou do Giuliani, veio com as drogas leves que necessariamente descambam nas duras e na marginalidade. Um dia destes recua até ao cigarro e estou frita.
Faça como eu, caro Politikos. Páre no ridículo e ria-se.
PS-Aconselho o último post do CAA no Blasfémias. É de gritos.
Fui ler, cara Maloud.
Está muito bom, de facto.
Hoje, em conversa com um amigo advogado, ele disse-me que quase lhe apetecia oferecer os seus serviços à Patricia, para apresentar uma queixa contra a professora...
:-)
Pois é, cara Maloud. É isso mesmo. Não ouvi estas últimas declarações. Mas as que ouvi são de tipo taxista. Aliás, só faltou mesmo o «se fosse comigo...». Acho difícil um taxista fazer muito melhor... Só que ele não é taxista...
Quanto ao poste do CAA: eu acho que a Professora Adozinda em vez de pôr processos à aluna Patrícia podia, antes de tudo o mais, explicar tintim por tintim o que aconteceu... Eu pergunto o que é que ela pretende mais quando a aluna já vai ser transferida... Ainda se ela quisesse - vá lá - um pedido de desculpas público... E depois seguisse em frente, fazendo um cursinho de gestão de conflitos ou similar, aí é que ela mostrava ter atitude... Mas isso é pedir demais, já que ela manifestamente não a tem...
O desvario, porém, vai ao ponto de o Mário Crespo «elogiar a coragem» da professora por nunca ter largado o telemóvel» e a SIC apresentar um vídeo de um professor norte-americano, claramente desequilibrado, que saca o telemóvel do aluno e o destrói atirando-o com violência ao chão, continuando calmamente a aula... E isto passou sem uma única palavra condenatória, quase como se aquilo fosse um exemplo...
Olhe o provedor!
Eu ainda adopto a miúda!
Pois é, T. Eu que detesto estes «Sporting-Benfica» (ou Sporting-Porto, para ser agradável à Maloud ;-) nas discussões, sinto-me, perante o desajuste e a desproporcionalidade da abordagem, cada vez mais tentado a «apadrinhar» a «causa» da Patrícia, a qual, em condições normais, só me mereceria crítica e repúdio...
Concordo.
A situação está de tal modo bizarra que temos tendência a tomar o partido da miúda quando, objectivamente, a conduta dela só merece, como diz bem, "crítica e repúdio"...
:-(
Cara Atenas
Noto-lhe aí uma concordância segura - ia até a dizer a 100% - comigo... O que, em termos de temas sobre ou onde também se fale de Justiça, é uma novidade absoluta neste blogue...
:-)
Não é não, caro Politikos.
Por favor, não me obrigue a ir em busca dos comentários (poucos, é certo, mas estão cá) onde isso já sucedeu...
:-)
Hummm, não carece, cara Atenas, não carece. Mas desta forma tão peremptória, com tanta convicção, a começar uma frase com um «concordo» daqueles, eu acho que é novidade...
Tenha um bom domingo
Sim, caro Politikos, um início de frase peremptória, com convicção, a concordar consigo é, por exemplo, esta: «dei-lhe toda a razão (e subscrevi o que disse) no que diz respeito ao site do CSM e à necessidade que a Justiça tem de se dar a conhecer ao cidadão»
Novidades, já nem no Continente, meu caro...
:-)
Cara Atenas
Este último comentário nem parece seu! Realmente! Então dá como exemplo de concordância absoluta comigo esse seu comentário?!?! Foi o melhor que arranjou!?!? Ora bem: 1.º Esse é um início de frase – é certo – mas que aparece em 6.º lugar metida num extenso comentário; 2.º Mesmo nesse caso, concorda com duas coisas, uma das quais nem precisava sequer de concordar, por ser um facto provado: ou seja o mau funcionamento de um site na área da Justiça; é «verdade material» ;-); 3.º E mais importante, esse comentário é apenas um pequeno segmento de um poste de mais vasta temática em que temos uma assumida discordância. Não tomemos a parte pelo todo, cara Atenas. Mantenho, pois, o que disse. Este poste é daqueles em que objectiva e subjectivamente a sinto comigo a 100% em matéria de Justiça. Estou – é claro – sempre disposto a rever a minha posição, mas só perante «prova» mais concludente do que a que apresentou :-)
Boa semana
A SIC truncou o vídeo {antigamente dizia-se censurou}. O Rui Pena Pires no Canhoto apresenta-o na íntegra.
