28 de outubro de 2009

O vintém e o cretino...

Manuel Machado chamou cretino a Jorge Jesus. Objectivamente é um insulto.
Jorge Jesus mostrou 2 dedos quando o Benfica ganhava por 2 e 4 dedos quando ganhava por 4. Objectivamente é apenas uma provocação.
Num primeiro olhar, é mais grave insultar alguém chamando-lhe cretino do que mostrar 2 ou 4 dedos que afinal até só espelham o resultado em campo.
Porém, neste caso, é muito mais grave mostrar os 2 e os 4 dedos do que apodar alguém de cretino:
1.º Porque Jorge Jesus representa o Benfica e o Benfica não é o Nacional; o Benfica é mais forte e o Nacional é mais fraco;
2.º Porque representando o clube mais forte, Jorge Jesus não deve provocar (os 2 dedos) e menos ainda humilhar (os 4 dedos) o clube mais fraco;
3.º Porque Jorge Jesus negou ter provocado com uma desculpa tosca e esfarrapada que falava de uma sinalética em que os 2 dedos simbolizavam os dois avançados e os 4 dedos a linha da defesa.
Ou seja:
Errou porque provocou um clube mais fraco.
Errou porque se vangloriou e humilhou um clube mais fraco.
Errou porque não reconheceu que provocou.
E ainda fez de nós tolos com aquela desculpa.
Manuel Machado também errou, porque o insultou mas sobretudo porque escolheu mal o nome para o insulto...

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18 de outubro de 2009

Viva a República!

Por estes dias, a República parece que ensandeceu. Segundo noticia o Expresso de hoje, chega para a semana um camião de vacinas para a gripe A. A operação é top-secret. O motorista do camião não sabe que transporta a vacina. O veículo não tem nenhuma indicação de que transporte medicamentos. Chegado cá, vai para um armazém não identificado na Grande Lisboa. Enfim, uma coisa pro, à americana. Não vá o povoléu organizar-se e saquear o camião, nalgum cruzamento da auto-estrada, ou cercar e saquear o armazém das vacinas que se destinam prioritariamente – imagine-se – aos titulares de órgãos de soberania… Diz o Espesso que os primeiros a ser vacinados serão o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República, o Primeiro-Ministro… E nem precisam de mexer uma palha que a Direcção-Geral da Saúde (DGS, curiosa sigla) vai a Belém, à AR e a São Bento tratar-lhes da saúde! Parece que dentro dos grupos de risco, estão também os antigos presidentes da República?!?!?! Certamente na qualidade de ex-titulares de órgãos de soberania. Sampaio corre à frente e já fez mesmo o primeiro pedido… Segundo ele, além de «razões institucionais»?!?!?!?!?!?!?!?! – deve ser por integrar o Conselho de Estado?! – pertence a um grupo de risco por ser cardíaco…
Procurei informar-me, no site da DGS e no Portal da Saúde, sobre quem são os grupos de risco e sobretudo conhecer aqueles a quem vai ser administrada a vacina e com que prioridades, mas não consegui! Só tenho a informação do Espesso. Além dos titulares de órgãos de soberania, todos pelos vistos, que são todos imprescindíveis, como bem se sabe, e ex-titulares, ou pelo menos ex-Presidentes da República, temos em seguida – como é óbvio – os profissionais fundamentais de saúde… Por esta altura já se percebeu pelo negrito que neste caso são só os fundamentais e não todos. Fica por esclarecer se os fundamentais são os que tratam da saúde aos titulares de órgãos de soberania?! Seguem-se aqueles – como é óbvio – que tenham razões de saúde: grávidas com mais de 12 semanas de gestação, obesos, diabéticos, asmáticos, cardíacos…
A ideia de conhecer os grupos de risco e as prioridades de vacinação da DGS era para saber em que lugar estavam, e se estavam, os trabalhadores que asseguram a recolha do lixo… Mas só porque preciso que reciclem o jornal. É que a notícia fede…
Tudo isto parece ter passado incólume. Não há qualquer sobressalto cívico, nenhum sinal de indignação nos media... Ainda está por aqui alguém?

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8 de outubro de 2009

Fregueses... e munícipes...

Escrevo isto hoje, quinta-feira. Quando, para a minha junta de freguesia, apenas me chegaram dois panfletos de duas forças políticas. Um, o do PS, é medíocre; outro, o da CDU, é satisfatório. Daquela gente, que integra as listas, conheço um elemento de cada uma delas. Da lista do PS, conheço quem me convidou para a integrar e que nem sequer mora na freguesia. Ou numa limítrofe, ou ao menos no concelho de Lisboa! Da lista da CDU, conheço uma colega de profissão que se apresenta como Professora Universitária, quando essa não é a sua profissão principal. Pequenas vaidades, decerto! Professor universitário tem por certo outro sainete! Acresce que quando avalio os folhetos, falo apenas da qualidade das propostas, e não do grafismo ou da correcção linguística! Dos outros partidos, não sei que propostas têm, nem quem são as pessoas. E querem, assim, que eu vá votar?!
Vale a pena, já agora, num tempo em que as autarquias ganharam uma maior dignidade, com candidatos nacionais a concorrerem a muitos municípios. E, num tempo em que ganhou foros de absoluta normalidade o facto de alguns desses candidatos nacionais, já instalados noutra sede qualquer, como por exemplo em Estrasburgo, concorrerem despudoradamente a autarquias onde, se perderem, nunca vão assumir pelouro nenhum. Pedindo o voto e tendo ainda por cima apoios de peso, recordar um episódio passado na última vez que votei em eleições autárquicas, há para aí uns 15 anos...
Nasci em Lisboa e vivi na cidade perto de 30 anos. Acabei a contragosto por ir parar aos arrabaldes onde vegetei durante 10. Sempre havia votado em Lisboa, pelo que estava habituado a que quem concorria, ganhasse ou perdesse, assumia um pelouro, fazendo o seu melhor pela cidade e honrando quem nele depositou confiança. Fui, porém, parar aos subúrbios no exacto momento em que os tais candidatos nacionais começaram a concorrer a câmaras municipais, primeiro para fazer o frete ao partido e depois, quando as câmaras ganharam maior dignidade, por protagonismo.
Colocando-se a questão de votar, numa zona onde não conhecia ninguém, procurei informar-me sobre os programas e os seus intérpretes. Tudo isto na era pré-internet. E lá me decidi pelo candidato do PS, uma aposta forte, já que a criatura era deputado por um dos círculos do estrangeiro. Confiei-lhe o meu voto, ficou em segundo lugar, com quase 30% dos votos. Mas no dia seguinte, marimbou-se para isso e nunca pôs os cotos na câmara municipal… Passei, a partir daí, a votar militantemente em branco, evoluindo depois, mais recentemente e após bastante reflexão, para a abstenção.
Por tudo isto, só se fosse totalmente desprovido de qualquer bom senso cívico é que iria votar nestas eleições... pelo menos para a minha junta de freguesia…

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