10 de junho de 2010

Economês

Uma notícia do Expresso deste fim-de-semana dava conta de que o Banco de Portugal caçou a licença ao braço-direito de João Rendeiro no BPP, Paul Guichard, nome que não tem estado na berlinda e de que raramente se ouve falar. É um erro achar que casos como o BPP ou o BPN se deveram exclusivamente a João Rendeiro e Oliveira e Costa. Não é possível, nos dias de hoje, a um só homem montar colossais embustes, como por exemplo o do BPN.
A dada altura, diz o Expresso:
«Paul Guichard promoveu a criação de 12 offshores, sobretudo, “com objectivos de alisamento ou window dressing de resultados e parqueamento de investimentos em veículos de private equity».
A frase é notável. Veja-se a quantidade de termos ingleses e o nível de metáfora de termos ingleses e portugueses. O que reflecte muito do que é hoje a linguagem económica. Ao contrário de outros, vejo com agrado a importação, com ou sem aportuguesamento, de termos e sobretudo os níveis de metáfora que me parecem intelectualmente bastante estimulantes. Agora o que acho é que a linguagem jurídica ou o eduquês, por exemplo, onde a importação de termos e os níveis de metáfora são bastante mais baixos, têm sido bastante mais maltratados do que o economês. Talvez porque não estejam na moda...
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No meu copo 275 - Veuve Clicquot Ponsardin; Quinta de Sant’Ana Sauvignon Blanc 2008; Colares Fundação Oriente branco 2008; Aneto branco 2009

Haja paciência para mais um texto do pseudo-enófilo Politikos...

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5 de junho de 2010

Peões de brega a propósito da PT

Há uns anos, vi um impante Belmiro de Azevedo a subir, às 8h00, as escadas da Assembleia da República (AR), creio que para prestar declarações a uma comissão parlamentar, dizer aos jornalistas que só àquela hora é que podia lá estar… Belmiro impôs a hora para ir à AR e a AR acedeu… Não foi uma visita de deputados à Sonae, foi uma visita do presidente da Sonae à AR. Foi um pequeno episódio, mas sintomático. A AR ajoelhou na sua própria casa.
Pelo meio, vi muitos outros episódios. Outro, também pequeno, mas igualmente sintomático. O nosso Primeiro-Ministro, já José Sócrates, qual vendedor de Bimby, apresenta, creio que em pleno Parlamento venezuelano, o computador Magalhães, manuseando o equipamento e dizendo que até os assessores dele o utilizavam… O poder político ao mais alto nível serve ao mais baixo nível o poder económico...
Há uns dias, o Governo, qual peão de brega, ameaçava usar a sua golden-share na PT para inviabilizar a compra pela Telefonica da participação da PT na Vivo, afirmando a importância estratégica da empresa para a economia nacional e a importância da Vivo na estratégia de internacionalização da PT. Hoje, perante a subida da parada, parece fechar-se em copas e remeter o assunto para os accionistas. Afinal, a importância estratégica era apenas o preço, do qual, aliás, o Estado só indirectamente, por via da CGD, beneficiará.
Enquanto isso, o Povo escolhe os políticos como alvo de eleição, aplaudindo pequenas medidas demagógicas como a da redução dos salários dos políticos. Obviamente que ao não se dignificarem os políticos se põem a jeito! Obviamente que quanto mais atirarmos sobre eles, mais fracos eles serão. Mais peões de brega de cavaleiros e de toureiros-artistas, ou seja, daqueles que fazem a lide, matam o touro e no final recebem os louros…

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