29 de março de 2010

Mas onde é que está o socialismo do PS?!

O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) está aí. É inevitável. Custa-nos a todos, a uns mais do que a outros, mas não há volta a dar. O Governo não tinha alternativa. O que se discute agora - Governo, oposição e analistas - é semântica e cosmética.
Mais uma vez aqui me agoniou a forma, mais do que a substância. O truque retórico do não há aumento de impostos, há é diminuição dos benefícios fiscais, pode ser tecnicamente muito defensável, mas para o senso comum é um mero artifício de linguagem que não contribui para a aceitação das medidas mas sim para irritar os visados. Não surpreende, porém, vindo de quem vem! São os mesmos que distinguiram meta e objectivo, para justificar a não criação de emprego, e que disseram que o Estado não meteu um cêntimo no BPN...
Embora a margem não fosse grande, era possível fazer diferente, mas não a este PS e não a este Governo...
Do que veio a público, chocaram-me duas coisas:
  1. O adiamento para 2011 da proposta de tributação das mais-valias das operações em bolsa, sendo as restantes medidas para vigorar desde já;

  2. O plafonamento do montante para pagar o subsídio de desemprego e o rendimento mínimo: presumo que quando não houver dinheiro, o bolo se continue a dividir pelos mesmos mas em fatias menores até chegar à côdea.

Confesso que de per se ambas me chocam e a conjugação das duas deixa-me a pergunta: onde estará, por estes dias, o socialismo do PS?!?! Em tempos disse-se que fora metido na gaveta, hoje foi seguramente arrumado no sótão da avó por entre os trastes inúteis que um dia hão-de ir fora...

Estou certo, porém, que este plafonamento é bem capaz de marcar o fim do Estado-Social tal como o conhecemos… A partir daqui tudo será diferente...

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4 Comments:

Blogger Luísa A. said...

Caro Politikos, é isso mesmo que ando a tentar dizer-lhe há muito tempo. É que, em Portugal, a Esquerda e a Direita (ideologias), se as há, já não são verdadeiramente representadas por ninguém. Ou se o são, de uma forma muito ténue e parcial, são-no ao contrário do que parece. A mim, tudo isto choca, mas não surpreende. O socialismo não pode vingar em países que não têm (nem criam) riqueza para distribuir. E o que sobra do bolo, em situações de desespero, não vai servir para matar a fome dos que a sentem, mas para estimular aqueles que, já tendo algo de seu, se apresentam como «salvadores da pátria», com o argumento de que podem fazer mexer a economia. O socialismo, no confronto com as agruras da vida real e a sua «lei da força», torna-se pura ficção. Só acho lamentável que o nosso PS – que ainda se reclama socialista - não tente sequer negociar com os que, de fora, nos impõem soluções radicais um caminho de algum – o possível - compromisso.

terça-feira, março 30, 2010 3:19:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Cara Luísa. Não aproveite a maré para fazer a sua diatribe anti-socialista! O Estado-Social e o chamado modelo social-europeu é um património socialista ou social-democrata, enfim da esquerda europeia. É algo que devemos proteger e estimar. Mais do que a criação de riqueza, é muito isto que nos distingue para melhor do que se passa noutras partes do globo!
É tb por esse património que me interrogo como é possível o PS, que é mais do esta gente que está no Governo, ficar calado perante o plafonamento de algumas prestações sociais em simultâneo com o adiamento da cobrança da taxa de 20% sobre as mais-valias na Bolsa, aliás a mesma taxa que alguém paga sobre os juros que recebe de uma pequena poupança! Isso é que verdadeiramente me interpela e me suscita uma enorme interrogação?

terça-feira, março 30, 2010 11:37:00 da tarde  
Blogger Luísa A. said...

Pronto, Politikos, não vou aproveitar a maré para «politicar», mas apenas para lhe desejar uma boa Páscoa. ;-)

sábado, abril 03, 2010 5:28:00 da tarde  
Blogger Politikos said...

Luísa, por quem é! «Politique» à vontade! :-)
Boa Páscoa tb para si e para os seus.

sábado, abril 03, 2010 10:16:00 da tarde  

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