Meu caro Politikos,
o que V. tinha dito era "tão peremptória, com tanta convicção"; não falou que não podia ser segmento, não inserida num extenso comentário, etc., etc., etc...
Bom, sendo assim (e sem prejuízo de ainda ir procurar o que quer :-) ), corrijo, por ora, o meu último comentário nestes termos: o último parágrafo deve ser substituído por
«novidade, novidade, será V. concordar 100% comigo, seja em que matéria for, com um simples "tem toda a razão", sem mais....»
Afinal, ainda há novidades a descobrir entre nós...
Boa semana também para si.
:-)
Em tempo, meia ensonada, e com alguma dificuldade em encontrar as etiquetas (tem que as colocar na barra lateral, sff :-) ):
Esta já serve?
Caramba, Caro Politikos,esta foi bem apanhada.Muito bem apanhada.De morte!Parabéns. Um dos melhores posts de Vexa, da etiqueta "Justiça"....:-D
:-)
"P.Sezinho" irresistível...
Já reparou que neste comentário que linkei sou muito, mas muito, mas mesmo muito mais assertiva e elogiosa do que no deste post?!
:-)
Boa noite, durma bem...
Pois é, cara Maloud. Ainda bem que me alertou para isso. É absolutamente inaceitável que aquilo tenha sido apresentado como o foi. Aliás, o próprio vídeo do Carolina Michaëlis também não foi, pelo menos algumas vezes, apresentado na íntegra. Pois no final, a professora acaba por ficar sem o telemóvel. O que não é visível nalgumas apresentações. Aliás, o Mário Crespo ainda incensou a professora por «nunca ter largado o telemóvel»...
Se o homem fosse muçulmano, eu diria que era candidato a «homem-bomba» tal o disparate... Para além de nem por um momento ter percebido a desadequação do comportamento... É tudo a p&b... A magnífica professora e a criminosa aluna... É o jornalismo moderno, da «excelência de conteúdos» made in USA...
Aliás, os alunos da escola Carolina Michaëlis deram hoje uma verdadeira lição a todos nós... É ouvir umas singelas declarações do representante da associação de estudantes ou coisa que o valha...
Ora, ora, cara Atenas! Mais um tiro na água pensando que foi um tiro no porta-aviões! Esse seu comentário dizia respeito a um poste em tom irónico! Vexa apenas elogia o «engenho» da comparação. Não a sua substância. Embora essa também não careça de grande demonstração. É sabido que a Justiça não sabe guardar segredo. Aliás, o segredo de Justiça dever-se-ia chamar de Polichinelo... ;-)
Sobre o «novidade, novidade, será V. concordar 100% comigo, seja em que matéria for, com um simples "tem toda a razão", sem mais...» (retirei-lhe um ponto às reticências finais; reticências sim, mas não tantas assim... ;-), isso é que é mais difícil, já que Vexa reage aos meus postes e eu apenas reajo aos seus comentários aos meus postes... Ou seja, é pelo menos um pouco mais difícil isso poder acontecer... Ou não será assim?!
Caro vizinho:
O errozinho, faz favor!
Senão, como o posso corrigir?
Acho que a J precisa de si no Dias:)
Bj
Caro Politikos,
que posso eu dizer?
O seu comentário inicial foi apenas: «Noto-lhe aí uma concordância segura - ia até a dizer a 100% - comigo... O que, em termos de temas sobre ou onde também se fale de Justiça, é uma novidade absoluta neste blogue...».
Contudo, nos comentários seguintes começou a colocar uma série de "extras" que não estavam inicialmente.
Admito que a sua frase tenha sido muito generalista e que V. queira agora concretizá-la mas se quer, de facto, verificar se houve, ou não, concordância absoluta entre nós sobre alguma matéria (designadamente justiça, que era o tema) terá de me dizer, definitivamente, quais são todos os pressupostos dessa concordância, s. f. f.
Sobre as "novidades" discordo :-) Pode haver concordância com o teor dos posts ou com o teor dos comentários. Não vejo qualquer dificuldade (ou maior/menor dificuldade) nisso...
Quanto às reticências, não reparou no mesmo lapso no comentário linkado, pelo que também me desculpo quanto a ele (mais grave, porque foi lapso duplo - no comentário inicial e neste...)
:-)
Cara vizinha
Primeiro assunto a ser tratado em sede própria. Segundo assunto: verei o que posso fazer pela J.
