31 de maio de 2006

Locais alternativos...

Aqui vai mais uma, na linha do poste Que grande frete. Esta conseguiu-me tirar um sorriso dos lábios, tal a inverosimilhança do eufemismo. Dou alvíssaras a quem, sem contexto, conseguir descobrir a que é que se refere:
Associação Nacional dos Empresários de Locais Alternativos
Pois, fique-se sabendo que é a associação que na Alemanha reúne os proprietários de bordéis... A «coisa» vem na Visão, da semana passada, que traz uma curiosa reportagem sobre as «movimentações» dos bordéis, na Alemanha, com vista ao próximo Campeonato do Mundo de Futebol...

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30 de maio de 2006

Tiradas analfabetas

Cada vez tenho menos paciência para aturar certas tiradas das nossas elites... Elites, digo bem! Acabei de assistir a uma, num debate na RTP 1, a propósito da violência na escola. A dada altura e a propósito da possibilidade de os pais serem chamados a avaliar os professores, Fátima Bonifácio aduz como argumento contra a medida o facto de - e cito de memória - «a maioria dos pais serem analfabetos ou quase». Para além da absoluta falta de rigor científico da afirmação, ademais vinda de uma investigadora e professora universitária, e do snobismo intelectual que a mesma encerra, acho que Salazar, há 40 ou 50 anos, decerto a subscreveria... Aliás usou argumentos semelhantes para rejeitar o direito ao voto... Por mim considero-a de um profundo analfabetismo social, cultural, cívico, ou o que se queira...

28 de maio de 2006

Língua «a martelo»

Aqui deixamos um poste dedicado ao Professor Malaca Casteleiro. Para, na segunda edição do «seu» Dicionário da Academia, não se esquecer de se abonar na obra Primeiro as senhoras: relato do último bom malandro, de Mário Zambujal.
Um verdadeiro maná dos deuses de novas palavras aportuguesadas do inglês. Ora nós sabemos que os «bons malandros» da «era da globalização» têm necessariamente de dar uns «toques» no inglês. Mas também não era preciso ser tão realista, ó Mário! É que algumas destas palavrinhas são de difícil ou mesmo impossível identificação sem contexto, além de terem problemas estruturais de construção. Alguns exemplos avulsos. É possível que haja mais:
  1. «epiende», i. é «happy end» (p. 140) - e porque não «épi-ende»;
  2. «flechebeque», i. é «flashback» (p. 126) - e porque não «fleche-beque»;
  3. «iesse», i. é «yes» (p. 27) .
Ainda há o «drinque» (p. 111), mas que o Prof. Malaca já contempla, e o «coqueteile» (p. 34), para o qual o Mário dá - e até é mais verosímil - esta grafia alternativa ao Prof. Malaca, que refere «coquetel».
Garanto-vos que tive de fazer alguns «flechebeques» para tentar perceber algumas delas...
E sendo Mário Zambujal um escritor com inegáveis recursos vocabulares, acabei por não perceber bem se estas palavrinhas, semeadas aqui e ali pelo livro, são afinal um «exercício de estilo», uma «provocação» às novas incorporações do Português e à linha do Prof. Malaca, como parece depreender-se do «iesse», ou outra coisa qualquer...
Peço encarecidamente que os poucos leitores-comentadores deste blogue não me digam que «é a língua a evoluir» ou que «a língua é aquilo que os falantes e os escreventes quiserem que ela seja», como já tenho por aqui defendido... É que a língua tem de evoluir, é certo, mas não «a martelo»...

24 de maio de 2006

Profissão blogger

Há uns dias ganhei uma nova qualidade que vou passar a incluir no curriculum, a de blogger... Eu realmente escrevo para aqui umas «coisas», não pensava é que isto já dava direito a função com certo estatuto e reconhecimento social na Pólis e ainda por cima capaz de emparelhar com outras mais nobres funções da vida! Mas parece que sim! É que na Visão, da semana passada, secção Cultura (Feira do Livro), ao apresentar-se o livro O eduquês em discurso directo, de Nuno Crato, diz-se:
«Recomenda-se a professores e alunos, pais e educadores, a bloggers e colunistas... e, sobretudo, a ministros».

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A profecia

A frase do dia. Hoje de manhã, TSF. Cenário: Feira do Livro do Porto. Escritor convidado: Mário Cláudio. Sugestão de leitura deste: As trovas do Bandarra. A razão: numa quadra das Trovas diz-se: «Irá aparecer um ministerial com nome de sábio antigo…» (já não me recordo do resto e não tenho nenhum exemplar das ditas aqui em casa para cotejar a «coisa»: se algum leitor quiser dar uma ajuda…). E diz Mário Cláudio, com ar de quem vai revelar o «quarto» segredo de Fátima: Esse «ministerial» é José Sócrates… Cheira-me a Dan Brown, ai cheira, cheira...

