Sombras chinesas
Em matéria de receita, os tempos parecem ser de atirar em tudo o que mexe. Parecem! Porque na verdade, há muitos jogos de sombras chinesas, puras ilusões de óptica. A tributação das mais-valias em Bolsa e a proposta de alteração aos prémios dos gestores da EDP são dois destes jogos de sombras. Primeiro porque em relação às mais-valias bolsistas falamos só daquelas que são tributadas em sede de IRS e em relação à EDP a proposta do accionista Estado na Assembleia-Geral daquela empresa estava obviamente votada ao fracasso. No primeiro caso todas as sociedades gestoras de participações e os fundos autónomos continuam a operar como antes e no segundo caso enquanto a teta escorrer abundantemente para os accionistas, pode também escorrer torrencialmente para os gestores, e em particular para o presidente, que ninguém mexe uma palha... O Estado conhece as regras do jogo do mercado e se só tem directamente 20% da EDP, porque já alienou o resto, o que esperava com esta atitude?! E o que vai fazer agora?! Legislar?! Veremos se tem coragem para o fazer! Eu acho que não tem porque estas medidas fazem parte de um certo teatro de sombras...
P.S. - By the way, paguei em Março uma bela factura de €160 de electricidade! A mais alta de sempre! É já costume no mês de Março pagar um bom bocado mais: no ano passado 120€, há dois anos €100, mas este ano ultrapassou tudo o que era expectável: €160... Isto tendo os mesmos electrodomésticos, o mesmo padrão de consumo e acrescidas preocupações economizadoras... Por acaso tenho por cá os recibos desde há 20 anos... E já me dei ao trabalho de olhar para eles... É muito fácil perante isso, perceber a razão daqueles prémios chorudos...
Etiquetas: Economia, Empresários, Empresas, Estado, Governo, Políticos
2 Comments:
Caro Politikos, na minha qualidade de «quase» especialista - ;-) - diria que se adivinham algumas falhas no processo de fixação de objectivos do gestor António Mexia. Por exemplo, não deve constar do conjunto desses objectivos, nenhum relacionado com a qualidade do serviço prestado pela empresa. É que, sabendo-se, como se sabe, que o abastecimento eléctrico é uma calamidade no interior do país e no rigor do Inverno, com grave prejuízo para equipamentos domésticos e industriais (prejuízo que a EDP, tanto quanto sei, não costuma indemnizar), se um tão elementar objectivo constasse da lista, o nosso gestor teria sofrido um rombo no valor do prémio. Mas como parece tê-lo recebido por inteiro, presumo que tenha apenas objectivos de natureza económico-financeira. Que talvez expliquem o inexplicável aumento nas facturas...
Os accionistas estão-se nas tintas para a qualidade do serviço que a EDP presta, Luísa. Querem é dinheiro, sempre mais e mais, e, claro está, um Estado e um regulador mansos que os deixe vender a electricidade ao preço que lhes convém. Por acaso, não tenho grande razão de queixa da EDP no que respeita à qualidade. Comparar a EDP com a de ontem, é mera coincidência! Quando era miúdo, lembro-me que as falhas eram constantes. Hoje são muito poucas, mas também já ouvi comentários coincidentes com o seu, ou seja, que fora das cidades a coisa é muito pior. Mas também não vou ao ponto de dizer, como refere, que é uma «calamidade»...
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