;-)
Cara Atenas
Não há quaisquer «pressupostos» e menos ainda «extras», há apenas um processo dialéctico normal onde se vão explicitando as ideias. Vexa é uma mulher inteligente e certamente perceberá as diferenças. Há um poste – este – em que se falou criticamente na actuação da Justiça e em que o seu primeiro comentário dirigido a mim foi de concordância absoluta e em que não houve qualquer outra discordância entre nós; há outros – designadamente o primeiro que alude – em que discordamos de tudo, excepto da parte que respigou, e um segundo, que é uma espécie de farsa, em que Vexa elogia apenas a comparação que é feita: «esta foi bem apanhada, de morte», etc. e tal, e não tanto a substância; mas se quiser podemos conseguir a concordância absoluta nesse. O assunto é o segredo de Justiça e eu acho ignominioso o comportamento da Justiça nesta matéria – «lato sensu», de todos os agentes – em relação ao «segredo de Justiça»; acho que o acontece é uma vergonha, uma fantochada, um desrespeito pelas partes envolvidas. É isso que está por detrás da ironia. E acho – sinceramente – que os agentes da Justiça bem podiam ir fazer um estágio junto de instituições «blindadas» como os bancos e outras para aprenderem como se faz e quem sabe até na editora do Potter... É este o pensamento que está por detrás da comparação. Veremos, agora, se a nossa concordância é absoluta ou nem tanto...
;-)
P.S. – Quanto às reticências, já havia reparado no lapso anterior que refere; não tem nada que se desculpar; não pretendi sequer chamar a atenção para o lapso mas apenas fazer um trocadilho e usar o duplo sentido da palavra reticências... Apenas!
Caro Politikos,
tenho também de, neste nosso "processo dialéctico" explicitar uma coisa: não foi em relação ao post que eu dirigi o meu comentário de concordância absoluta. Foi ao seu comentário anterior, quando refere, e muito bem, «sinto-me, perante o desajuste e a desproporcionalidade da abordagem, cada vez mais tentado a «apadrinhar» a «causa» da Patrícia, a qual, em condições normais, só me mereceria crítica e repúdio...»
Relativamente ao post, especificamente, acabei por não me pronunciar, embora adiante desde já que concordo com quase (lá está o quase, que diz respeito a algumas expressões mais "generalistas" que, como já se sabe, não costumo concordar - mas concordo com a substância) tudo.
Foi por isso que não percebi os seus "extras": concordei 100% consigo num determinado ponto e, como tentei demonstrar, não foi a primeira vez que o fiz.
Mas ainda vou tentar, no fim-de-semana, verificar se houve alguma concordância 100% minha com um teor de post seu :-)
P.S Não levei (nunca levo) a mal as chamadas de atenção: ainda mais quando estão em causa reticências...
Há, aliás, coincidências muito engraçadas: hoje, em busca de uma coisa no google, fui dar a este "pensamento", já nem sei de quem:
«as reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria seu caminho».
Lembrei-me logo de nós!
:-)
Cara Atenas
Logo vi que era «fruta» a mais essa concordância toda... ;-) Quando a esmola é grande...
Gostei do seu remate sobre as reticências...
E concordo em absoluto com ele...
Aliás, um bom uso das reticências e de outros sinais de pontuação dispensa am absoluto estas caretas com que andamos a povilhar os nossos comentários...
Caro Politikos,
creio que, apesar de ter ainda trabalho pela frente, conseguirei ir dormir com um amplo sorriso nos lábios, a sonhar com estas palavras mágicas:
«E concordo em absoluto com ele...»,
com reticências e tudo...
(e, por favor, fale por si, mas não chame caretas aos reflexos dos meus sorrisos...)
:-)
Caro vizinho: E post novo?
Preguiçamos não?
Bjo
Cara Atenas
Espero que tenha dormido bem e acordado com o mesmo sorriso de ontem...
Se soubesse que a minha concordância consigo tinha esse efeito lenitivo sobre si, já me teria esforçado mais...
;-)
Cara vizinha T
Muito trabalho, muito cansaço e nenhum tema suficientemente mobilizador...
Esperemos melhores dias para exercitar as meninges e as teclas...
;-)
:-)
Politikos... hum... sabe uma coisa... tou com saudades... daqueles seus posts... mais... "pessoais"... ainda se lembra?
Vá lá, faça um pequenino esforço: não tem vontade de se rir um bocadinho?! Acho que nos fazia bem...
(reparou como "abusei" dos...?; só para si...)
:-)
Bj
Cara Atenas
Por acaso esteve para sair hoje um poste, ainda sobre telemóveis, de cariz mais pessoal, mas depois as declarações do PGR sobrepuseram-se... Mas talvez calhe um dia destes...
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