23 de maio de 2006

Que grande frete

De há três décadas para cá, a linguagem ganhou uma enorme tecnicidade em quase todas as áreas profissionais. A formação inicial em posto de trabalho quase terminou. Para todas as áreas é necessária, e bem, uma qualquer qualificação profissional, um qualquer curso de formação. É, pois, necessário sistematizar o conhecimento para assim o transmitir de forma organizada. Daí à existência de um jargão técnico, vai um passo. Até aqui, tudo bem. O problema é quando essa tecnicidade perde completamente verosimilhança. Vem esta arenga a propósito de uma entrevista, ontem na SIC, a José Luís Simões, presidente da conhecida empresa de transportes, Luís Simões, acerca do impacto do aumento dos combustíveis naquela empresa. Luís Simões lá foi perorando com um discurso empresarial típico, com todos os «chavões» da arte, que me pareceram um bocadinho alardeados e bebidos à pressa num curso de gestão rápida. Mas não quero ser injusto para com um empresário com obra feita... A dada altura, a entrevistadora pergunta-lhe, com todo o a propósito, aliás, se alguma vez equacionou baixar o preço dos fretes. Responde logo Luís Simões:
«Com todo o respeito, nós não fazemos fretes, transportamos mercadorias na cadeia de abastecimento». Fantástica definição!
Que pena tenho eu da perca destas velhas palavras. Com uma só palavrinha, resolvia-se a «coisa» e todos sabíamos do que se tratava…

21 de maio de 2006

137 dias para pagar impostos

Na última semana, vários jornais referiram, com base num estudo da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa em parceria com a AIP - Associação Industrial Portuguesa, que «trabalhamos 137 dias por ano para pagar impostos». Quem lê, pensa logo que o produto desses 137 dias de trabalho vai directamente para pagar os ordenados dos funcionários públicos, sobretudo dos que se vêem nos balcões das «repartições». Os comentaristas pegam nisso e «à boleia» escrevem e escrevem. Vi de tudo. Detenho-me, no entanto, numa nota de Nuno Rogeiro, no Metro de sexta-feira passada, que reforça isto com uma «lapalissada»: diz que tal corresponde a 1/3 da vida activa e acrescenta, em jeito de conclusão: «não me parece que o Estado nos dê 137 dias da nossa vida em qualidade de serviços». A mim não me parece, nem deixa de me parecer. Simplesmente, porque não há, e dificilmente pode haver, estudos globais que o confirmem. O que me preocupa aqui é a ideia subjacente: «1/3 do ano a trabalhar para o Estado = 1/3 a trabalhar para pagar os ordenados dos funcionários públicos».
Vejamos então para que servem os impostos. É bom que pensemos que o Estado nos acompanha desde que nascemos até que morremos e está sempre presente, sobretudo quando as «coisas» correm mal. É o preço de não vivermos na selva, na anarquia, na desordem, no caos. Acompanhemos um dia na vida de Nuno Rogeiro. Levanta-se e abre o interruptor: lá está o Estado que lhe fornece a electricidade; vai à casa-de-banho: lá está o Estado que lhe fornece a água. E para onde vai a água? Para as estações de tratamento do Estado ou para o mar pelas condutas que o Estado construiu… E mal mete o pé na rua, caminha pelas ruas que o Estado pavimentou, se vai de carro, circula nas estradas que o Estado construiu, se usa o Metropolitano, e já o vi por lá, esse transporte é custeado pelo Estado… Se vai pôr o filho na escola, mesmo privada, ele sabe que os programas foram concebidos pelo Estado e que se algo correr mal com o filho, há institutos públicos onde pode recorrer… O mesmo se passa quando vai tomar a bica e comer o salgado, sabe que há quem fiscalize e zele pela qualidade do que está a comer, e, se algo estiver mal, pode reclamar e recorrer aos institutos de regulação do Estado, o mesmo se passando com qualquer transacção com privados ou com «públicos» que faça ao longo do dia. E se, durante o dia, alguém, por exemplo, o insultar, pode-se queixar ao Estado. Ao longo do dia, recorre por certo, de um ou de outro modo, muitas vezes, directa ou indirectamente, ao Estado. E quando à noite chega a casa e dorme, sabe que o pode fazer em segurança porque há a polícia do Estado que zela por ele e pelos seus bens. E quando estiver doente ou se reformar, lá está também o Estado… E quando um dia, que se quer longínquo, Nuno Rogeiro «bater a bota» será cremado ou sepultado num cemitério do Estado… Não sei se isto merece 137 dias de impostos pagos, mas é bom que se pense nisto quando atiram estes números para o ar…

