Do ridículo à vergonha
Volto ao vídeo captado numa aula da Escola Secundária Carolina Michaëlis. A comunicação social cavalgou o assunto. E cavalgou-o de forma inaceitável. Porque é inaceitável que se diga «o caso da aluna que agrediu a professora», por exemplo. Quando não se vê nenhuma agressão. O que há ali indisciplina e desrespeito. Ou que se diga «o caso de violência de uma aluna sobre uma professora no Porto». Porque não se vê ali nenhuma violência. Nem física, nem verbal. O que se vê ali - sublinho - é indisciplina e desrespeito. Sobre este cavalgar dos media, vem a Justiça e cavalga uma onda transformando-a num tsunami. E quando a Justiça se mete no meio de bagatelas perde-se logo a verosimilhança. E mete-se, não por terem recorrido a ela, por ter havido uma queixa. Mete-se, pedindo que recorram a ela, pedindo que se queixem. E isto ao mais alto nível. Foi o próprio Procurador-Geral da República, ele mesmo, que deu gás a isto tudo. De forma inaceitável. A menos que procure criar aqui uma manobra de diversão para camuflar os verdadeiros problemas da Justiça que ele não consegue minimamente ajudar resolver. O que eu não acredito, não posso, nem quero acreditar! E claro, como a Justiça não está preparada - nem pode, nem deve - para lidar com casos como este, não há moldura adequada para enquadrar o que aconteceu. E surgem verdadeiros aleijões jurídicos sem nenhuma verosimilhança e que ofendem qualquer pessoa que pare um minuto para reflectir. Que a aluna vai ser acusada de difamação?!?!?!, de injúrias?!?!?!, de ofensas corporais?!?!?!?, de coacção, porque não terá deixado sair a professora da aula?!?!?!?, e os colegas de omissão de auxílio?!?!?!? É o ridículo mais absoluto! É pior do que o caso Esmeralda! E é pior porque há o risco de este caso e de esta aluna constituirem uma espécie de caso exemplar e de esta aluna e os colegas serem uma espécie de bodes expiatórios. E se assim for, passa-se do ridículo para a vergonha. Para uma hedionda vergonha que deverá cobrir a Justiça portuguesa...
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