27 de junho de 2009

Democracia ou ditadura da maioria

A humildade democrática e cívica não se decreta, tem-se e usa-se no exercício do poder. E o PS usou-a na conclusão do caso da nomeação do provedor de Justiça. Ontem, assistimos ao anúncio do acordo ser feito por Paulo Rangel ao lado de Alberto Martins, cabendo ao primeiro o elogio a Alfredo de Sousa. Esse pormenor, politicamente relevante, deve inclusive ter feito parte do acordo. O tom assertivo de Rangel e o ar contristado de Alberto Martins não deixaram grandes dúvidas de que o PS saiu politicamente derrotado desta peleja. No entanto, é uma derrota que o prestigia e não o diminui.
Segundo consta, o PS na atitude do costume decidiu apresentar sem diálogo com o PSD o nome de Jorge Miranda. Não se articulou com o PSD e precisava do PSD para isso, já que a nomeação do provedor é feita por 2/3 dos votos. A maioria é absoluta mas há pormenores democráticos que felizmente precisam de mais do que 50%. Porventura deveriam existir mais…
O PSD cismou, fez finca-pé e não chegou a acordo. O PS persistiu no nome e sujeitou Jorge Miranda a apresentar no Parlamento uma candidatura ao cargo quando sabia que o problema não era tanto o nome de Jorge Miranda mas sim a sua própria atitude. Jorge Miranda não percebeu e sujeitou-se a isso, tendo depois de sair da liça pela esquerda baixa. Ou teve mais ambição pessoal do que leitura política. É possível!
Pelo meio tivemos o que se sabe, com o provedor cessante a bater com a porta e com candidatos de vários partidos a apresentarem as suas propostas para o lugar. Acabámos com a nomeação de Alfredo José de Sousa indicado para provedor ou mediador do crédito, como seria mais lógico atento o seu currículo, para provedor de Justiça.
Esteve bem o PSD ao persistir e obrigar o PS a ir ao tapete. Esteve bem o PS em deixar-se ir ao tapete, resolvendo um caso que ele próprio criara. Para o jogo democrático, é bom que o PSD saiba que este esticar da corda não é para usar sempre e que o PS aprenda a dialogar mais. É que o regime é uma democracia, não é uma ditadura da maioria.

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20 de junho de 2009

A adega design da Quinta do Encontro

Olha, olha, o Politikos armado em eno-escriba! Não há condições!

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18 de junho de 2009

Não aprendem

Tenho há cerca de 6 anos uma conta no Barclays Bank. Durante este período já tive quatro ou cinco gestores de conta. Sempre cada vez mais jovens e sempre cada vez mais obtusos. Agora tenho um que me manda mailes sem nenhuma mensagem. Qualquer coisa do tipo: «na sequência da n. conversa telefónica, junto lhe envio, cumprimentos». Nem educação têm. Vou-lhes tirando a pinta pelo telefone. Só conheci um deles pessoalmente.
Mas, os gestores de conta não se fizeram para o tal tratamento personalizado, para criar proximidade com o cliente. A este ritmo? Pois! Pior, em rotatividade, só mesmo ser treinador do Benfica…
Da última vez, há umas semanas, o jovem tentou vender-me pela segunda vez um produto estruturado. Pedi-lhe, por desfastio, o folheto de divulgação que me dizia, entre outras coisas, que aquilo tinha por base uma offshore sediada nas ilhas Caimão, que a emissão era feita por um banco de Nova Iorque e que não devia dispensar a leitura do folheto completo que se encontra… na sede do Barclays em Londres… Para a responsabilidade que envolve a decisão, a tradução portuguesa é medíocre…
Não há condições! Esta gente não tem educação, não conhece, nem dá credibilidade ao que vende, nem sequer aprende com o que se passou recentemente…

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6 de junho de 2009

Incumprimentos...

Em conversa com um amigo, fui-lhe ouvindo os desabafos sobre o não cumprimento, por parte de uma grande empresa portuguesa, de parte do contrato de prestação de serviços que ambos haviam assinado. Esse meu amigo equacionava mesmo a possibilidade de recurso contencioso e de corte de relações com um dos directores da mesma.
Por alguns momentos, a conversa derivou para as eleições europeias, tendo-lhe eu referido que não iria votar. Recebo de volta uma resposta indignada, qualquer coisa como: Que vergonha, parece impossível não ires votar! Respondi, em jeito de contra-ataque, que quem votava nestas europeias é que não tinha vergonha nenhuma e nem sequer se dava ao respeito! Notei-lhe alguma estupefacção pelo inesperado da resposta e levei com o habitual paleio do dever cívico, característico de quem beneficiou tarde desse direito e já o acha em si mesmo um bem absoluto, não achando que esse período já passou e que hoje se deve ser mais exigente com a democracia e com os seus agentes. Retorqui que os políticos dos partidos do chamado arco do poder, e muito especialmente o PS, sempre desconsideraram o Povo nesta matéria. Porque nunca referendaram Mastrich, Roma ou mais recentemente Lisboa. E, neste último, o referendo foi-nos mesmo prometido... pelo PS… Para rematar, pedi-lhe uma ideia dos candidatos sobre a Europa, não foi sequer uma ideia de Europa, mas apenas uma medida a defender na União e as principais diferenças entre eles, mas não obtive mais do que um discurso pouco articulado e vaguezas...
Não deixa igualmente de ser curioso como conseguimos ter dois pesos e duas medidas radicalmente diferentes para analisar incumprimentos, sentindo muito as coisas que se passam directamente connosco e pouco a coisa pública. E quando o sentimos ainda é com os olhos de uma gramática apegada a um pós-ditadura sobre a qual já passaram 35 anos...
Já saí do armário e não me disponho a receber lições de cidadania básica de quem apenas põe uma cruz de quatro em quatro anos... Além disso, convenhamos, dava-me menos trabalho pôr a tal cruz do que por exemplo alimentar este blogue...

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5 de junho de 2009

A resposta taco-a-taco que não chegou a vir

Freitas do Amaral (FA) num notável artigo na Visão de há duas semanas fez um repto a Louçã, sob a forma de perguntas. O artigo é de uma clareza meridiana, com aquele raciocínio simples, articulado e estruturado que caracteriza FA. Fiquei curiosíssimo em conhecer a resposta de Louçã. Ela veio na semana seguinte. Infelizmente, a resposta de Louçã é generalista, embrulhada e abstracta. Louçã caiu na armadilha montada por Freitas e não a conseguiu desmontar. A forma como FA o encostou à parede exigia dele uma resposta clara e directa, ponto a ponto, taco-a-taco, pergunta a pergunta. E não foi isso que aconteceu.
Para além das questões de forma, o problema maior são as questões de substância.
O BE já fez um grande trajecto, ao arrumar a tralha trotskista e outras no baú das antiguidades e ao fazer emergir uma geração mais nova, mais urbana, mais cosmopolita, menos trauliteira, com densidade política e propostas concretas. Falta-lhe, porém, aquele bocadinho assim para se tornar um partido positivo que contribua para a governação do país. Talvez na próxima geração! Porém, com os descontentes do PS e outros que ideologicamente não querem encostar ao centro ou guinar à direita onde apenas encontram mais do mesmo, o BE pode ver-se de um momento para o outro com um número de votos que o faça ter de crescer mais depressa... e não só nos votos...

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