20 de maio de 2006

Recepcionar não avilta a língua

Desafiaram-nos, as Krónikas Tugas, a pronunciarmo-nos sobre a correcção do verbo «recepcionar». A razão das Krónikas Tugas para não o aceitar era que, existindo o «receber», para quê o «recepcionar»? Para mim, essa não é uma razão atendível. Há o receber, que é mais simples, mas porque é que não há-de haver o «recepcionar», que é mais técnico? Quantas palavras sinónimas ou com sentidos semelhantes temos na nossa língua? Temos também, por exemplo, o «oferecer» e o «ofertar», que se usam indistintamente sem escandalizar ninguém.
A quantidade e a diversidade do léxico é que faz a riqueza da língua…
Indo ao «recepcionar», por mim está «recepcionado». Nunca uso mas não me repugna nada usá-lo ou passar a usar. A palavra está bem construída, atendendo ao radical de onde provém, a partir do qual se formaram muitas outras palavras. E é - parece-me - utilizada sobretudo em contextos técnicos e profissionais.
Quanto a dicionários, dos que consultei – quase todos os grandes dicionários, diga-se - só o da Academia já a inclui com o sentido que o tal locutor, citado pelas
Krónikas Tugas, lhe dá. O que significa que já está dicionarizada com esse sentido. Nem sequer é só consagrada pelo uso. E, a meu ver, bem. Até porque a palavra já existe há muito. Só que foi evoluindo e ganhando novos sentidos.
José Pedro Machado define-a, de forma sintética e breve, referindo apenas: «dar recepções». Entre um e um outro dicionário, complementados por outras fontes, atrevo-me até a avançar uma conjectura do que foi a sua evolução. Primeiro, começou por significar «organizar recepções», no sentido de organizar um evento, no qual se recebia conjunto de pessoas (um colectivo) de forma solene. Lembremo-nos das recepções nas embaixadas ou afins. Deve, depois, ter evoluído para a recepção a um conjunto de pessoas (ainda um colectivo) mas em ambiente menos solene, menos formal: profissional, de negócios ou mesmo em casa. Algo do tipo: «recepcionou os clientes no hall e encaminhou-os para o escritório, onde esperaram» ou mesmo individual «recepcionou o cliente x no hall e encaminhou-o para o escritório, onde esperou». Do «recepcionar» pessoas ao «recepcionar» coisas ou objectos, como cartas ou papéis, foi um passo… Penso até que a vulgarização da figura do(a) recepcionista também deve ter ajudado a que isto acontecesse. Os recepcionistas «recepcionam» pessoas mas também «coisas», objectos. A palavra foi-se, pois, popularizando e assim alargando o seu âmbito: das recepções solenes, para as recepções profissionais, das recepções de pessoas para as recepções de objectos…
É a língua a evoluir…

17 de maio de 2006

Delta «permaturo» no dia da mãe...

Mão amiga, profunda conhecedora destas «coisas» da Língua Portuguesa, «passou-nos» o «papelucho» que aqui reproduzimos. Parece que foi distribuído este ano pelos cafés Delta para assinalar o dia da mãe. O café do dia da mãe trazia, pois, anexa uma poesia impressa... Ideia simpática, esta! Não sei se perguntam às clientes se possuem a qualidade de mães para assim beneficiarem do presente?! Mas deixando de lado essas questões logísticas que só ocorrem a espíritos cartesianos, forma simpática de designar aqueles «tipos miudinhos» que reparam em tudo. Estão a pensar em quem, hein?!
Recuperando o fio à meada, a ideia é simpática, mas falhou o revisor do poema e um arreliador «prematuro» passou a «permaturo»...
Ora o Pólis&etc. acha que o comendador Nabeiro, que é um empresário que não esqueceu as suas raízes e até demonstra preocupações sociais de assinalar, cada vez mais invulgares nestes «opados» tempos, deverá, no próximo ano, ter mais cuidado quando oferecer poemas às mães... Porém, bem vistas as coisas, talvez seja melhor oferecer-lhes «permaturos» do que «prematuros», embora pela imagem que aparece à esquerda no «papelucho», não haja esse perigo...

