Um dia desta semana veio à conversa, na mesa do café, pela boca de uma amiga, a frase «filho de pai incógnito mas publicamente conhecido». Parece que era assim mesmo que, em tempos não muito remotos, os técnicos do Instituto de Reinserção Social chancelavam nos processos a paternidade das crianças à sua guarda. A expressão é em si mesma paradoxal. Ainda veio também à baila o caso conhecido e há algum tempo bastante discutido de Eça de Queiroz, este filho de «mãe incógnita». Aqui, mais do que a expressão, é a situação que é paradoxal. Mas o que não deixei de pensar, naquele momento, foi no opróbrio social que aquele ferrete - «filho de pai incógnito» ou «filho de mãe incógnita» - tinha para os cidadãos da Pólis. O quanto, Deo gratias, mudaste, ó Portugal.
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