16 de maio de 2006

O que os outros disseram ou Outra versão de «Tempestade num copo d'água»

É sempre reconfortante encontrar alguém que, mesmo não sendo da nossa cor clubística, aborde os fenómenos desportivos e também os epifenómenos desportivos da Pólis, ou seja, o «jogo jogado» e o «jogo falado» com lucidez e objectividade. Foi o que aconteceu na passada semana com António Mega Ferreira, um conhecido benfiquista, na Visão, ao fazer a análise da época da sua equipa. A que juntou a análise das declarações de Koeman, a propósito do jogo Rio Ave-Sporting. Aqui as transcrevemos, a propósito de uma tempestade num copo d'água:
«A deriva de Koeman atingiria, no entanto, o seu ponto mais alto após o jogo medíocre contra o Vitória de Setúbal (1-0), na penúltima jornada do campeonato: as insinuações de que a defesa do Rio Ave teria 'facilitado' a vitória do Sporting são, mais do que ridículas, chocantes. Não têm pés nem cabeça e, mesmo que tivessem, não podem ser proferidas por um treinador do Benfica, sem o apoio de sólidas evidências - o que não é, sequer, o caso».
Mais palavras para quê?

Vantagens desconhecidas do iberismo

Quando se volta a falar de iberismo no seio da Pólis, saiba que se comprarmos duas «pilas» espanholas, oferecem-nos outra grátis. E ainda que as «pilas» espanholas têm «larga duración» e «calidad garantizada»… Atenção que isto só é válido para as «pilas» do Vidal… É, porém, de admitir que com a concorrência, outros lhe sigam o exemplo…
E se outra vantagem não tem, a globalização traz-nos um maior contacto com outras línguas e com os «falsos amigos» espanhóis…

14 de maio de 2006

IRS: entregue pela net, mas vá...

Traumático e caricato é o mínimo que se pode dizer da minha primeira entrega de IRS pela internet. Foi na quinta-feira. É certo que perto do limite do prazo. Mas nada justifica o que se passou. Apenas, e só, uma maratona das 20H00 até às 23H30 para tentar proceder à entrega da declaração. Entrava-se na aplicação, preenchia-se tudo mas na hora de submeter a declaração, o PC crashava (boa palavra, esta). Ia tudo abaixo. Resultado, nova entrada e novo preenchimento. Tinha inclusive a declaração gravada em html mas tive de repetir o seu preenchimento vezes sem conta. O telefone de apoio às declarações electrónicas da Direcção-Geral dos Impostos (DGI), o 707 205 707, na quinta-feira à noite, permitia-me fazer a ligação, cobrando-me a respectiva taxa – é claro – e depois iniciava um sinal intermitente parecendo avaria. Ligo o 118 e dizem-me que aquele número é confidencial e que não podem dar qualquer informação sobre o mesmo, nem sequer se está avariado?!?!?! Sexta de manhã, nova odisseia com esse número e também com o número informativo da DGI, o 707 206 707. Resultado prático: só falei para a máquina que – literalmente - me deu música (e sempre a mesma: convinha variar de repertório)… Desliguei no final de algumas tentativas que, mesmo assim, duraram mais de uma hora. Em desespero, e já com o final do prazo a esgotar-se, telefono para o número informativo das Lojas do Cidadão e a funcionária – atenciosa e diligente – sugere-me que me dirija a uma das lojas e proceda, lá mesmo, à entrega, ainda e sempre pela internet. Mobilizo a família e a minha cara-metade vai lá tratar desse assunto. Resultado: o PC da funcionária faz vários crash semelhantes aos que aconteceram no meu. Talvez problemas com a password! Aventa ela. Desespero dela. No final de uma hora e de várias tentativas, lá se consegue submeter a declaração. A funcionária sorri e suspira. Quanto tempo perdido por cada uma das três pessoas envolvidas? Nem contabilizo. Parece-me claro poder deduzir-se várias coisas:
1.º A plataforma tecnológica que suporta a entrega das declarações electrónicas da
DGI funciona mal e não está preparada para certos afluxos de tráfego;
2.º A linha telefónica de apoio à entrega das declarações electrónicas da
DGI funciona mal e não está preparada para certos afluxos de tráfego;
3.º O call center ou seu equivalente da DGI, nas suas diferentes linhas, não está dimensionado para certos afluxos de tráfego, cobra chamadas e nem sequer informa sobre o tempo de espera;
4.º Apesar da tecnologia, perdi mais tempo este ano com a entrega da declaração de IRS pela internet do que nos anos anteriores em que procedi à entrega em suporte papel.
Por fim, regista-se este novo conceito de ir entregar a declaração pela internet presencialmente e com o papel na mão a uma Loja do Cidadão. É muito moderno e tecnológico, lá isso é…

9 de maio de 2006

A Biblioteca da Torre do Tombo!

Há lapsos indesculpáveis. Há informação básica de cidadania que ninguém, e sobretudo um jornalista, pode desconhecer. Ontem à noite, a «fava» calhou a Luís Costa Ribas, durante anos correspondente da SIC em Washington. Profissional competente e de «low profile, ontem escorregou de forma clamorosa. Escalado para entrevistar a vencedora do escalão mais jovem do Campeonato Nacional da Língua Portuguesa, parece-me ter encarado aquilo com a ligeireza de quem vai entrevistar uma adolescente vencedora de uma prova menor e um bocado bizarra, ligada a essas «coisas» da Língua. Ou seja, sem preparação, sem guião e sem fazer o «trabalho-de-casa». De onde - estava-se mesmo a ver - saiu grossa asneira. Descontando o tom paternalista e condescendente da entrevista, a dado passo, referindo-se ao prémio mais importante, a viagem à Biblioteca de Alexandria, disse, e cito de memória, «sempre é melhor ir à Biblioteca de Alexandria do que ir à Biblioteca da Torre do Tombo!». Alguém explique ao Luís Costa Ribas a diferença entre um arquivo e uma biblioteca, entre um documento e um livro e, já agora, entre o Arquivo Nacional e a Biblioteca Nacional. Pede-se…
A SIC também não fica isenta de culpas no «cartório» – que não o da Torre do Tombo. Porque raio não nomeou um jornalista ligado à área cultural para fazer aquele trabalho? Pois, para quê, se se tratava apenas - segue o estribilho - de entrevistar uma adolescente vencedora de uma prova menor e um bocado bizarra, ligada a essas «coisas» da Língua...

6 de maio de 2006

A importância de me chamar Freitas...

Andamos todos a clamar incessantemente contra o politicamente correcto, contra as declarações pré-cozinhadas dos políticos, bebidas nos programas dos partidos e/ou estudadas até ao pormenor por gabinetes de imagem e assessores de comunicação. Mas assim que um político adopta uma postura mais solta e mais espontânea, confessando em jeito corredio, numa entrevista, ao referir-se ao seu dia-a-dia no MNE, que tem de trabalhar 12 horas por dia e que tem problemas de coluna, aqui d’El-Rei e logo se pede a sua cabeça. Ora quando se faz uma exegese destas às declarações de alguém – note-se que estamos numa entrevista e não num artigo de opinião – isso só incentiva às declarações insonsas e milimetricamente estudadas. Vamos – é claro! – continuar a ter sempre mais do mesmo. Espero que o(s) jornalista(s) que fizeram a manchete de O Expresso nunca confessem que sofrem de dores nas costas e que, por isso, as respectiva(s) cabeças não sejam pedidas a Balsemão…
Cá para mim, porém, este é apenas mais um episódio da tragicomédia, há meses em cena, da peça A importância de me chamar Freitas…

2 de maio de 2006

Afinal vale mais parecê-lo do que sê-lo...

Sou um céptico. Porém, um céptico optimista. Contradição?! Talvez sim! Talvez não! Expliquemo-nos, então. Deslumbro-me sempre que vejo acções altruístas, corajosas e dignas por parte dos demais entes que connosco habitam este planeta. Isso alegra-me e faz-me acreditar no género humano. Fico sempre interiormente satisfeito quando as noto ainda que não se passem comigo e/ou que não me afectem. O problema é quando acontece o contrário e isso acontece muitas vezes. Às vezes em coisas ínfimas, bagatelas, a bem dizer. Aconteceu comigo de uma forma muito palpável no sábado passado, em que detectei – e acho que sou bastante sensível às variações da temperatura socioemocional – um tratamento diferente, mais atencioso, mais afectuoso, direi mesmo no limite do untuoso por parte de 3 ou 4 pessoas num determinado contexto que agora não vem ao caso. Neste nosso planeta, somos cada vez mais o que parecemos: o lugar que socialmente ocupamos, o estatuto profissional que detemos e cada vez menos o que intrinsecamente somos. E isso entristece-me. E aqueles que no sábado usaram aquele tratamento para comigo, não os desprezo, porque socialmente sempre se habituaram a estar curvados na vida… O mal é que sei que aquilo é contagiante… E os outros, os que não estão sempre curvados na vida, curvam-se, e bem, sempre que lhes for conveniente. Fá-lo-ão apenas de uma forma mais camuflada. Não se curvam, inclinam-se: o que faz toda a diferença, como se sabe… E a esses, interiormente, desprezo-os… A contrario sensu… Há que viver por cá… Espero que não pensem que sou um puro, porque desses só os havanos, ou já nem esses...
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